46 - São Paulo × Berlim

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O rumo da sua vida
só depende
– unicamente -
das suas escolhas.

|•••|


            Olhei as horas em meu celular. Marcava onze e meia no relógio e ela continuava a me abraçar, ainda dormindo. Nem cochilei, só fiquei ali quieto na minha pensando no quanto essa garota se tornou importante na minha vida. A porta do quarto foi aberta e vi Nicole entrar meio abalada mas melhor do que mais cedo.

- O almoço tá pronto, ela não comeu nada acho melhor acordar ela. - falou baixinho olhando pra mim.

- Beleza, vou acordar ela aqui e já já a gente tá lá. - respondi no mesmo tom.  

       Ela suspirou passando a mão no cabelo da amiga se retirando do quarto de novo.

          Com cuidado pra não assustar Luana fiz carinho no seu cabelo beijando sua testa. - Minha linda, acorda. - falei baixo no seu ouvido, meu tom saiu meio rouco, ela se arrepiou abrindo os olhos. - O almoço tá pronto, vamo' comer um pouco?

        Lua ergueu o corpo toda mole, sentei na cama vendo o olhar dela em mim. Com cuidado segurei seu rosto com as duas mãos olhando atentamente o machucado pequeno em sua boca.

- O ca-cara meu deu um tapa. - falou nervosa percebendo o que eu tava olhando.

        Acariciei seu rosto com os dedos beijando sua testa sentido a dor no meu peito voltar na hora. Nem respondi nada, deixei um selar de beijo bem devagar e rápido onde estava machucado voltando encarar ela nos olhos. Por segundos sua boca formou um sorriso pequeno.

- Seu sorriso é lindo. - sussurrei fechando os olhos juntando nossas testas novamente. Ficando em silêncio, ela soluçou baixo segurando forte minha mão.

- Você avisa aos outros que eu vou banhar? - perguntou depois de um tempo com a voz fraca pelo choro. Nos afastamos.

- Aviso pô, a gente te espera lá. - falei olhando ela limpar as lágrimas.

        Levantei segurando sua mão, juntos, saímos do quarto e Lua se separou de mim entrando em outro cômodo. Suspirei caminhando até a sala vendo Krawk, Nicole, Lívia e Leozin ali.

- Cadê os outros? - perguntei passando a mão no rosto me sentando num sofá.

         Bati meus olhos na Lívia, namoral nunca vi a mina tão abalada. Nem parecia a mana que bate de frente com geral e não se deixa abalar pela negatividade. Ela estava no colo de Leozin parecendo cansada pra caralho.

- Foram comprar açaí pra Lua e buscar uns doces pra Lívia. - Krawk respondeu. Desviei meu olhar do casal querendo perguntar logo qual a porra da história.

- A Lua foi banhar e já vem, - avisei, acenei com a cabeça apontando pra área externa da casa e me levantei sendo seguido por Nicole e Wally.

- Foi uma parada sinistra irmão - ele começou falando. Escorei numa  pilastra. - a Nicole e a Jade foram no bar e na hora senti Leozin me puxar, eu não tava entendendo nada mais, foi aí que ele falou que viu uns cara seguindo as duas - conforme ele falava mais meu sangue fervia. - na hora a gente já sacou, mas rolou uma briga e demoramos um pouco pra chegar até o caralho do banheiro...

- Não, não chegaram a estu-estuprar elas. - a ruiva apressou em dizer, nervosa. Suspirei fundo, isso não diminuiu minha ira mas aliviou a dor no peito, um pouco.

- Quando a gente chegou lá a nossa única reação foi quebrar esses vermes na porrada - Krawk voltou a falar e por segundos vi sua pupila mais escura. Puro ódio. - Luana sangrava e a Lívia teve um ataque de pânico na nossa frente enquanto os cara sangrava no chão.

- Estão mortos? - fui direto. Ele negou parecendo desapontado com a possibilidade de estarem vivos. - Presos?

- Sim mas são filhos de empresários e fazendeiros, você conhece a justiça do país Tavin e sabe o que vai rolar: Não vai rolar nada. - disse Nicole apreensiva.

