XXVI

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Castiel LeBlanc

Eu descobri uma coisa noite passada, uma coisa importante. Eu estou completamente, perdidamente e loucamente apaixonado pela minha melhor amiga. E eu não sei o que fazer com essa informação que minha mente acabou de me revelar, eu simplesmente não sei o que vou fazer da minha vida. Não que eu não soubesse o que sentia por ela, mas eu fiquei muito bom em enfiar esse sentimento bem no fundo da minha mente, acontece que agora eu simplesmente não consigo mais. É como tentar empurrar uma boia para o fundo de uma piscina, ela volta com mais força bem na sua cara.

O tempo que passamos na Espanha foi crucial pra desenterrar totalmente esse sentimento, dormir juntos, sair pra jantar, dançar, respirar perto dela. Tudo que eu queria fazer era beija-la, dizer pra ela tudo que sinto e esperar pra ver qual seria sua reação. Mas eu tive medo, pela primeira vez em muito tempo na minha vida, eu tive medo. Qualquer erro poderia me fazer perder não só ela, como nossa amizade e eu não saberia lidar com isso. No fundo, Diana, Natan e Joe estavam certos, eu estou de quatro por ela e não sei como lidar com isso, mas vou precisar aprender, por que não poderei viver nesse dilema pra sempre, principalmente com ela estando tão perto de mim, tão dentro do meu alcance.

- Pra onde nós vamos agora? - Ela me encarou com seus lindos olhos cor de mel, um contraste único com meus olhos cinza.

- Londres. - Ela fez um biquinho, que indicava que não ficou muito feliz com nosso rumo. Tive vontade de lhe beijar. - Não gostou?

- Lá é muito frio. - Deu de ombros.

- Eu te esquento. - Eu não sei por quê disse isso, desde que minha mente decidiu destravar o fato que eu gosto da Ari, tenho soltado frases assim sem nem perceber.

- Quanto tempo vamos ficar lá? - Ela demorou um pouco pra responder e percebi que ficou vermelha.

- Só temos um show lá, você vai passar pouco frio.

- Eu nunca passo frio. - Ela respondeu simples.

- Como não?

- Estou sempre coberta de razão. - Me pegou. Ária me olhou com uma cara brincalhona e começou a rir.

- Palhaça. - Puxei seu cabelo.

- Bobão. - Ela me deu língua. Quem da língua pede beijo.

Passamos horas dentro do avião e enquanto Ária dormia tranquilamente no meu ombro, eu não consegui pregar os olhos. Penso no que ela pode sentir por mim, se é que ela sente algo por mim no mesmo nível do que eu sinto por ela, eu precisava descobrir, decifrar os sinais. Eu sempre fui muito bom em decifrar ela, só de ver suas reações eu já sabia o que se passava na cabeça dela, mas agora, eu não sei de mais nada, mal consigo entender o que ela fala. Me sinto um idiota completo.

Passei a perder muito tempo apenas a observando, sempre que ela dormia, ou estava distraída com algo, lá estava eu, prestando atenção em seus mínimos detalhes, eu a achava linda, da unha do pé até os poros do rosto e eu sempre achei isso, desde o primeiro dia que a vi. Me lembro como se tivesse acontecido ontem, Ária entrou na sala de aula com seus longos cabelos castanhos e grandes olhos inocentes, ela ficava um pouco acuada quando falava comigo e eu me divertia com isso. Me aproximei por que adorava ver a garotinha tímida ficar vermelha com meus comentários e recuar sempre que eu dava um passo a frente, mas quando me dei conta, estava completamente envolvido por ela e por tudo que a envolvia.

Eu me perdi em meu próprio personagem e quando parei para reparar, ela já havia me envolvido com sua doçura e sua insistência extremamente irritante. Me vi preso orbitando ao redor dela e não conseguia me afastar de maneira nenhuma, muito pelo contrário, quando eu não estava perto dela, sentia uma abstinência que não passava. Fui acolhido e aceito pela família dela, que sempre diziam querer nos ver juntos e nós dois negávamos, mas no fundo eu sabia que isso era tudo que eu queria. As coisas com ela eram fáceis, eu não precisava pensar, só fazia e quando vi, a escola inteira nos olhava como se assistisse a uma fanfic ao vivo e eu não conseguia parar. Sou apaixonado por minha melhor amiga desde o ensino médio e reprimi esse sentimento por mais de dez anos, eu acho que preciso de tratamento psicológico.

Minha atenção se voltou para a moça pequena que dormia apoiada em mim por quê ela se mexeu, encolheu suas pernas na poltrona e me abraçou com mais força. Deixei um beijo no topo de sua cabeça e voltei minha atenção para a janela do avião. A mulher que dormia ao meu lado era totalmente diferente da menina que eu irritava no ensino médio, ela havia perdido o olhar ingênuo e já não recuava mais quando eu me aproximava, agora ela me fazia recuar e isso me excitava. Um dia eu a beijei, simplesmente não consegui lidar com a distância mínima que existia entre nós, sua boca estava tão próxima da minha, seu corpo tão perto do meu, tudo que eu queria era joga-la pra dentro de um dos boxes daquele banheiro e transar com ela ali.

Eu nunca esqueci do sabor daquele beijo, que ela retribuiu. Não sei dizer se as pessoas retribuem beijos por impulso, mas quero pensar que não, que ela retribuiu meu beijo por quê quis, por que gostou. Eu espero que ela tenha gostado, esse assunto nunca mais foi falado entre nós, mas já tive muita vontade de repetir esse beijo, foi preciso muita força de vontade pra me controlar. Ainda não tinha certeza sobre o que sentia por ela, por que ainda não tinha admitido isso pra mim mesmo.

- Nós já estamos chegando? - Ela perguntou manhosa, ainda com os olhos fechados.

- Ainda estamos um pouco longe.

- Me acorda antes de pousarmos. - Ela escondeu seu rosto e meu pescoço e deixou um beijinho, arrepiou todos os meus poros.

- Tudo bem, amor. - Passei meu braço por sua cintura e a puxei para mais perto de mim.

O efeito que Ària tinha sobre mim era inebriante, quase com um efeito em cadeia que deixava todo meu corpo em alerta, pegando fogo. Preciso descobrir logo o que ela sente por mim, por que agora que tenho meu caminho livre, não pretendo me segurar por mais tempo. Eu quero essa mulher pra mim.

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