XI

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Já era madrugada quando retornamos ao hotel, todos estavam hospedados no mesmo corredor, mas o elevador estava cheio, então Castiel e eu ficamos esperando pelo próximo no saguão, enquanto os outros seguiram para seus quartos.

- Foi um prazer te conhecer Ari! - Diana me abraçou animada. - É bom ter outra mulher pra conversar e não somente um bando de ogros.

- Ai. - Natan pôs a mão no peito após o comentário da amiga. - Você me magoa tão fácil.

- Deixa de ser idiota. - Ela lhe deu um tapa.

- Boa noite Ari. - Natan me deu um abraço. - Nos vemos amanhã.

- Boa noite. - Joe murmurou e foi o primeiro a entrar no elevador.

O pessoal seguiu e eu fiquei no hall do hotel com um Castiel calado demais para o meu gosto.

- Oi. - Encostei meu ombro no dele.

- Oi. - Ele me olhou com um sorrisinho.

- O que você tem?

- Nada. - Ele deu de ombros.

- Até parece, você não é calado assim.

- Não é nada. - O elevador chegou e nós entramos. Eu sabia que havia algo o incomodando e odiava quando ele fazia esse joguinho de não me contar as coisas.

Entrei no elevador calada e assim permaneci. Castiel me olhava de soslaio, desconfiado, parecia um cachorro que havia aprontado algo, ele sabia bem que eu não falaria nada até me contar o que estava acontecendo.

O elevador chegou em nosso andar e eu saí apressada antes dele, enquanto procurava o cartão do meu quarto na bolsa pude ouvir seus passos atrás de mim.

- Ei gata. - Eu não respondi. - Ari.

- Meu nome é Ária. - Falei com ele do mesmo modo que ele falou com Natan.

- Desculpa. - Ele disse assim que achei o cartão e abri minha porta.

- Pelo quê? - Entrei no quarto e olhei pra ele.

- Pelo meu comportamento. - Ele parou na soleira s porta. - Me incomoda ver você fazendo amizade com outras pessoas.

- Sério isso? - Esbocei um sorriso com tamanha besteira.

- É sério, você já viu o modo como é capaz de conquistar todo mundo? Você é inacreditável.

- Deixe de besteira, seu idiota.

- Foi idiotice mesmo, mas fiquei com ciúmes. - Eles pôs as mãos nos bolsos e baixou a cabeça. Era a segunda vez no dia que eu via Castiel envergonhado.

- Você é muito besta.

- Ta. - Ele riu. - Boa noite. - Se inclinou e me deu um beijo na bochecha. - Qualquer coisa, estou no quarto ao lado, é só me procurar. - Castiel disse isso no meu ouvido e me causou arrepios.

- Boa noite gatinho. - Lhe dei um beijo no pescoço.

Castiel se afastou de mim com um sorrisinho de lado e seguiu para o quarto ao lado, que era o seu. No meio do caminho o vi negar com a cabeça, como alguém que tenta afastar algum pensamento recorrente.

Fechei a porta do quarto e me permiti respirar, só aí percebi que estava segurando a respiração e não sei por quê. Castiel pareceu usar um tom ambíguo quando me disse para procurá-lo caso precisasse, era a primeira vez que ele usava esse tom comigo. Todas as vezes ele me dizia frases com segundas intenções, mas não havia uma entonação sacana. Confesso que só essa atitude me deixou um pouco nervosa e até excitada eu diria, não sei se foi o efeito da bebida que o fez agir assim, mas me causou arrepios, se foi proposital, ele alcançou seu objetivo.

Castiel tem mostrado pequenos sinais de mudança em relação a mim, ao modo como se comporta comigo, nada de ruim, apenas um sutil mudança que indica que há algo por trás, mas não dei muita importância, meu amigo era um cara inconstante e estava um pouco bêbado, assim como eu.

- Bêbados e crianças são as únicas pessoas cem por cento sinceras. - Rosalya disse antes de desligar a chamada que estávamos fazendo.

- Você ta vendo muita novela. - Sorri.

- Você vai dar pro Castiel nessa viagem. - Ouvi ela batendo palminhas. - Sempre sonhei com esse acontecimento.

- Rosa! - A repreendi.

- Ari, desculpa, mas vocês dois tem um química capaz de deixar qualquer pessoa ao redor excitado também. É algo super quente, vocês são uma coisa de outro mundo.

- Você exagera.

- Vocês vão ser um casal extremamente quente, eu vou adorar ver isso.

- Ai Rosa, vou dormir, ta tarde e você ta viajando.

- Escreve o que eu disse e sonhe com Castiel sem roupas na sua cama. - Ela soltou uma risada e desligou antes que eu pudesse lhe dar uma resposta.

Não posso negar que Rosalya pode ter razão, se Castiel decidir que vai me provocar como fez hoje, eu realmente não vou conseguir resistir e nem vou querer. Sinto medo de acabar com nossa amizade, mas tem algo queimando em mim e quando ele chega perto, esse fogo é alimentado.

Por um momento, antes de adormecer, meus pensamentos voaram até o homem de cabelos incrivelmente loiros que um dia eu achei que seria o amor da minha vida. Me permití pensar em como ele estaria, se já havia voltado a sua vida normal, se decidiu ficar com a garota com a qual me traiu, pra pelo menos fazer valer a pena perder uma mulher como eu.

Eu já não sofria tanto, ainda não passou muito tempo e eu já não choro todos os dias no banheiro, o que me fez pensar que talvez eu tenha me empenhado tanto em reconquistar o Nathaniel que não parei para analisar meus sentimentos. Era óbvio que eu ainda sentia algo por ele, mas errei ao pensar que seria do mesmo jeito que foi no ensino médio, as coisas que sofri enquanto tentava tê-lo de volta foram me mudando, me moldaram em uma pessoa diferente, talvez até melhor. Se eu não tivesse sofrido o que sofri antes dele me trair, se não tivesse havido nenhuma decepção, eu podia estar completamente arrasada agora, no fundo do poço novamente, como fiquei a seis anos atrás.

Bem, as coisas estão tão mudadas que eu tenho sentido coisas pelo meu melhor amigo e começando a achar que ele talvez possa sentir algo por mim também, espero que não seja só a mente de uma garota que foi traída e precisa desesperadamente superar isso.

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