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Cecília 🇧🇷

Encostei na arquibancada, com o Henrique ainda do meu lado. Tentava entender o que passava na cabeça dele, mas era surreal.

Porque pela primeira vez, eu agi diferente de todas as outras vezes, porque eu nunca dei ideia e nunca me importei, com nada, mas com ele foi diferente, acredito que por ele ser alguém da minha "família."

Eu já tava ficando paranóica, principalmente por ele ter passado por mim hoje mais cedo e não ter falado comigo, e quando eu perguntei sobre o churrasco na casa da madrinha, ele negou, o que me fez imaginar que ele estava evitando todos os lugares que eu estava.

Ele levantou, saindo de perto com o Heitor e o Henrique, e a Jade se aproximou mais de mim.

Jade : O Heitor sabe. -Olhei pra ela. -Pelo jeito que ele ficou hoje mais cedo, sabe. -Procurei eles com o olhar e estavam todos na parte que tinham bebida.

Eles voltaram rindo enquanto conversava e a gente trocou o assunto. Heitor me entregou uma garrafa de ice e eu agradeci, vendo ele jogar uma pra Jade também.

A gente continuou assistindo o jogo e geral começou a gritar quando os meninos começaram a se aproximar do gol, Pepê fez uma assistência pro Rian e ele chutou direto, acertando o chute.

Ele saiu correndo pelo campo e me olhou, fez um C com a mão e logo em seguida um coração, apontando pra mim.

Sorri toda boba e mandei um beijo pra ele, que continuou jogando.

Henrique 🕊️

Jogo dos cria acabou e geral foi saindo pra praça, sai do lado da Cecília e percebi que ela tava meio estranha, mas deixei quieto.

A gente atravessou e a galera foi seguindo pra sorveteria, e ela me puxou de canto, indo pro outro lado.

Henrique : Qual foi? -Perguntei de boa, e ela cruzou os braços, olhando pro lado. Encostei ali e esperei ela falar.

Cecília : Qual foi que eu tô tentando entender porque você ta me evitando, né Henrique. -Falou e eu franzi a testa, negando com a cabeça. Meu celular apitou e eu peguei, vendo a barra de notificação.

Henrique : Não tô te evitando, segue essa meta. -Falei. -Depois a gente conversa, tenho que resolver um lance.

Sai sem esperar resposta dela e peguei a moto, saindo do morro, segui pro condomínio onde o R7 tava e parei na entrada, vendo os seguranças dele se aproximarem.

Falei que queria conversar com ele e eles foram mandar recado pelo radinho, entrei deixando minha moto na entrada e ajeitei a blusa sentindo o cano da arma.

Entrei e vi ele sentado no sofá com o copo de whiskey na mão, tinha resto de cigarro e uns pinos de cocaína espalhados pela mesa.

R7 : Manda o papo logo. -Falou sem me olhar e eu olhei pra trás, sentando no sofá. Tinham dois caras atrás dele, fazendo a segurança, olhei bem pra eles e o R7 fez sinal pra eles saírem.

Henrique : Quero que você pare de perseguir a Cecília. -Encostei minhas costas no encosto do sofá e passei a mão no rosto. -Sem fundamento essa parada, a mina não tem nada haver com isso.

Ele ficou um tempo calado, olhando pra um ponto cego e riu, me encarou e negou com a cabeça, colocando o copo sobre a mesa.

R7 : Quem te garante, que sou eu? -Perguntou e eu ri no deboche. -Meu filho morreu por culpa dela...

Henrique : Teu filho morreu pelas mãos de facção. -Interrompi ele. -Você tem sua dor, mas não justifica os atrás dela assim.

R7 : Eu quero vingança. -Afirmou. -Acho bom vocês protegerem ela...porque eu vou perseguir a garota até no inferno.

Henrique : Qual o teu preço? Pra deixar ela na dela? -Perguntei e ele sorriu, arredando o corpo pra frente.

(…)

Voltei pro morro e fui direto pra minha casa, tomei um banho e vesti uma bermuda com uma blusa branca. Coloquei um boné e passei as correntes no pescoço, colocando a pulseira logo em seguida.

Fui direto pra casa da tia Júlia, assim que eu cheguei tava geral na laje. Cecília tava em um canto com a Jade e os cara tava afastado, fumando. Enquanto o Deco tava na churrasqueira, do lado do Coringa e do Xt.

Me aproximei deles, perguntando se tinha como trocar uma ideia rápida com eles, que concordaram, só pediram dois minutos e eu me aproximei da tia Madu, beijando a cabeça dela, que me deu um abraço de lado.

Troquei uma ideia maneirinha com ela, a tia Lu e a tia Ju e depois fui pra perto das meninas, que estavam do lado do Rian e Heitor dessa vez.

Ela tava de cara fechada pra mim e eu também não ia ficar rendendo, encostei ali do lado dela, que parou de falar e ficou encarando o chão.

Rian : Ih, ta pegando o que? -Perguntou olhando pra gente e geral ficou quieto, sem falar nada.

Vi o Coringa me chamar com a mão e eu fui, os cara foram tudo atrás e a gente desceu pra sala, cada um foi se ajeitando no sofá e eu fui falando as parada da Cecília com eles, enquanto bolava um.

Coringa já sabia, porque eu havia dito antes, falei da questão que eu tinha tirado a prova hoje e o Deco já foi ficando neurótico.

Henrique : Ele deu um preço, eu vou com ele. -Suspirei. -É o tempo pra gente achar alguma alternativa, enquanto eu tô com ele...a Cecília ta segura.

Eles ficaram marolando naquilo maior cota e eu soltei a fumaça, brisando na minha.

No fim o Deco me agradeceu, disse que ia fazer o possível e o impossível pra acabar com o R7 antes dele fazer algo e eu nem rendi muito naquilo.

A gente subiu outra vez e dessa vez o Deco chamou a Cecília de canto, mas eu não tava muito longe e ouvi ele questionar, porque ela não havia contado pra ele do cara do posto.

Olhar dela bateu no meu na hora e eu sustentei, mas logo desci pra sala, pra continuar fumando de boa. Marolei no barulho vindo da escada e vi ela, parando do meu lado.

Cecília : Eu só pedi, pra você não contar. -Falou e eu dei de ombros. -Caralho, Henrique...a gente nunca tem paz, e quando finalmente ocorre algo bom, você vai lá e faz questão de acabar com tudo.

Henrique : Tu acha que teu pai ficaria em paz, vendo a filha dele morta por vingança? -Perguntei sério e ela não falou nada, só me encarou. -Não fiz isso pra te magoar, nem acabar com a fase boa, é por proteção. Nem tudo é sobre você, tem gente que se importa com o teu bem, se liga nisso.

Suspirei fundo e sai, peguei minha moto e piei pra minha casa.

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