- A única coisa que a gente fez antes de voltar foi levar elas no hospital, Luana não abria a boca pra nada e namoral eu acho que ela vai voltar pra Berlim cara! - falou preocupado.

- Caralho mano, mas que porra. - comecei a falar nervoso. - Já mandaram o papo pro pai da Lua e os pais da Lívia? Um é  rico e os outros são milionários. Tem que usar o dinheiro e o poder deles a favor disso po. - conclui mais sério.

- A gente já fez isso, vai ser briga de cachorro grande mas ainda assim, esses caras vão acabar se safando. Os pais da Lívia estão de conferência em Paris mas vão voltar hoje, estão putos pra caralho e Lucas tá aqui em Brasília na delegacia, mas pediu pra não falar nada pra Luana. - Krawk falou tão sério quanto eu.

- E a mãe dela?

- Lua pediu pra não contar - a ruiva voltou a dizer. - disse que é capaz da Luna vir pro Brasil e não quer preocupar a mãe...

- Ela não vai contar? - perguntei vendo a merda que vai dar se ela descobrir depois.

         Esconder bagulho de mãe é jogo perdido.

- Disse que vai quando voltarmos pra São Paulo hoje a noite. - ele falou suspirando fundo. Vi Leozin se aproximar com a cara fechada ainda.

- Namoral, eu devia ter matado aqueles caras nunca vi ela daquele jeito, que dor da porra. - falou puxando uma cadeira olhando pra gente e se sentando.

- Já é a segunda vez que isso acontece com a minha irmã enquanto eu tô responsável pela menina, vai tomar no cu. - Krawk falou, fiquei um pouco surpreso dos seus olhos encherem de água. Ele negou com a cabeça se afastando dali.

- Isso não é culpa dele, nem sua Leozin e nem de ninguém a não ser daqueles filhos da puta. - Nicole falou séria indo atrás do namorado.

- Nunca pensei que ia ficar mexido dessa forma vendo a Lua chorar por maldade. - admiti baixo pra Leozin fechado os olhos.

- É a mesma parada de enfiar uma faca no peito, eu te entendo cara. - riu fraco.

        Abri meus olhos olhando pela janela de vidro da cozinha Lívia e Luana se abraçando na sala.

- Essa é uma definição válida. - respondi. Ele se levantou.

- Vim pra cá pra deixar elas terem esse momento, acho que podem se ajudar melhor do que eu. Não sei como Lívia se sente de verdade... - respirou fundo.

- Acho que é bom mesmo, deixarem elas terem esse momento. - bati de leve minha mão em seu ombro em forma de apoio. O cara ficou em silêncio. - Acho que tô sentindo uma parada muito louca por essa mina, Leozin. - disse do nada mesmo.

       Não aguento isso martelando tanto na minha mente.

- Quer que mande a real ou é pra eu ficar calado?

- Manda a real, e não faz curva. - pedi. Ele me encarou sério.

- Se você e ela continuar nessa de fingir que nada tá rolando o único futuro de você dois é ficar longe um do outro cara e não tô nem falando de distância. - jogou na cara sincero pra mim.

- Mas eu nem tô ligado no que eu tô sentindo po, tô confuso. - falei meio nervoso.

- Conversa com ela ue, foi ela que me aconselhou a bater o papo com a Lívia. O foda é que vocês não seguem o que vivem dizendo pros outros. - negou com a cabeça.

    Gostando ou não Leozin tava certo pra caralho. - Valeu pelo papo. - agradeci na sinceridade.

- Que isso, tamo junto. Agora vamo entrar que a galera chegou, vou ver se consigo fazer a minha mulher comer alguma coisinha. - falou preocupado. Nem respondi só seguindo ele pra dentro da casa.


         Olhei na direção que Luana estava e ela encarou de volta com o mesmo olhar vago e triste da madrugada. "Acho que ela volta pra Berlim" – a voz do Krawk bateu na minha cabeça como um soco. Caminhei até a garota torcendo para que ele estivesse errado.

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Oi meus amô! Mais um pra vocês. Gratidão por lerem.💛

Meu coração está tão apertado com tudo isso.🥺

Conexão || Tavin McOnde histórias criam vida. Descubra agora