- Como ele entrou aqui? - Castiel estava bravo.
- Não sei.
- Por quê o deixou entrar? Sempre que o vê acaba magoada.
- Ele veio pedir perdão.
- Você perdoou? - Ele tirou a camisa e se jogou no sofá.
- Sim. - Me sentei em seu colo e lhe abracei. - Mas nunca irei voltar pra ele.
- Assim ele não pode te machucar de novo. - Ele soltou um longo suspiro e me abraçou com força.
- Sim. - Meu coração pesava um pouco com a despedida de agora a pouco, mas meu espírito estava leve e tranquilo, sabia que aquilo tinha sido necessário.
Agora eu seguiria outro caminho na minha vida, sairia por aí com Castiel e a banda, conheceria lugares e pessoas novas, ganharia novas experiências para contar à minha futura sobrinha e voltaria sendo uma nova pessoa. É inevitável continuar sendo a mesma pessoa depois que se passa por uma fase difícil, nós mudamos, mesmo não querendo ou não percebendo.
Esse momento de despedida com Nathaniel foi como o fechamento de uma porta de vidro, eu podia ver claramente o que teria do outro lado se resolvesse entrar por ela, mas eu não queria mais o que estava vendo. O processo de superação de um amor como o meu com Nathaniel é lento, nós estamos nessa história desde o colegial e vivemos muitas coisas, é difícil convencer o meu corpo, que já estava acostumado com sua presença, de que será melhor sem ele.
Castiel estava vindo dormir aqui todas as noites, ele conversava comigo sobre o fim conturbado do meu relacionamento e me dava conselhos legais, embora não pareça, ele já teve sua cota de sofrimento por amor, sabe como é estar na minha pele. Os dias para a viagem estão contados, meus pais, por incrível que pareça, acharam uma boa ideia eu tirar um tempo só para mim, ainda mais por que estarei o tempo inteiro com Castiel ao meu lado, devem estar se sentindo no paraíso.
Minha vida estava a maior loucura desde que voltei para cá, não consegui ter duas semanas seguidas de paz, toda a história com Nathaniel pareceu tomar completamente o meu tempo e tirar totalmente a minha atenção de outras coisas importantes.
- Sabe que vai ficar tudo bem, não sabe? - Castiel beijou o topo da minha cabeça.
- Sei. - Me aconcheguei em seu peito.
- Nós vamos viajar, conhecer vários lugares novos e esfriar a cabeça de toda essa merda.
- Obrigada, viu? - Lhe dei um beijo no peito.
- Pelo quê? - Ele se fez de desentendido.
- Por tudo. - O encarei e ele sorriu.
- Ainda não entendeu que eu faço tudo por você? - Ele me encarou e acariciou meu rosto.
- Talvez. - Eu passei a ficar sem graça quando ele me encarava. Ainda não sei bem a razão disso, mas todas as vezes que Castiel foca seu olhar em mim, meu corpo esquenta e tenho a impressão de que meu rosto está quente e vermelho.
- Se acostume, eu não vou à lugar nenhum.
- Por quê faz tudo isso por mim? - Essa era a pergunta que se passava em minha mente desde que, repentinamente, descobri que Castiel pode sentir algo por mim e pode vir sentindo isso há anos e eu nunca percebi.
- Por quê você também faz por mim. - Ele riu. - Por quê eu amo você, gata.
- Me ama tanto assim? - Brinquei.
- Sim. - Seu sorriso se alargou. - Você vai ficar chocada, mas um dia, pode descobrir como é fácil se separar das pessoas pra sempre. Quando você encontra alguém que quer manter por perto, tem que fazer algo a respeito.
- Você é incrível. - O que ele disse me emocionou, talvez por causa do turbilhão de coisas que estão acontecendo na minha vida sentimental, ou simplesmente por quê o que ele disse é verdade. Quando encontramos alguém que queremos manter por perto, fazemos algo a respeito e isso é automático, nós simplesmente fazemos.
A coisa com Castiel era sempre assim, ele nunca pensava se devia ou não, fazia o que tinha vontade. Ele tinha a atitude que muitos homens precisavam desenvolver com o tempo, algo que, geralmente, as mulheres ensinam durante o relacionamento. É o partido perfeito, por que sempre teve essa atitude para tudo, independente se o assunto fosse mulher ou qualquer outra coisa, ele metia a cara e fazia, sempre achei isso incrível. Ter atitude o tornou um pouco impulsivo, o que sempre lhe trazia problemas, mas foram essas situações, que o forçaram a se virar sozinho e hoje ele não recorre a ninguém além de si mesmo para resolver os próprios problemas, muitas vezes resolve até os meus.
Seus pais não planejaram tê-lo, aconteceu, o que não significa que houve falta de amor. Os pais do Castiel são loucos por ele e até hoje fazem de tudo pelo filho, mas como sua mãe era aeromoça e seu pai piloto de avião, não tinham tempo para ele. Foi criado por uma governanta pela qual ele tem mais afeto do que pela própria mãe, seus pais lhe deram tudo que podiam dar quando se tratava de bens materiais, mas faltou atenção e afeto.
Essa atenção e afeto, ele encontrou na minha família, mesmo sem querer. Me lembro como se fosse hoje da primeira vez que levei Castiel na casa dos meus pais, teríamos que fazer um trabalho da escola juntos e pela primeira vez na vida ele estava realmente fazendo um trabalho da escola, por que eu o obriguei. Na verdade, acho que ele foi por que, no fundo, sabia que ia ser legal, afinal, eu sempre recebia as patadas que ele me dava com um buquê de flores e beijinhos. Em algum momento se tornou impossível pra ele me afastar, eu simplesmente estava lá.
Minha família sempre foi muito acolhedora, Castiel ficou um pouco assustado, não tinha muito contato familiar com ninguém e seu único amigo era o Lysandre, mas, depois de alguns meses convivendo com minha família, ele se acostumou. Ele foi mudando gradualmente, por si mesmo, percebendo algumas coisas que ele não percebia em sua casa e adotando elas, fez mais amigos, que são os nossos amigos até hoje e se tornou uma pessoa mais suportável. Para mim, ele sempre foi um cara legal, quando estávamos conversando sozinhos, ele deixava as guardas baixas, era engraçado quando ele percebia que estava me tratando bem, por que ficava emburrado e tentava ser rude novamente, mas não conseguia. Nossa amizade só se fortaleceu durante a escola, o único momento em que fiquei afastada dele foi quando comecei a namorar Nathaniel, até hoje me arrependo e me sinto culpada por ter tomado essa decisão tão idiota.
Mas hoje nós estamos aqui, na sala da minha casa, abraçados e eu não gostaria de estar em nenhum outro lugar. Corro o risco de parecer hipócrita, mas realmente não me sinto com outras pessoas do mesmo jeito que me sinto com ele. Castiel me leva nas nuvens e fica lá comigo, os outros me deixavam lá sozinha ou me faziam cair.
Não posso estar me apaixonando pelo meu melhor amigo em tão pouco tempo.
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You are the reason
FanfictionTenta não se acostumar, eu volto já, me espera. Segundo livro da série de amor doce. Por favor, leiam Back to me antes.