81 - perdição

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Porque a vida não é ideal. Ela faz curvas. Ela tira a gente do eixo e nos coloca de volta em questão de instantes.
Uma farsa de amor na Espanha – Elena Armas.

• L U A N A •

  Encarei o buquê com um sorriso, depois de rir quando percebi que Tavin colocou numa panela de pressão com água, indo tomar banho. Ele ficou um tempo encarando as rosas brancas, um misto de surpresa e desconfiança. Se passou meses, e ele ainda me intriga como das primeiras vezes que nos encontramos.

— Você é uma gada do caralho. — implica Thiago. Encheu meu saco de palhaçada no grupo, junto com Leozin e Lívia.

— Isso é só o começo da minha jornada para conquistar ele novamente. – falei, o empurrando. Jp e Apolo nos observava.

— O próximo presente vai ser o que, mano? Um jardim? – rebateu, divertido.

— Eu compraria um para ele se fosse necessário - assumo. — mas isso não chama atenção dele.

— Mais fácil você dar uma gravadora, gata. – Apolo diz mordendo sua pizza. Os meninos dão uma risada achando um absurdo mas realmente fico pensativa.

— Nem pensa nisso. – Thiago chama minha atenção, sério.

— Seria demais, não é?

— Ele não ia curtir não, vai com a gente. – Jp fala, e acabo concordando. Ele prefere conquistar suas coisas, do que ganha-las.

— Tem razão. – coloco as mechas do meu cabelo atrás da orelha, e eles voltam a jogar e comer. Ainda era estranho para mim conseguir cumprimentar homens, longe do meu círculo íntimo, mas depois de três meses na Alemanha e os próximos meses seguintes com a estadia no hospital por minha mãe, consegui dar mais um passo. Estou conseguindo, aos poucos.
     O medo ainda existe mas agora abraço a minha coragem. Estar perto de quem amo, reúne toda força que precisei e preciso para continuar.

— Onde tá meu desodorante? Vocês roubam até isso, caralho. – escuto sua voz, virando meu rosto na sua direção. Engasgo com a saliva quando percebo a toalha enrolada na sua cintura, e seu tronco molhado. Quão rápido ele reclamou, voltou para o espaço fechando a porta sem nem sequer perceber que o olhava.

— Levanta os braços. – Thiago manda, e faço isso sentindo uns tapas nas costas e enfim consigo conservar o resto de dignidade que me resta.

— Menina quase morre ao ver seu ex de toalha, entenda o caso. — Jotapê exclama. — Aquele magricelo te laçou Lua!

— Vocês três dividem o mesmo neurônio, — reviro os olhos. — Ele é uma graça, ok?

— Se você diz... — Apolo ri, focado no controle em suas mãos. Mostro o dedo do meio, sorrindo gentil.

— Um amor de pessoa. – noto Thiago se levantar, e me entregar uma vasilha com tomates e uma colher. — Ele temperou do jeito que você gosta.

— Agora que compro uma gravadora mesmo. – digo, recebendo um olhar sério dos três homens. — Apenas humor. – dou risada, colocando uma fatia na boca e fechando os olhos sentindo o tempero. Ele se lembra mesmo.

— Amanhã, no mesmo horário. Pode ser? – pergunta Thiago, chamando minha atenção. Afirmo com a cabeça, deitando minha cabeça em seu ombro.

Conexão || Tavin McOnde histórias criam vida. Descubra agora