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Jade 🌪️

Nós estávamos na praia desde cedo, eram seis da tarde e a gente viu o por do sol, a coisa mais linda. Estávamos eu e o Guilherme, sentados na areia, vendo os meninos jogando bola.

Ele era legal, gente boa e o meu estilo todo, mas a gente nunca ficou e era algo que me surpreendia, porque ele demonstrava que queria, eu também, mas nenhum de nós dois tomava alguma iniciativa e aquilo me matava por dentro.

Mas de qualquer forma eu era muito grata por ter ele, porque se não fosse a Luiza e o Coringa eu não sei o que seria de mim. Eu tinha um teto e me sentia querida.

Guilherme : Bora dsr uma volta comigo. -Bateu na minha coxa e eu olhei de lado pra ele. Levantei tirando um pouco da areia da minha bunda e ele levantou.

A gente foi andando e quando eu ia descer as pedras ele segurou minha mão. Depois disso ele não soltou mais.

Guilherme : Pô papo reto, tô maluco por um beijo teu, como a gente faz? -Parou na minha frente e minha única reação foi ri de nervoso.

Jade : Pior que eu também tô, acho que a solução é só uma, né? -Me aproximei dele, que sorriu puxando a minha cintura.

Dei três selinhos nele, colocando minhas mãos no pescoço dele, que me beijou com a língua logo em seguida. Passei o polegar pelo rosto dele, que continuou nosso beijo lento e calmo, mordendo minha boca e passando a mão pelo o meu corpo.

Me afastei, sentindo ele cheirar o meu pescoço e abracei o corpo dele, que beijou minha testa, fazendo com que minha cabeça ficasse apoiada no ombro dele.

Jade : Guilherme. -Falei trêmula e ele me olhou. -Me leva daqui, por favor. -Apertei a mão dele que ficou se entender mas meus olhos permaneceram fixos.

Guilherme : Qual foi? Fiz alguma parada que você não queria? -Perguntou e eu não falei nada, só apertei a mão dele.

Jade : O meu pai, Guilherme. Só me leva, por favor! -Implorei com os olhos cheio de água e ele olhou pra trás.

Ele tava dentro de um carro, me acompanhando com o pior olhar do mundo. Guilherme segurou forte na minha mão e me puxou. Ele me me colocou na frente dele e eu senti que o carro tava seguindo a gente.

Guilherme : Bora subir, o pai da Jade. -Falou pro Heitor que levantou rápido. -Vai com ela na sua moto, direto pro morro. Vou subir com os cara.

Jade : Por...

Guilherme : Heitor tem carta, não tem caô se tu subir com ele, vou logo atrás. -Concordei nervosa e o Heitor me puxou.

Guilherme me entregou uma blusa dele e eu me vesti rápido. Subi na garupa dele que acelerou e só parou quando nós estávamos em frente a casa da Luiza.

Eu entrei e o Heitor ficou na sala, subi e tomei um banho, chorando tudo que eu tinha pra chorar. Me sentindo suja outra vez.

Passei horas dentro do quarto, era mais de onze quando bateram na porta. Demorei, mas quando eu levantei pra abrir vi que era a Luiza, que tinha acabado de chegar de um plantão.

Luiza : Eu sinto muito, viu. -Me abraçou e eu me afastei dela, sorrindo em falso. -Vamo descer pra comer alguma coisa.

Eu concordei indo atrás e quando cheguei na sala vi o Guilherme sentado no sofá com uma bolsa de gelo no rosto. Fiquei sem entender, mas assim que ele me viu, levantou e passou por mim, subindo pro quarto dele.

Coringa : E ai. -Falou entrando em casa. -Ta bem? -Concordei calada e e ele soltou o ar. -Tem uma parada ai, tão tentando fazer contato por telefone comigo, boto fé que seja por você. É delegado, cedo ou não?

Jade : O que? Como assim? Não...eu não quero prejudicar vocês, de forma alguma...é melhor eu ir, eu converso com os meus pais, mas você não pode se envolver assim por mim.

Coringa : Eu aceitei pô. -Falou passando a mão na cabeça e eu sentei no sofá. -Tu não vai falar com ele, nada vai ser feito sem a tua vontade. Come alguma coisa, vou te esperar aqui.

Comi forçada, voltei pra sala e o Guilherme tava deitado no sofá. A Cecília chegou com o Henrique e me deu um abraço, mas ele não ficou.

Sentei no sofá e tinham alguns aparelhos sob a mesa. Fiquei nervosa com aquilo mas o Guilherme segurou minha mão.

A ligação começou e como esperado, era meu pai e um delegado. Falavam tanta coisa e em uma dessas eles acusaram o Coringa de ter me sequestrado.

Coringa : O que eu vou falar vai ser só uma vez, ta entendendo? Eu não sequestrei ninguém não, meu parceiro. O tempo que o senhor ta ai enchendo a minha cabeça com essa lorota barata, tinha que tá concentrado em prender estrupador que abusa da própria filha, tá entendendo?

-Por que essa jovem não entra em contato com a gente? A história que eu ouvi é outra. E é direito da família permanecer com ela. Nós não queremos tomar piores decisões...

Coringa : Que decisões seriam essas? -Perguntou com sarcasmo e eu joguei minha cabeça pra trás. -Invadir o morro? Pra tentar pegar a garota? Pode subir pô, não tenho caô, mas voltar pra casa ela não volta.

-Eu preciso falar com a minha filha, o senhor está tomando a cabeça dela que eu sei. Um traficante de merda, tentando tirar a paciência da minha família.

Ele olhou pra mim e eu pedi o celular, ele me entregou e eu suspirei, tentando controlar meu nervosismo.

Jade : Eu não fui sequestrada. Tô aqui por livre e espontânea vontade. O meu pai é o motivo de eu sair de casa, e eu fui expulsa.

-E fugiu pra mão de traficante? Existem outras alternativas...a questão é que nós temos um boletim de ocorrência e precisamos do depoimento físico da senhora.

Jade : Tudo bem, eu vou! -Falei e o Guilherme negou com a cabeça e o Coringa continuou olhando. Eles pediram pra eu ir amanhã, sozinha. E depois disso, desligaram a ligação.

Coringa : Manda prepararem o carro com três seguranças pra irem na surdina com ela. -Falou com um dos meninos e eu apoiei meu rosto nas minhas mãos. -Vai ficar tudo suave, pode se ligar nisso.

(…)

Transceder  ²  [M] Onde histórias criam vida. Descubra agora