75 - eu te perdi

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Eu não posso roubar tua dor pra mim. Mas saiba, se eu pudesse faria sem hesitar. Tudo que dói em você, me atinge profundamente.
via tumblr — abismoadois

• L U A N A •


         Silêncio. Tavin me respondeu com silêncio e um olhar confuso, então, voltei a dizer sentindo o ar faltar em meus pulmões:

— A... A minha mãe está doente Tavin. Muito doente. - tentei segurar as lágrimas, lembrando da ligação e do meu choro forte enquanto encarava minha mãe deitada em uma cama de hospital, careca e com a voz cansada. A raiva e a dor me fez desabar nos braços de meu pai. — E porra, eu tenho que ir. - o encarei, e pude ver dor em seu olhar, mas não consegui entender o motivo.

— Caralho. - senti suas mãos em minha cintura, e em alguns segundos estava com a cabeça deitada em seu peito, soluçando. — Eu... Merda não sei muito o que dizer, como tudo aconteceu? Você sabia?

          Neguei com a cabeça, sentindo meu peito apertar lembrando da cena em que pela primeira vez gritei com meus pais, os acusando da mentira, não compreendendo como esconderam algo tão sério e importante de mim. E no mesmo momento, tudo que quis foi ir imediatamente cuidar da pessoa mais importante da minha vida.

— As viagens estranhas do meu pai, o sumiço dela e a preocupação constante de todos... Era isso. Ela me pediu desculpas enquanto contava há algumas horas, disse que nunca me viu tão feliz e tão viva como no Brasil, e não queria acabar com isso. - minha voz saiu rouca, baixa.

     Meu mundo está desabando. Meu mundo também é minha mãe e estou a perdendo. Estou perdendo todo mundo.

— O que fez ela mudar de idéia? - perguntou receoso, apertando seu corpo contra o meu. Trazendo aconchego a dor angustiante sentida por mim, fazendo carinho em meus cabelos.

— O fato dela estar piorando. Teve que fazer uma cirurgia urgente e retirou uma mama. Caralho, eu deveria saber antes Tavin! Ela está exausta... - falei alto, como uma criança birrenta.

— Você tem mesmo que ir. - disse sério, e baixo. Ergueu meu rosto com as duas mãos. Fiquei nas pontas dos pés, juntando nossas testas.

— Preciso cuidar dela de alguma forma, não terei paz se não tentar e depois de Jade... - apertei seus braços, nossos corações doendo e batendo como um só. Juntos. — Não aguento perder mais alguém que amo, não vou aguentar perder minha mãe sem lutar.

       Como ela lutou e luta por mim.

    Solucei novamente, ele se inclinou deixando pequenos beijos em todas as partes de meu rosto, com carinho e meu coração se partiu porquê sabia que teríamos que nos despedir. E logo.

— Cê não vai perder ela, vai dar tudo certo. Sei que tem que ir pra Berlim e sei muito bem o que isso significa... - sussurrou, e por alguns segundos seus olhos encheram de lágrimas. O apertei mais em meus braços. — Não acredito em relacionamento a distância mas se quiser, eu espero por você o tempo que for, valeu?

           Terminou de dizer fazendo meu coração acelerar e um pequeno sorriso em meus lábios, surgir. É natural se apaixonar pelo Otávio a cada segundo de sua existência e doía saber que eu estava o perdendo.

— Não pode esperar por mim. Mais do que ninguém, sabe que jamais pediria isso - ele tentou dizer mas o calei com um selinho demorado, roçando nossas bocas. — tá doendo muito, mas eu não sei quando vou voltar e se vou voltar... Não lhe darei essa incerteza e nem a mim mesma. Nos destruiria. - expliquei, acariciando seu rosto.

— Eu te perdi então... Porra minha Lua, isso tá doendo pra caralho. - disse com a voz falha, e mais uma vez, se possível: meu coração partiu em milhares de cacos.

— Ich werde einen Weg finden, zurückzukommen und dich erneut zu erobern, meine Liebe. (Darei um jeito de voltar e conquistar você novamente, meu amor.) - disse em alemão, em seu ouvido. O senti se arrepiar e me olhar confuso, achando graça da língua diferente.

— O que cê falou, doidona? - riu fraco. Seus olhos brilhando ao encarar os meus, completamente apaixonados.

— Vou te contar quando nos esbarrar novamente. - respondi, apertando o colar que ele me deu com força, deixando um selar sobre a pequena lua.

— Tenho medo do que o tempo pode fazer com a gente. - sussurrou.

— Eu sei, sei que tudo pode mudar. Eu te amo, aqui e agora Tavin, sou completamente entregue a você. - coloquei minha mão em sua nuca, e sua mão direita pousou em minha cintura a apertando, arrepiando meu corpo.

— Porra minha deusa da Lua, eu te amo pra caralho. - ele disse baixinho em meu ouvido, sua mão subindo para o meu pescoço. Eu desmancharia com o seu toque e nossa despedida. — Quanto tempo tenho com você?

         Isso vai doer.

— Cinco dias. - sussurrei, dolorosa. Vi seus olhos se encherem de lágrimas e dessa vez escorreram junto com as minhas. — Eu sinto muito, meu lindo...

   Ele negou com a cabeça. — Sou seu até que vá embora, meu tempo é seu minha linda. Quero marcar você por inteira para não esquecer de mim.

— Eu não esqueceria de você nem se eu quisesse. - respondi, fechando os olhos ao sentir sua respiração ofegante em meu rosto.

— Tô ligado que precisamos ir pra despedida da Nicole, mas eu juro, eu preciso de você depois disso, valeu? É egoísta, mas quero você só pra mim por algumas horas. Me acostumar com a idéia que isso acabou. - soluçou baixo. Meu peito ardeu feito brasa e logo em seguida se aliviou, quando seus lábios tocaram os meus.

   Carinho. Respeito. Firmeza em meu pescoço, como conhece meus sentidos e uma saudade avassaladora junto com nossa despedida.

       Merda Universo, nos dê mais uma chance.

◇●◇

oi meus amores. é, eu sei, tá todo mundo com raiva dessa autora que some mas venho justificar: estou no terceiro ano do ensino médio, estudo o dia inteiro e tenho várias questões pessoais para responder. porém, jamais desistirei de vocês e da história, espero que possam me desculpar e me acompanhar nessa até o fim.

obrigada pelos votos, comentários e mensagens incríveis. vocês fazem isso acontecer também. ❤️
amo a vida de cada ser presente.

Conexão || Tavin McOnde histórias criam vida. Descubra agora