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Cecília 🇧🇷

Falei pro Max que ia parar na boca e eu realmente fui. Fui entrando e os meninos falando comigo.

-Fala chefinha, precisando de que? -Tuco perguntou e eu me aproximei da bancada.

Cecília : Sabe do Henrique? -Perguntei e eles ficaram olhando pra mim sem entender. -O Lopes. -Falei. -Vocês viram ele?

-Ele saiu com aquele cara da salinha e subiu, não sei pra onde foi? -Concordei e me aproximei da mesa.

Cecília : Não tem seda aqui? -Perguntei, e ele apontou pro outro lado da salinha. -Ata. -Peguei uma e bolei um ali mesmo, apoiando na mesa.

-Cinco reais pra tu ta. -Falou e eu encarei ele de cima em baixo no deboche. -Não tô de onda.

Cecília : Anota na conta do meu pai. -Falei e eles riram. -Acende ai pra mim, toma. -Estendi e ele pegou da minha mão, acendendo com o isqueiro pra mim.

-Se teu pai sonhar que você ta nessa...

Cecília : Da em nada, ele pila comigo. -Pisquei e sai dali, subindo de boa, tava na onda, pensando nas paradas. Virei a esquina e vi o Henrique sentado na porta de um boteco, que tava fechado já.

Sentei do lado dele, que tava com o olho avermelhado, olhando pra frente, não falava nada, só encarava um ponto específico da rua.

Cecília : Qual foi em? -Perguntei chegando meu pescoço pra frente, pra conseguir olhar diretamente nos olhos dele.

Henrique : Ta fumando por que? -Não me olhou de volta e eu respirei fundo. Só encostei na porta e fumei mais um pouco, mas quando a onda começou a bater eu apaguei e deixei do meu lado. -Onde você e os cara estavam? Veio sozinha?

Cecília : A gente desceu pra pista pro show do Orochi, ai eu sai com o Max, só que deu uns lances e eu pedi pra ele me trazer, ai vim te procurar. -Apoiei meu pescoço no ombro dele.

Henrique : Que lance? -Perguntou com a voz carregada e eu neguei com a cabeça e ele só me olhou de lado, me encarou um tempinho mas eu paguei a louca. -Que lance, Cecília. -Deu um toque no meu ombro com o dele.

Cecília : Ele é filho daquele cara, que veio aqui hoje mais cedo. -Ele me olhou me encarando com a feição séria. -O que ele queria com você?

Henrique : Não é coisa pra tu saber, deixa quieto. -Levantou e ficou me olhando. -Ja comeu? -Guardou o celular no bolso e eu levantei, ajeitando o meu vestido no corpo.

Tava passando uma moto e ele colocou a mão na minha cintura, me afastando pra trás.

Eu tropecei no ressalto e ele me segurou meu corpo voltou todo pra frente e eu bati de frente com ele, sentindo o perfume dele.

Ele ainda ficou me encarando um tempinho, com a mão ali, só percebeu depois de um tempinho e se afastou.

Cecília : Já comi. Mas se você bancar um dogão daquele pra mim, eu aceito. -Ele soltou um ar de riso e tirou a chave da moto do bolso.

Henrique : Folgada demais. -Ele subiu e eu subi na garupa e ele seguiu direto pro morro da fé, onde tinha o melhor de todos.

Ele ficou quieto, não pediu nada. Só comprou pra mim e ficou me esperando comer, enquanto olhava pra frente.

Passou uns meninos que estavam no plantão e ficaram olhando pra gente, tentando disfarçar. Ele só encarou sério uma vez e eles pararam na hora.

Cecília : Queria que você confiasse mais em mim. -Falei baixo depois de um tempinho e ele me encarou, colocando o celular na mesa e cruzando os braços.

Henrique : O que te faz pensar isso? -Deu um sorriso e eu revirei os olhos, negando com a cabeça, fazendo sinal pra ele esquecer. -Fala pô.

Cecília : Ai Henrique eu não sei, tudo o que eu te pergunto você não responde, fica quieto, não me dá moral como dava antes. Eu sinto falta da nossa amizade, quando você era o meu melhor amigo e eu era a sua. Quando independente de qualquer coisa, a gente ficava juntos, segurando a barra um pelo outro.

Henrique : Não é que eu não confio em você, meu bem! Tu ainda é a minha melhor amiga ainda, só que agora eu tenho outros interesses, não quero e nem vou te envolver em um lance que não pertence a você.

Cecília : Engraçado que eu continuo te confiando tudo, né. -Murmurei baixinho e ele pegou na minha mão, que estava sob a mesa.

Henrique : E eu confio em você, Cecília. -Falou com a voz mais grossa, mas baixo ainda. -Mas tem umas coisas que não dá pra eu compartilhar com você, ta ligada? Porque já é problema demais pra minha cabeça e eu não acho que esse peso todo deve ser dividido com você.

Cecília : Essa é a questão, eu quero suportar com você caralho! Olha a nossa amizade, a gente já passou por tantas coisas juntos, eu só quero te ajudar da mesma forma que você me ajuda.

Ele parou de me responder e eu tirei a minha mão da dele. Passei a mão no rosto e terminei de beber minha coca, calada enquanto mexia no celular, ele levantou pra pagar a conta e eu levantei. Pegou a moto e a gente subiu direto pra minha casa.

Eu desci e ele segurou no meu braço e desligou a moto, mas não desceu.

Henrique : Eu não tô bem pra compartilhar meus momentos agora, eu não tô falando com ninguém, entendeu? Porque são coisas que ainda tá sendo complicado pra mim, são várias fitas, Cecília. Mas se algum dia eu querer conversar sobre isso, a primeira pessoa vai ser você, já te falei pô, que é nós sempre! Eu te amo, guarda isso na sua mente e fica de boa, porque nada nunca entre a gente vai mudar, se depender de mim. Eu sei que as vezes eu sou chato e protetor demais, mas é porque eu me importo com você! Segue essa meta.

Ele não deu tempo de me deixar responder, subiu direto e eu entrei em casa, pensando naquilo e sorri. Peguei meu celular pra mandar mensagem pra ele, mas eu vi uma do meu pai falando que chega amanhã e outra do Max, pedindo desculpas pelo pai dele e me perguntando como a gente se conheceu.

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