01 - Krawk?

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   Point On Viw Luana   

       Lágrimas molhavam meu rosto e um desespero não me deixava dormir durante a viagem. Afinal, como garantir que ninguém vai tocar em mim?

Cheguei faz uma hora do Brasil, nasci no país e fiquei aqui durante sete anos, depois do maior trauma da minha vida fui morar com minha mãe na Europa, especificamente, a capital da Alemanha. Berlim.

A pedido do meu pai e depois de várias conversas com minha mãe me convenci a passar pelo menos um ano no Brasil. Como um teste. Meu pai praticamente suplicou nas chamadas de vídeos, minha saudade no peito venceu o medo de voltar para cá.

- Senhores passageiros estamos no centro de São Paulo a caminho da rodoviária. - ergui meu corpo enxugando minhas lágrimas abrindo a cortina e vendo movimentação da metrópole após o assistente do motorista avisar.

O ônibus foi apenas para chegar em São Paulo, os vôos internacionais foram pagos pela minha mãe em primeira classe. Meu pai e madrasta pediram para que pra entrar na cidade de ônibus.

Por quê?

Estou me perguntando isso em mente já que dinheiro não falta em nenhuma família. Peguei minha mochila e me despedi de uma senhora super simpática que me acompanhou nessa pequena viagem, desci do ônibus cautelosa.

Porra de cidade.

O moço tirou as minhas duas malas enormes do ônibus e agradeci. As puxei olhando ao redor, havia muitas pessoas, não sei como acharia meu pai ali. Meu celular vibrou e logo atendi, já estava tarde e não gosto de estar na rua a noite. Sozinha.

- Pai? - atendi ansiosa. - Já cheguei, por favor, onde você tá? - perguntei tentando ao máximo não ter uma crise de choro ali mesmo.

Medo dessas ruas. Medo de homens que já me lançaram olhares -  mesmo aonde que tenha tanta mulheres ao meu redor também -  medo dessa cidade.

- Lua, fica calma meu amor, Krawk que vai te trazer em casa. - engoli o seco sempre fui chamada de "Lua" pelo meu pai e Krawk. Filho da minha madrasta, sempre meu irmão mas depois de tudo que aconteceu meu pai é o único homem que não sinto medo no mundo. - Não se preocupa, por mais que eu confie nele ele vai levar duas amigas pra você se sentir mais tranquila. - suspirei em alívio.

- Valeu pai. Vou desligar, acabei de ver ele. - desliguei o celular e guardei. Senti meu peito doer de saudade do meu irmão mais velho que vinha caminhando até mim sorrindo junto com duas meninas que apreciam animadas, uma loira e uma ruiva.

- Que saudade. - ele se aproximou para um abraço e quase cai no chão por conta da mala me afastando de seu toque. O mais velho entendeu e se afastou com a feição triste enquanto as meninas tinham perdido o clima e expressaram confusão em suas faces.

Fechei os olhos tentando controlar a velocidade que meu coração batia no peito. Queria tanto abraçar ele, faz oito anos que não nos vemos e nem conversamos.

Cortei vários laços quando fui embora.

- É… Lua essas são Jade - apontou para a loira que sorriu e me abraçou. Não esquivei sorrindo para mesma. - e Nicole. Amigas minhas. - a ruiva tentou fazer um toque comigo mas fiquei sem jeito e ela me abraçou rindo.

- Bem que tu falou que ela era gringa raiz. - Sorri sem graça quando Nicole falou.

- Meio que sou. - arrisquei meu português novamente, que modéstia parte estava ótimo. Treinei ele antes e aprendi gírias e palavrão até porque a internet tem de tudo. - Vamos? - Krawk ainda parecia sem jeito e pude notar seus anéis de ouro e correntes brilhantes.

Pelo visto sua carreira decolou.

- Bora bora meninas, elas vão atrás com você, fica de boa. - falou seco pegando minhas malas e andou na frente.
Respirei fundo acompanhando ele, Jade abraçou meu braço direito e Nicole o esquerdo.

- Pronta pros rolê monstro que tu vai colar com nós? - a loira falou animada e fiz uma careta com as gírias engraçadas.

- Só tenho quinze anos, acho que não posso ir nesses roles. - ri enquanto andava junto à elas. A ruiva riu.

- Fodase mana, só se vive uma vez! - gritou.

Arregalei os olhos vendo que algumas pessoas nos olhavam mas acabei rindo.

- Parem de assustar minha irmã, ela é só um bebê e não vai com a gente nessas loucuras tão cedo. - meu irmão postiço falou sério e Nicole revirou os olhos.

- Que viagem amor, eu tenho dezoito e saio com você desde os dezessete. - deu de ombros Nicole. Olhei cúmplice pra Jade que fez uma cara: a gente te conta tudo depois.



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