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Maratona 2/3

Cecília 🇧🇷

Meu pai me pegou de moto em casa e parou no barzinho no Vidigal, juro meu coração ficou quentinho, por ver ele fazendo aquilo por mim.

A gente bebeu uma cerveja juntos e depois a gente seguiu direto pra um restaurante na Penha mesmo e a gente almoçou tranquilos.

Deco : Sem caô neguinha, o que ta pegando? Parada dos moleque ainda? -Falou e eu olhei pra baixo, passando a mão no rosto. -Teu mal é se apegar demais.

Cecília : Não pai, não é isso, é que mentiram pra mim, sabe? O senhor mais do que ninguém sabe que eu detesto mentiras, só isso, e a situação com as meninas também, me deixou chateada, mas eu vou ficar bem.

Deco : Ia te entregar na outra semana, mas acho que é uma parada que vai te deixar feliz. -Olhei pra ele, que tirou um papel do bolso, eu peguei e comecei a ler, vendo que era a matrícula de um curso profissionalizante de maquiagem, que eu sempre fui louca pra fazer.

Cecília : É sério, pai? -Perguntei abraçando ele de lado. -Obrigada, de verdade.

Deco : Aproveita, vai ser bom pra tu. -Enchi ele de beijos. O celular logo em seguida começou a tocar e eu falei que voltaria a pé pra casa.

Tava passando na esquina do tio Zé quando vi os meninos sentados lá, tinham acabado de voltar da pelada pelo visto, pelada que eu sempre era convidada pra ir.

Rian : Ae Cecilião. -Começou a gritar e se levantou da cadeira. -Vem aqui pô. -Eu neguei com a cabeça e continuei passando, com a cara fechada, eles ficaram me olhando.

Fui atravessar a rua, mas nem deu, o Rian veio e me pegou no colo, me levando pra dentro do bar a força.

Cecília : Me solta Rian, que caralho! -Falei brava e desci, arrumando o meu cabelo, ia virar de costas mas ele me puxou pelo cabelo.

Guilherme : Pô Cecília, ta rolando o que? -Perguntou dando de braços e eu suspirei.

Cecília : Tava da hora o barzinho ontem, né? -Perguntei olhando nos olhos de cada um.

Eles ficaram quietos, se olhando entre si e aquilo foi me deixando mais chateada ainda.

Cecília : Acho que decidirem fazer os lances sem mim, fica mais bonito do que mentir, né.

Henrique : A gente só não queria que você ficasse chateada pô, tínhamos marcado com umas negas...

Cecília : E pra não me deixar triste, sozinha em casa, preferiram me ignorar né, ta certo, desculpa, nunca tive a intenção de brecar o rolê de vocês, não consegui perceber isso, já que eu estava chateada demais, me culpando por ter perdido minhas melhores amigas. Não dei conta que estava perdendo vocês também.

Virei de costas e saí, Rian veio atrás mas eu falei que estava de boa e fui pra minha casa.

Tomei banho e lavei o meu cabelo, vesti um vestido curto branco e colado e coloquei um chinelo na mesma cor. Escovei o meu cabelo e passei a prancha, deixando ele na bunda.

Coloquei a corrente do meu pai e fiz um delineado gatinho, peguei o relógio, os anéis, meu celular e desci de casa, linda e cheirosa.

Desci na boca e falei com os meninos, sentindo eles me encararem de cima em baixo, falei com quem devia e entrei na sala do meu pai.

Deco : Que isso em, ta gatinha demais. Indo pra onde? -Eu sorri me aproximando e dando um beijo na bochecha dele.

Cecília : Não faço a mínima ideia, só queria fazer alguma coisa, então eu me arrumei pra caso surgisse algo. Posso chamar algum dos meninos pra me levarem?

Deco : Pode pô, so me manda localização e fama com a tua mãe também. -Eu concordei e enrolei um tempinho ali com ele, sai e chamei o Tuco.

Tuco : Pô chefinha, eu vou, mas tu precisa esperar eu dar um tapa no visual né, tenho que estar no mínimo apresentável.

Eu ri da graça dele e concordei, falei que ia esperar ele no studio da minha mãe e assim foi. Conversei com a patroa um tempinho e logo ele chegou com um dos carros do meu pai, provavelmente ele teria pedido.

Eu entrei no carro e a gente foi direto pra um barzinho karaokê na pista, a gente ficou conversando, como amigos mesmo, sabe.

Tuco : Mas pô chefinha, o que ta pegando em? Não tô reclamando nem nada, mas ser convidado pra rolezin com a filha do patrão nunca esteve nos meus planos.

Cecília : Te convidei porque gosto de conversar com você seu besta, você deve tá pensando que eu tô te tratando como última opção, mas não é isso, ta, é que ultimamente ta tudo bem complicado, sabe? Eu só precisava de alguém pra trocar ideia, sabe.

Ele confirmou e pediu pra eu conversar com ele, expliquei e ele ouviu tudinho.

Cecília : Enfim, é isso sabe. Eu nunca fui de ter muitos amigos, meu ciclo de amizades sempre foi muito pequeno, então eu nunca fui acostumada a lidar com esse tipo de situação.

Tuco : O lance é que não adianta levar essas parada pro teu coração, chefinha. Infelizmente a vida é assim, a gente leva pela cara, mas da o tapa também. O que tu pode fazer agora é ficar de boa, ter total compreensão que teu coração tá no limpo e é isso que importa. Mas já que teu b.o é esse, acho que eu tenho uma solução temporária, posso te levar num lugar aí? Tu conhece mais que eu, mas da merma forma, tu vai gostar.

Respondi que animava e ele insistiu pra pagar a conta, me levou direto pra minha casa, perguntou se eu me importava dele subir pro meu quarto e eu disse que não e então a gente subiu.

Tuco : Papo reto, se tu abrir a boca pra contar o que vai acontecer aqui, eu te desço na porrada, garota. -Eu ri  mesmo sem entender o que ele queria, mas ele logo me animou a fazer unha, skin care e tudo mais.

Eu vesti a calça do pijama com a blusa e o resto da noite ele se concentrou em fazer as unhas comigo, assistimos meninas malvadas, fofocamos e ele ainda deixou eu fazer uma maquiagem nele, me amarrei legal, papo reto.

Meus pais chegaram tarde já, era uma e pouca, mas não reclamaram, viram que não tinha nada demais e ficaram de boa. Tuco precisou ir embora, mas conseguiu me tirar altas risadas na noite.

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