capítulo 1

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Pov Lua:

Acordei cedo para não ver a minha mãe, ou o meu padrasto. Ainda não consegui uma casa para alugar, todas que achei disponíveis para aluguel, ficam bem distantes da minha faculdade.

Eu não conheço o meu pai, para ser óbvia, minha mãe fala que ele abandonou eu e ela, quando eu ainda era um bebê, e hoje ela joga na minha cara que vive em uma situação ruim por minha culpa.

As palavras machucam, eu tento o meu máximo não me abalar por completo, às vezes dá certo outras não, e assim vou vivendo a minha vida.

Minha mãe de uns tempos atrás ela começou a mexer com drogas e algo relacionado, ela e o meu padrasto, o consumo dessas drogas deixam minha mãe mais violenta, pelo menos comigo, com o meu padrasto é a mesma coisa.

Me arrumei como sempre e corri para o ponto de ônibus, sei que vou ficar esperando um tempão, está muito cedo ainda, o ônibus só passa às seis da manhã. Estou quase me formando, criei um certo carinho pela medicina, e minha intuição pede para que eu siga essa carreira, talvez assim minha mãe fique orgulhosa de mim.

Tenho a Manu e o João de amigos, são os que eu mais confio e foram os únicos que se prontificaram a ajudar quando meu padrasto e a minha mãe me espancaram.

{...}

João: Qual foi Lua, toda vez você recusa sair._reclamou pela terceira vez.

Lua: poxa amigo, não é porquê eu quero, eu tenho minhas obrigações a fazer, você sabe que eu trabalho, não dá para ficar pedindo folga._expliquei.

Manu: Trabalho e blá blá blá._ fez uma cara engraçada.

Lua: Vocês sabem que se eu for querer depender da minha mãe eu não sairei bem dessa, nem sei quem é o meu pai, então o trabalho é necessário, agora se me permite, tenho que ir, ontem eu cheguei atrasada no serviço, quase fui demitida._ri me despedindo deles.

Minha mãe não reclama que eu saio, desde que eu deixe o almoço e a casa limpa, caso o contrário eu apanho e fico dois dias sem comer absolutamente nada, parece cruel, mas eu já me acostumei. Às vezes acabo demorando para chegar do serviço e dou um desculpa e ela apenas me bate, depende do atraso também.

Lua: Bom dia Jorge!_comprimentei o meu colega de serviço, eu trabalho em um barzinho aqui na zona norte. Não é um dos melhores empregos, mais dá para manter.

Jorge: Graças a Deus você chegou a tempo, hoje a patroa levantou com o pé esquerdo, a mulher está estressada._riu e eu fiz uma careta.

Fui até o banheiro e me vesti com o uniforme de trabalho e fui atender o pessoal no bar. Eu termino o serviço às três horas da tarde, já deixei o almoço pré pronto, só falta esquentar, às vezes eu consigo chegar mais cedo, e hoje não será esse dia.

Provavelmente o João vem me buscar hoje, o João é o meu melhor amigo, a pessoa dos melhores conselhos, tenho muito gratidão por esse garoto.

Quebra de tempo...

Mandei mensagem para o João avisando que estava terminando o meu serviço, fui para a cozinha do bar, lavei todas as vasilhas sujas ali na louça e por último passei um pano no chão, deixando o local pronto para o funcionário que já deve estar quase chegando.

João: A Manu está estudando para a prova de Imunologia, você também deveria estudar!_alertou

Lua: Até que Imunologia não é tão difícil pra mim, eu só tenho dúvidas em diferenciar leucócitos de linfócitos, o restante é bem bobeirinha mesmo._falei tentando lembrar às diferenças.

João: Vou te deixar na porta da sua casa, ok? Depois eu tenho que ir na biblioteca devolver uns livros que peguei, para pegar mais outros._assenti com a cabeça.

Fomos andando até a minha casa, não era muito longe, eram apenas quatro quarteirões depois do bar que trabalho. Chegamos em minha casa, que estava com a porta aberta...

Lua: Estranho, minha mãe não é de deixar a porta aberta por nada e ainda reclama quando eu deixo a mesma assim._comentei.

João: Esse carro aqui na frente é de quem?_indagou

Lua: Cara, eu não faço a mínima ideia de quem seja, só sei que está bem estranho._estremeci a voz, eu estava com medo, e não sabia o por que.

João: Se você quiser eu entro com você._segurou a minha mão.

Fomos entrando e estava a minha mãe e o meu padrasto sentados em um sofá e no outro três caras, que não pareciam ser boas pessoas.

Tentei entrar sem que chamasse atenção de todos, missão falha.

Sandra: Que bom que chegou, era de você que estávamos falando._falou em tom de frieza.

Lua: Eu?_respondi fraco.

Marcelo: Não pô, da pantera cor de rosa, é óbvio que é de você sua puta._falou grosseiro

Sandra: Sobe e arruma suas coisas, você vai para o Vidigal.

Lua: A gente vai se mudar, é isso?_falei ainda sem entender.

Sandra: A gente? A gente não, você vai, vendemos você para o dono do morro, a troco de drogas, digamos que a droga é mais útil que você._aquelas palavras me machucou de um jeito, como assim a minha própria mãe me vendeu para um criminoso.

Lua: Vocês não tinham o direito de fazerem isso, vocês não pensam na merda que estão fazendo não?_falei alterada.

Sandra: Ah, faça me rir Lua, arruma logo que os caras estão te esperando!_se referiu aos três meninos que estavam sentados no sofá observando toda a cena.

Lua: Não, eu não vou!_bati pé firme.

Marcelo: A nossa, me convenceu, arruma a porra da suas roupas e vaza daqui garota!_bateu no meu rosto.

Fui para o meu quarto chorando, acompanhada do João, que não havia dito nenhuma palavra até então.

João: Calma Lua, eu vou dar um jeito de te tirar dessa situação._me abraçou forte.

Lua: Me diz como João, só diz, por que não sei se você escutou, mais eles me venderam para o dono do morro, o dono da porra toda, a chance de eu sair dessa é só em um caixão, não tem saída._ saí do abraço indo em direção ao meu guarda roupa, pegando a mala que fica em cima da mesma.

Arrumei tudo mais que depressa, e sai do quarto de mãos dadas com o João. Na sala a  minha mãe, digo a Sandra e o Marcelo sorriam de canto a canto, eu espero que eles saibam que isso não vai ficar assim e logo mais eu irei me vingar.

***: Vamos embora, o Portuga já está cobrando a nossa demora!_disse um dos meninos, o outro veio e pegou a minha mala, levando a mesma até o carro.

João: Qualquer coisa você me liga, eu prometo que vou te visitar!_falou enquanto me abraçava._eu prometo que vai ficar tudo bem!

***: Vamos embora!_chamou do carro.

Entrei no carro, olhando pela janela todo o trajeto, eu odeio a minha mãe, ela não merece nem ser chamada de mãe, e odeio mais ainda o Marcelo. Enquanto eu pensava as lágrimas caía.

***: Relaxa Lua, a gente é do bem._disse o cara que estava dirigindo.

Lua: Valeu, mais ninguém me garante que eu não vou sofrer lá igual eu sofria com a Sandra e o Marcelo.

***: Basta seguir as regras e tudo vai dar certo, me chamo Sorriso, sou o sub do dono do morro.

Ri, e voltei a minha atenção para o vidro do carro.

POR AMOROnde histórias criam vida. Descubra agora