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Henrique 🕊️

Era um lance errado, que me atraia pra caralho. Senti ela ali comigo, me deixava em um êxtase sem fim, papo reto.

Passei minha mão por baixo da nuca dela, colocando meus dedos entre o cabelo dela, que passou a unha pelas minhas costas.

Me afastei, beijando o pescoço dela, que colocou as mãos no meu peito, me empurrando de leve pra frente. Respiração dela tava ofegante, ela controlou ela, enquanto eu joguei o cabelo dela pra trás.

A gente ficou se encarando, sem saber o que fazer ou falar. Mão dela continuou na minha nuca, deixando de certa maneira nossos rostos juntos ainda.

E papo dez, eu não me arrependia, mas não fazia a mínima ideia do que passava na mente dela, que me encarava sem demonstrar nada.

Cecília : Acho melhor a gente entrar, devem tá esperando. -Concordei e me afastei dela, que arrumou a saia curto no corpo e passou andado na minha frente.

A gente entrou e foi caminhando pro camarote, os cara já tava tudo de boa e o Heitor olhou pra Cecília e logo em seguida pra mim, mas não falou nada.

Eu só puxei o branquinho ali do lado dele e do Guilherme e sentei, coloquei uma dose de whiskey no meu copo e acendi um, pra dissipar os pensamentos.

Cecília 🇧🇷

Era errado ter gostado?

Eu tava sem reação nenhuma, principalmente pelo fato de eu, ter beijado ele, um lance, que nunca passou pela minha cabeça.

Ou talvez antes eu só quisesse ignorar todos os meus desejos, e quando teve oportunidade eu simplesmente aproveitei, mas cara, eu não sabia o que fazer, ou falar.

A questão é que eu senti que ele ia me dar só aquele selinho e iria recuar, por não saber minha vontade.

Mas eu quis, e depois que passou eu não tava conseguindo lidar com todas aquelas consequências, eu tinha ele como um irmão, era da família, e do nada a gente no beco de uma boate se pegando.

Em um dos momentos eu olhei pra ele, que me encarava. Peguei uma garrafa de ice e virei de costas. Deu o show e eu nem consegui curtir direito, detestava ser assim, mas eu fui entornando todas, misturando várias.

Não tava tonta, mas minha cabeça já tava tão cheia, me sentia culpada por ter beijado ele, mesmo tendo gostado pra caralho.

"Influencio a pulsação do seu sangue
É melhor se entregar, cê não tem mais chance. Quero muito mais do que te dar um lance. Vou te exorcizar e cê vai entrar em transe"

Me deu vontade de chorar, o álcool tava batendo na minha mente, e eu já tava na onda porque fumei um com o Guilherme.

Desci do camarote, saindo dali e fui pra parte de fora que tava vazia, sentei chorando ali e senti alguém do meu lado.

Quando eu olhei pro lado, vi que era o Henrique, ele ficou me olhando sem entender e eu sequei o rosto, mas ele sentou ali do meu lado.

Henrique : Qual foi? -Falou baixo, com a voz carregada. -Fiz algo que tu não queria?

Fiquei sem falar e nem falar nada, só olhei pra baixo e ele concordou com a cabeça.

Cecília : Não é isso...

Henrique : Tudo bem pô, se foi um lance que você não curtiu, ta suave, de boa, a gente só esquece e deixa isso.

Cecília : Você se arrepende? -Perguntei e vi ele me olhar no mesmo instante, aí a gente se encarou outra vez.

Henrique : Não pô. -Respondeu depois de um tempinho. -Não tem como menti, eu curti pra caralho. Você, sim?

Fiquei calada por muito tempo, e percebi que ele tinha entendido como se eu estivesse, mas eu simplesmente não sabia falar, não consegui falar.

Ele levantou e saiu, já tinham passado uns dez minutos, e eu fiquei ali por mais um tempinho. Liguei pro meu padrinho, mesmo sendo madrugada e ele não exitou em me buscar.

Mandei mensagem pra Jade avisando que ia embora e não demorou muito pra ele me buscar, não falei nada e ele nem questionou, só me deixou em casa e eu entrei, tomei um banho e cai na cama chorando.

Eram cinco da manhã quando eu vi pela janela o carro do Heitor passando e eu deduzi que o Henrique já tinha chegado em casa.

Eu tava melhor, e continuei pensando da mesma forma, mas fiz o que eu tava com vontade no momento.

Coloquei um shorts e sai de novo, naquele horário, subi pra outra viela e bati na porta do quarto do Henrique.

Demorou um tempinho, mas ele me atendeu, tava com a toalha enrolada na cintura e o corpo molhado.

Ele deu licença e eu entrei, fechou a porta e eu ouvi ele passando a chave.

Cecília : Eu não me arrependi. -Falei e virei de frente pra ele, que me encarava. -Eu gostei, sei que demonstrei outra coisa, mas foi uma parada que eu curti também.

Ele se aproximou de mim outra vez e eu reparei todos os traços possíveis dele, que passou a mão por baixo do meu cabelo, que tava molhado e deslizou nos dedos dele, que puxou o meu rosto pra frente e me beijou outra vez.

Desci minha mão pela barriga dele, até parar na beirada da toalha, que me encostou na parede e beijou o meu pescoço, voltando a me beijar.

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