LXI

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Castiel LeBlanc

As coisas eram difíceis sem a presença da Ária. Eu sentia falta dela todos os dias, eu aceitei a separação por quê sabia que era o melhor pra ela. Se continuasse me acompanhando, ela não teria como dar seguimento em sua carreira, não se realizaria profissionalmente e eu estava com a agenda tão cheia que mal conseguia respirar, não tinha tempo para dar a atenção que ela merecia e que eu gostaria de dar. Eu queria que ela fosse feliz, independente de ser comigo ou não. Mas estava difícil demais, meu coração era só dela e eu não conseguia lidar com a vida da maneira certa sem ela. Eu não imaginava que seria tão ruim. Queria que ela realizasse suas metas, ela abriu mão de tudo por mim, eu não podia continuar sendo egoísta. O único problema era que estar perto dela sem estar lhe beijando ou segurando sua mão era muito difícil.

Todos os anos eu a via no aniversário do Dylan, era sempre difícil estar perto dela sem ser como seu namorado. Eu tinha medo de chegar na festa e vê-la com outra pessoa, alguém mais presente na vida dela e do Dylan,  que pudesse dedicar a ela o tempo que eu não pude dedicar. E esse medo aumentava principalmente quando eu via o idiota do Nathaniel perto dela, eles eram amigos novamente mas eu via o olhar dele sobre ela, é o mesmo olhar que eu tenho. Só que ele perdeu ela por uma merda que fez, eu a perdi por falta de tempo.

Ela estava tão linda quando cheguei ao seu apartamento, toda babona tirando fotos do Dylan, o moleque estava enorme. Fico todo sem graça quando a vejo, nervoso e sem saber o que falar, volto a ser um adolescente besta. Era uma pena o meu afilhado não deixar tempo sobrando para que converse com ela, consigo saber como as coisas estão realmente só observando sua reação. Ela estava linda com o cabelo preto,  acho que ela ficaria linda até careca, mas o preto realçou a cor de mel dos seus olhos.

Eu estava ensinando Dylan e seus amigos a tocar guitarra quando vi a minha mulher perto do Nathaniel. Ela sorria e ele a olhava como um idiota, tenho certeza de que ele ainda é completamente apaixonado por ela, da pra ver o brilho nos olhos quando ela sorri.

Era uma cena patética, minha mulher entretida com um passarinho e ele todo derretido por ela

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Era uma cena patética, minha mulher entretida com um passarinho e ele todo derretido por ela. Que ódio. A pior parte é que eu não podia fazer nada, eu não podia impedir que ela se relacionasse com outra pessoa, por mais que eu me mordesse de ciúmes, por mais que eu a quisesse de volta, não poderia pedir que ela abrisse mão da vida dela por mim novamente. Por mais que ela fosse a minha vida.

Saí do aniversário do Dylan morrendo de medo e saudades. Eu amo a Ária, ela é tudo que eu sempre quis, em qual momento eu aceitei abrir mão dela assim? Vê-la tão perto do Nathaniel novamente me fez cair na realidade, eu não posso ficar sem ela e não por quê não aguento ver ela com outro, mas por quê eu sei que nós fazemos e sempre faremos parte da vida do outro, não conseguimos nos afastar e inegavelmente acabaríamos juntos novamente. Por quê adiar?

Eu não aguentava mais. Um ano separados foi muito mais do que todo o tempo que passamos afastados desde o dia em que nos conhecemos. Eu não me contentava mais com o fato de sermos só amigos, isso já havia passado. Sempre que eu a via, era como se nunca tivesse me separado dela, tinha o impulso de chamar ela por apelidos carinhosos que usávamos um com o outro. E eu via que ela também sentia o mesmo, no abraço, no toque, na intimidade que se restaurava em nós a partir do momento em que sentávamos juntos. Eu precisava me lembrar a todo momento de que não estávamos juntos, pra controlar os impulsos.

- Quer levar bolo? - Ela perguntou quando entrei na cozinha. Estava guardando o que havia sobrado nas bandejas.

- Eu sempre levo, a seis anos. - Eu ri.

- Vou colocar em uma vasilha pra você.

- Você ficou linda com essa cor de cabelo. - Me aproximei dela e percebi que ela prendeu a respiração.

- Obrigada. - Ela pôs o cabelo atrás da orelha.

- Dylan está enorme. - Comentei sem graça.

- Não está? - Ela se animou. - Ele é louco por você.

- Parece que pelo Nathaniel também. - Suspirei.

- Nathaniel ensina boxe pra ele. - Ela comentou.

- E é bem mais presente do que eu.

- Ele sabe por quê você não está aqui sempre, ele ama ter um padrinho famoso. Conta pra todo mundo na escola.

- Eu ando perdendo muitas coisas.

- Depende do ponto de vista.

- O quê?

- Você ganha muitas coisa quando viaja o mundo.

- Nada tão importante quanto as coisas que venho perdendo.

- Toma. - Ela me entregou a vasilha cheia de bolo e doces. - Pra adoçar sua vida.

- Obrigada. - Sorri. - Senti falta disso.

- Do quê? - Ela começou a fazer outra vasilha de doces.

- Dessa vida. - Isso era verdade. - Eu me sinto seguro quando estou aqui.

- As portas estão sempre abertas pra você.

- Eu sei. - Mas não como eu quero.

Deitei na cama vazia do meu apartamento vazio e percebi que essa não era a vida que eu queria. Eu queria a minha vida com a Ária de volta, a luz, a alegria e o amor que ela me trazia. Eu não quero viajar sozinho, não quero voltar para o meu apartamento sozinho, eu não quero seguir a minha vida sozinho. Eu, definitivamente não quero seguir minha vida sozinho. Ainda não sei o que vou fazer, mas eu vou pegar a minha mulher de volta, existem poucas coisas que são mais importantes do que o amor na vida. É muito fácil se afastar de segue que você gosta, é preciso fazer algo a respeito.

A vida perdeu a graça sem ter ela para dividir comigo e eu não quero ter que lidar com esse arrependimento.

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