66 - segredos

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Amigos não mentem.
— stranger things.


[...]


— Você só pode estar brincando, cara. - meu tom saiu sério, cruzei os braços encarando Gabrielly na minha frente.

— Me dê um motivo sobre eu mentir sobre isso? - perguntou, irônica, passando a mão sobre os olhos vermelhos. De choro que não era.

— Jade jamais esconderia isso caralho, não faz sentido. - diminui o tom de voz meio perdido. Notei alguns olhares em nós na recepção do hospital e me afastei para um canto, vendo ela me seguir.

— Ela não quer preocupar Nicole porque a mina tá querendo ir antes do previsto para Nova York, - começou a dizer e fiz uma expressão confusa. Ela não iria no final do ano? — pelo visto apesar de pagarem de serem tão amigos o grupinho de vocês mente pra porra ou esconde algo entre si. - riu baixo.

      Respirei fundo tentando controlar a raiva que estava crescendo, Gabrielly consegue tirar qualquer um do sério com esse cinismo.

— Continua o que você tava falando logo, Gabrielly. - encarei o chão. Sentindo uma preocupação no peito em relação a minha melhor amiga.

— Fora que ela não quer atrapalhar a tal viagem que elas irão fazer... Ou talvez, apenas Nicole, Luana e Lívia vão. E eu acho que ela não quer preocupar o Thiago... - falou séria. — A cirurgia é daqui dois dias, estou te contando para você tentar convencer a cabeça dura da sua amiga que essa galera precisa saber do risco dessa cirurgia para ajeitar as costelas. Se perfurar o pulmão, ela morre, Otávio. - disse. As palavras me atingiram em cheio e tive que fechar os olhos. — Acabei de te mandar as fotos dos documentos que meus pais e ela já assinaram em relação a consentimento sobre os riscos.

    Senti a presença de Gabrielly ao meu lado. Fedia a cigarro e por alguns segundos, senti certo empatia pelo caminho merda que ela está mas, não sou eu que vou mudar isso.

— Porra, eu vou dar meus pulos. Vou tentar falar com a Jade amanhã mesmo, eles precisam saber... Caralho, como eu odeio aquele cara. - apoiei minhas mãos no joelho sem abrir os olhos. Meus pensamentos direcionaram a Luana, algo doeu em mim porque eu sabia que isso ia mexer demais com ela.

— Eu também o odeio, as minhas atitudes são uma merdas, só que eu juro, eu não morro antes de ver ele pagar por tudo que fez com a minha prima. Querendo ou não, ela e meus pais são os únicos que um dia já me importei. - falou sincera. Abri os olhos, ergui meu corpo e a encarei.

— Espero que vocês duas tenham a chance de se resolver.

— Eu também. Eu também espero que um dia eu peça perdão verdadeiramente e ela aceite.

— Por que não agora? - tirei o boné passando a mão nos meus cabelos recém crescidos.

— Porque eu sinto que ela não consegue me perdoar ainda. Estou indo para casa, e lembre-se: - ela me encarou séria. — a chance dela sobreviver é mínima, eu posso ser escrota mas ainda assim acho que vocês merecem saber disso, por isso, só por isso, contei.

— Darei um jeito. - disse sério.

— Sei que sim, a tua marra quase fez com que eu me apaixonasse por você. - piscou, com um sorriso.

Conexão || Tavin McOnde histórias criam vida. Descubra agora