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Henrique 🕊️

Assisti o jogo pelo fone do celular e assim que terminou eu guardei tudo no bolso. O jantar já havia acabado e eu só estava esperando o R7 na parte externa, marolando nas ideias.

Peguei meu celular outra vez e vi a Geovana sair do restaurante com o mesmo cara que ela entrou. Da parte que eu estava ela não me via, mas foi só o tempo dele dar as costas e ela sacou, acertando na cabeça dele.

O corpo dele se estirou no chão no mesmo instante e ela pegou o radinho, falou algo e os cara que tava dentro do restaurante saíram e começaram a limpar o local.

Depois de um tempinho ela veio na mesma direção que eu, e me viu. Suspirou relaxando os ombros e continuou vindo até mim.

Geovanna : Noite longa, né. -Concordei e ela sentou ali do meu lado. Tirou um cigarro bolado da bolsa e acendeu. -Quer? -Me entregou e eu peguei, traguei um pouco e devolvi.

Henrique : Ta nessa faz quanto tempo? -Perguntei e ela soltou um ar de riso, soltando a fumaça.

Geovanna : Desde que eu nasci. -Deu de ombros. -Requisitado você, né? R7 planejava trazer você pra cá há um tempo bom já, qual o preço pra você ter cedido hein?

Henrique : Situação complicada. -Falei e ela ficou me encarando. -Qual foi?

Geovanna : Nada uai. -Deu de ombros. -Vai pra irmandade com a gente hoje, né?

Henrique : R7 comentou dessa parada comigo, não tô ligado no que é direito, acho que vou ficar no hotel mermo. -Soltei a fumaça e fui devolver o cigarro mas ela não quis, então continuei com ele no bico.

Geovanna : É a nossa casa, geral que tem vínculo com ele fica la, é uma fazenda afastada de tudo. Ninguém com ficha suja, é basicamente como se fosse nossa própria facção...somos contratados pra matar, investigar, tudo. Se você ta aqui, teu lugar é la com a gente.

Henrique : Não fico bem com muita gente no mesmo lugar. -Falei firme olhando pra frente e ela riu.

Geovanna : Sua opinião vai mudar, tenho certeza! Ce vai vê que é tranquilo, não tem nota pra galera, tiramo muita onda. E eu vou ta la também...te ajudo.

Henrique : Cara...

Geovanna : Um dia, por favor! Se você não gostar, volta pra onde quiser, mas tenta, só uma vez. -Falou juntando as mãos e parou na minha frente.

Henrique : Tu consegue ser irritante né garota. -Falei rindo e ela bateu palma, animada. -Vai pra la que horas?

Geovanna : Depois que nós pegarmos suas bolsas no hotel, eu vou no toque. -Ela puxou o meu braço e foi falando na minha cabeça o tempo todo. Mas era maneirinha, ri muito com ela.

Não peguei tudo, organizei pouca coisa e nós fomos. Demorou uns trinta minutos pra chegar no local, mas era uma casa grande pra caralho.

Peguei a bolsa que estava na mão dela que foi caminhando na minha frente. Abriu a porta principal e tudo era organizado pra caralho.

-Gio. -Veio um pingo de gente correndo na direção dela e a Geovanna pegou ela no colo. -Tava te esperando, quem é esse? -Apontou pra mim e eu ri, que sorriu pra mim.

Geovanna : Ta tarde pra você ficar acordada, vai caçar caminho de cama, amanhã a gente conversa. -Beijou a bochecha dela que foi subir as escadas.

Henrique : Quanta gente mora aqui, em? -Perguntei e ela me chamou, sentou na cadeira do balcão e eu sentei no outro de frente pra ela.

Geovanna : Comigo são sete. Clarisse é a mais nova, tem sete. Minha irmã. -Abriu uma garrafa de cerveja e empurrou um copo pra mim.

Henrique : E vieram parar aqui como?

Geovanna : Minha mãe morreu quando eu nasci e meu pai era um fudido. Ele me tentou me vender com sete meses de idade, na época, o R7 pra me salvar deu o preço que ele pediu e me pegou pra criar...passou um tempo e eu descobri que ele tinha engravidado outra mulher, aí peguei a Clarisse. Quando eu cheguei aqui, já tinha o Carlos, a Elisa e o Maicon, cresci com eles e aí surgiu a irmandade. R7 morava no Rio, mas toda semana vinha ver a gente, deu educação, pagou escola, enfim...tudo! Com o passar do tempo ele trouxe o Natan e o Lucas, são irmãos gêmeos, os dois com dezessete.

Henrique : Caralho. E geral assim, pro crime? -Cruzei os braços e ela fez sinal de mais ou menos.

Geovanna : Ninguém entra obrigado. R7 sempre foi muito transparente com a gente, cada um fez sua escolha...eu poderia fazer o que quisesse, mas me atrai por isso, os gêmeos estão terminando a escola ainda, então só vão decidir isso depois. O Carlos é o mais velho, tem trinta e quatro já, quase não para aqui, ele que me treinou, por exemplo. O Maicon é empresário de umas boates aqui, revende drogas e tudo mais, tem vinte e sete. Mas sempre que tem algum serviço eles aparecem, é um hobby.

Henrique : E a outra, que tu comentou?

Elisa : Essa abusada prefere fingir que eu não existo. -Uma mulher gostosa pra um caralho, no papo mermo, ce pá a mais linda que eu já vi na vida entrou na cozinha. Ruiva do cabelo na bunda e toda tatuada.

Geovanna : É porque pra mim você não existe mesmo, feia. -A outra se aproximou de mim e segurou minha mão. -Ela é basicamente nossa mãe, ajudou geral em relação a criação aqui. Sempre foi responsável e cuidou de tudo.

Elisa : Menos por ela ter entrado nessa vida suja, foi a única coisa que eu pedi e a única coisa que ela não se hesitou em me desobedecer. -Suspirou e a Geovanna fez careta pra ela. -Prazer em te conhecer, Henrique. Seja bem vindo. Boa noite pra vocês.

Ela saiu andando e eu observei os passos dela, mas terminei de beber minha cerveja e a Geovanna me mostrou o quarto onde eu ia ficar. Organizei tudo e deitei fixando meu olhar no teto.

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