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Cecília 🇧🇷

Passei o pente no meu cabelo e ajeitei a roupa no meu corpo. Esperei um dos meninos da contenção do meu chegarem e subi na garupa, indo direto pro hospital.

Era a primeira vez que eu ia vê o Henrique depois daquele confronto, e eu nem conseguia imaginar o que passa na mente dele, depois de todo aquele lance, de descobrir que o R7 é o pai dela.

E pra falar a verdade, ninguém sabe, o meu pai contou pra mim e pra minha mãe e ficou por isso. Só sei que o meu coração partiu e eu só queria vê ele.

Desde aquele dia, até então, o pai dela está internado no hospital, ele precisou de transfusão de sangue, e o Henrique doou.

-Qualquer parada só me acionar, Chefinha. -Eu concordei agradecendo e fui entrando no hospital.

Cheguei até a recepção e falei o nome do paciente, a moça me entregou o número do quarto e eu fui entrando.

Cheguei em um corredor onde as janelas eram todas a vidro. Eu vi em uma delas o Henrique, ele estava sentado no sofá e eu vi a Geovanna, deitada no colo dele, ele estava passando a mão no cabelo dela e de alguma forma, aquilo me incomodou.

Ele notou a minha presença e levantou, ela só me olhou pelo vidro e sorriu de lado. Fui me aproximando e ele saiu do quarto.

Cecília : Oi. -Falei baixo e ele me abraçou, beijando a minha bochecha. -Vim vê como você tava, tava preocupada...

Henrique : Tô bem pô. -Falou com a voz falha e eu percebi o quão ele estava tenso.

Cecília : Vamo comer alguma coisa ali, você descansa um pouco, e depois fica melhor pra Geovanna ir.

Ele ficou meio assim, e entrou no quarto outra vez, ele falou algo com ela que negou com a cabeça. Eu vi de longe o R7, estava entubado, ainda não havia acordado da cirurgia.

Nós saímos pra praça de alimentação do hospital e ele comprou umas coisas, mas eu só quis um suco.

Cecília : Henrique...já fazem três dias, você precisa ir pra casa, ter uma noite de sono pelo menos, seu corpo não vai aguentar assim.

Henrique : Eu vou pô, quero esperar ele acordar pelo menos. -Soltou a respiração e eu peguei na mão dele.

Cecília : Eu sei que você tem esperança, precisa ter mesmo, sabe...apesar de tudo eu quero que ele fique bem, mas quero você se esforçando pra isso também.

Ele ficou calado e eu percebi que ele nem tinha tocado na cozinha, respirei fundo e apoiei o meu rosto no ombro dele.

Cecília : Como você ta se sentido, em relação a isso? Deve ser complicado, mas tipo, você ficou como?

Henrique : Acho que pior pô, não sei o que pior, papo reto. Em um dia um moleque de sete anos, descobrindo que viveu uma farça, só pra alimentar maldade dos outros e depois isso...não sei pô, não sei.

Senti tristeza na voz dele e fiquei sentida por ele, mas de qualquer forma, deixei ele a vontade.

Henrique : E você? -Perguntou depois de um tempo. -Fez as parada que comentou?

Cecília : Fui na ginecologista ontem. -Falei. -Conversei com os meus pais, esperar os exames e vê direitinho qual método contraceptivo eu vou usar.

Ele concordou com a cabeça, olhando pra frente e eu fiz o mesmo, ficando em silêncio com ele. Henrique disse que ia voltar e eu levantei pra ir com ele.

Cecília : A Geovanna...

Henrique : A Geovanna ta tão fudida quanto eu, tá barra pra ela aguentar essa parada de descobrir que é filha do R7 também. Eu tô aqui por ela, porque apesar de tudo, ela ama ele. Porque foi ele que criou, eu amo ela, não vou deixar sozinha.

Eu me calei na hora, porque eu não sabia dessa parte. Fiquei sem ter o que falar e ele me deu um beijo na testa, falou que me amava mas que estava sem cabeça pra conversar e simplesmente saiu andando em direção ao quarto.

Respeitei o momento, pensando em como tudo aquilo era possível e fui pra parte externa, liguei pros meninos e esperei um deles.

Mas eu me culpei, por ter sentido raiva da Geovanna com o Henrique, por ter imaginado algo a mais entre eles. Era confuso, nada entrava na minha mente e eu pensei então como estaria o Henrique, passando por isso tudo.

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