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Henrique 🕊️

Era cinco e pouca a hora que eu acordei. Tomei um banho molhado e calcei uma calça de moletom, um tênis e uma blusa branca. Coloquei o fone nos dois ouvidos e desci a escada correndo. Fui pra parte externa da casa e corri o local todo. Era grande pra caralho então deu pra fazer um treininho massa.

Tirei a blusa, jogando ela no ombro e bebi a água da minha garrafa.

Passei pela porta de vidro e trombei com a Elisa. Ela tava com um pijama curto pra caralho e o cabelo enrolado no alto da cabeça.

Elisa : Hm, não é vagabundo igual os outros, ponto positivo já. -Falou e ri fraco, negando com a cabeça.

Henrique : Qual foi? -Passei por ela e fui na direção da pia, peguei mais água no filtro e virei de frente pra ela, apoiando meu corpo ali.

Elisa : São uns preguiçosos, só acordam depois das nove. Eu fico besta, não sei de onde tira tanto sono. -Eu ri pela forma que ela falou e a mesma ficou me encarando, intercalando o olhar entre meu abdômen e meu rosto.

Neguei com a cabeça bebendo minha água e ouvi barulho de passos. Ela tossiu voltando a preparar o café e eu me afastei da pia pra voltar pro meu quarto.

Tomei um banho e saí enrolado na toalha, ajeitei minhas coisas e terminei de me vestir. Coloquei o boné na cabeça e desci as escadas, mas dessa vez a cozinha tava cheia.

Tinha dois moleques iguais e a pequena de ontem. Geovanna tava sentada na cadeira e a Elisa tirando umas paradas do forno.

Geovanna : Esse é o Henrique, que eu tinha comentado pra vocês. -Apontou pra eles. -Ja te falei deles ontem, né? -Concordei e falei com os cara.

Clarisse só deu tchau pra mim e a outra la mandou eu sentar pra tomar café. Nem sou muito disso, mas quando vi a travessa de pão de queijo com café quentinho, no papo, não resisti.

Deu o tempo la e os moleque foram pra escola deles e ficou só eu, a Geovanna e a Elisa na casa. R7 ligou falando que ia fazer uma reunião comigo agora na parte da manhã e eu fiquei marolando enquanto isso.

Elisa : Maconheiro, vai fumar em outro canto, vai. -Chegou na sala falando e eu ri pelo nariz. Terminei de bolar o meu beck de boa e acendi, ignorando ela ali.

Henrique : Quer? -Ofereci e ela negou. -Vem cá, tu tem quantos anos em?

Elisa : Não te interessa. -Respondeu rindo. -Tô com trinta já, por que?

Henrique : Maior cara de novinha, da um caldo. -Soltei a fumaça e ela colocou as mãos na cintura me olhando de cara fechada.

Elisa : Se manca ovo mole. Ta achando que é moleza, né?

Henrique : Só falei que dá um caldo, malucona mermo. -Levantei e passei por ela. -E eu menti? -Parei do lado dela que me olhou de canto.

Elisa : Não sei ne, só provando pra saber. -Falou no meu ouvido, mordendo minha orelha fraquinho.

Deu barulho de moto e a gente se afastou um do outro rindo. Ela saiu da sala e a porta abriu. R7 entrou, trancando a porta e eu só acenei com a cabeça pra ele.

Geovanna : Sala ta preparada. -Chegou na sala e eu olhei pra eles. -Vamos.

Ele entrou no escritório ali fechando a porta e eu sentei do lado da Geovanna. R7 ficou encostado do outro lado da mesa, mas logo em seguida sentou também.

Ele começou a falar uma parada de preparação pra invadir um morro, nos próximos meses. Não entendi muito bem a parada de início, mas escutei até o final pra ter certeza do bagulho.

Henrique : Que morro é esse? E qual o do motivo? -Perguntei esticando minhas pernas.

Geovanna : É o Jacarezinho. -Começou a falar depois que o R7 deu sinal pra que ela pudesse falar. -Foi o morro responsável pela invasão que matou o Max, ele vai se vingar pegando o controle de la.

Olhei pro R7 calado, na minha e respirei fundo. Ele fez sinal pra Geovanna sair dali e eu ajeitei minha postura na cadeira.

Henrique : Qual foi a dessa? Não sabia que tinha isso no meio, é lance trabalhoso.

R7 : E por isso você vai contribuir pra que dê certo, qual foi Henrique, tu conhece tudo ali.

Henrique : Não sei se vai fluir bem pô, só isso. -Cocei minha cabeça.

R7 : Você ta aqui em troca da segurança da Cecília, não é? -Perguntou cruzando os braços. -Depois que eu ter minha vingança, tudo muda. Cecília deixa de ser um alvo e você faz o que quiser.

Fiquei marolando na minha e só concordei saindo dali. Deco queria vingança, até porque os cara fudeu com tudo la né, só não sabia quando e como ia ser. Parada assim é preparação de anos, mas pelo que parecia o R7 queria adiantar todo o processo.

Elisa : Vou precisar ir fazer umas compras aqui pra casa, ta ocupado demais ou da pra me levar la de carro? -Perguntou quando eu passei por ela.

Henrique : Levo pô, tô de boa. -Falei na moral e ela concordou se levantando.

Elisa : Vou ir me arrumar, demoro não. -Acenei com a cabeça e sentei ali no sofá, fiquei mexendo no celular e vi que tinha mensagem da Cecília.

Respondi ela e depois entrei num joguinho vagabundo la. Até a outra descer com um vestido aberto nas costas, mostrando as tatuagens dela. Encarei ela na cara de pau mermo, que revirou os olhos me apressando.

Peguei o carro e ela entrou logo em seguida, fui levando de boa batendo meus dedos na porta na batida da música.

Elisa : R7 não vai ficar quieto até conseguir essa fiança. -Suspirou. -Max era tudo pra ele. Foi complicado pra ele. -Falou. -Da casa eu fui a única que conheci ele, era um rapaz bom, tinha muita coisa pela frente. Entendo a raiva dele.

A gente continuou conversando até chegar no centro, ela comprou o que precisava e depois a gente voltou, mas antes passamos na escola dos cara e da criança la e voltamos pra fazenda.

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