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Cecília 🇧🇷

Fiquei sentada na sala, apoiada no ombro do Rian e as pernas apoiadas no Guilherme. Já tinha um tempinho que a tia Lu e o tio Coringa estavam no quarto com a Jade, e eu tava extremamente preocupada com ela.

Passou um tempinho e eles descerem sem a Jade, passaram pra cozinha, mas logo em seguida voltaram.

Cecília : E ai como ela tá? -Perguntei sem sair de perto dos meninos e eu vi ela sentar na minha frente, na poltrona, tio Coringa chamou o Guilherme outra vez e eles saíram da sala, subindo pro quarto.

Percebi a tia Lu com a expressão cansada e demorou um pouquinho pra ela conseguir ter coragem de contar, e eu ia ficando cada vez mais abismada com a situação.

Eu nunca imaginei, ela nunca comentou nada, sabia de algumas brigas com os pais, mas nada nunca havia chegado no ponto de pensar exatamente isso na minha cabeça.

Mas de qualquer forma, a tia Lu disse que ela havia pedido pra contar, pra deixar claro, mas que seria bom a gente evitar de tocar no assunto.

Luiza : Dei um remédio pra ela conseguir dormir melhor. -Levantou e eu concordei, continuando pensando em tudo. -Amanhã vocês conversam melhor.

Concordei e passei a mão no cabelo, é foda, porque eu nunca consegui perceber essa dor, nela, e eu fico pensando "pô, talvez eu poderia ajudar ela."

Mas de qualquer forma, tia Lu falou pra eu dormir aqui e eu resolvi ficar, pelo horário. Ajeitei as coisas e deitei com o Rian na sala e acabou que a gente nem dormiu, só ficou trocando ideia.

Guilherme 🚀


Meu pai me chamou depois de sair do quarto que a Jade tava e eu fui de boa, não tava entendendo muita coisa, mas ele subiu pra laje e eu fui atrás.

Ele me falou as parada toda e eu fiquei brisando legal naquilo, cara, não entrava na minha mente, como era possível alguém conseguir ser tão sujo, tão desonesto a esse ponto.

Principalmente pelo cara ser o pai dela, tipo o PAI, quem deveria cuidar, amar e proteger, papo reto, tem que ser filho do capeta mermo.

Coringa : É complicado, mas a fita é essa. -Acendeu um e eu continuei sentado do lado dele, enquanto apreciava a vista. -Mas eu só quero te dar o toque de respeitar a mina, te conheço e seu que ce ta afim dela.

Eu só concordei quieto, e meio que as parada foram tudo ficando clara na minha mente, por isso ela evitava tanto de me ver sozinha, a gente conversa sempre por mensagem ou quando tinha mais gente por perto.

Guilherme : Mas e agora? Como que vai resolver as coisas? -Perguntei depois de um tempinho e ele suspirou.

Coringa : No tempo dela. -Soltou a fumaça. -Vou mandar os cara ir atrás de quem é, puxar ficha, mas não vou fazer nada que ela não queira, é complicado, mas é a vida da garota, diz mais sobre ela, do que nós. Só que é isso né, enquanto ela quiser vai ter um teto aqui pra ela.

Guilherme : É, mas ela deve ter um ódio imenso dele, imagina, vê todo dia a cara do homem que diz ser seu pai, mas que te abusa dessa forma, deve ser uma dor imensa, papo reto, imagino a mente dela. -Ele concordou com a cabeça e deu pra perceber que ele tava bolado com a situação. -E minha mãe, ficou mal daquela forma por que? Como ela sabia?

Coringa : Acho que ela esperava, mas não queria acreditar, ai ela acabou relembrando de quando foi com ela, ta ligado? Ela entende a dor, é como se tudo voltasse a tona.

Olhei pra ele, que continuou com a mente longe e só depois foi se tocar do que tinha falado e ai vieram várias sensações ruins na minha mente.

Fiquei quieto e acho que ele nem quis render mais nada também, só desci e fui na cozinha, Cecília tava conversando com o Rian e eu subi de volta e bati na porta do quarto da minha mãe, logo em seguida.

Ela tava deitada olhando pra cima, mas assim que me viu me chamou pela mão e eu deitei do lado dela, abraçando pela cintura.

Guilherme : Amo a senhora. -Beijei a bochecha dela que se virou pra mim, sorrindo e passou a mão no meu rosto. -Meu pai me contou, por que você nunca disse nada?

Luiza : Porque é passado, meu bem. Hoje eu tô melhor, só fiquei chateada por saber que ela passou pelo mesmo.

Concordei e fiquei ali com ela em silêncio, ia levantar mas ela não deixou, me pediu pra pelo menos esperar ela dormir e assim eu fiz, quando ela virou pro outro lado eu levantei e saí fechando a porta.

Trombei com a Jade no corredor, que se assustou, colocando a mão no coração e eu soltei uma risada.

Guilherme : Procurando o que garota? -Ela riu passando a mão no cabelo e apontou pro banheiro, me fazendo entender que ela já havia ido. -Ta melhor?

Jade : Tô, sua família é perfeita. -Sorriu olhando pro lado, mas demonstrando que se sentia afetada por não ter tido a mesma presença dos pais dela. -Mais uma vez, obrigada Gui, não sei o que seria de mim se você tivesse ido la.

Guilherme : Relaxa, faria de novo, mas é isso ai, dorme com Deus. -Ela deu um beijo na minha bochecha e saiu rápido pro quarto do Rian.

Fiquei brisado legal naquilo, papo reto, mas logo me toquei e fui pro meu quarto.




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