Pov Portuga:
Ficamos naquela por um bom tempo, eu fazia um leve cafuné nela, eu não tinha nada pra falar, eu não sei acalentar uma pessoa em estado de pânico, tenho que começar a aprender esse negócio. Aos poucos fui percebendo a respiração dela mais suave, da posição que estávamos não dava para olhar o rosto dela, inclinei um pouco a cabeça e ela estava dormindo, ainda suspirava por conta do choro, mas dormia.
Eu queria muito estar lá no escritório tentando descobrir o meliante que fez essa merda, mas eu também não queria sair daqui, e eu sei que qualquer movimento que eu fizer vai acordar ela, e eu não quero deixar ela sozinha aqui em cima.
Foram cinco anos eu imaginando essa cena, nós dois deitados na rede, admirando a vista, mas não tinha esse b.o todo na imaginação, talvez seja essa a última vez que ficamos assim, depois que toda essa revoada passar ela não vai querer nem a minha aproximação, não desse jeito.
Tava nervozão, angustiado, não podia fumar e nem cheirar, não é a situação certa pra isso, ainda mais com a Lua aqui. E o que tava me acalmando era o cheiro do cabelo da Lua, cheirinho bom pô, não sei distinguir direito, mas é bom, namoral, viciante que nem droga.
Começou a ventar frio e a Lua se encolheu do meu lado, aí fode com a minha vida, eu não posso me movimentar que senão ela acorda, mandei mensagem para a Karina trazer uma coberta. Não quero acordar a Lua, ela precisa se manter calma, e eu sabendo que ela está dormindo é uma preocupação a menos pra mim.
A Karina jogou a coberta por cima de nós e saiu também sem falar nada, o pessoal também tá tudo preocupado, eles tem mais contato com a Gabi do que eu, tô ligado como devem estar, se eu tô assim e olha que eu sou o pai dos dois. Minha cabeça não dói tanto porque eu ensinei o Anthony a se defender, o básico, não sou um doido de botar uma arma na mão do menino, ainda não é a hora. A Gabi é marrentinha e tudo, mas só comigo tá ligado, ela gosta de ver eu correndo atrás dela, me humilhando pela atenção da mesma, eu imagino o medo que eles estão.
O cara não saber envolver só adulto no problema, envolver criança é mancada, porra, os dois nem tem culpa, e esse cara quer a Lua que eu sei, obsessão do caralho.
Acabei adormecendo diante dos meus pensamentos, tava exausto não vou mentir, eu confio nos meninos e eles sabem o que fazer, por mais que eu queria tá lá ajudando a desvendar o negócio, eu quero está aqui, do lado da loirinha, sabendo que ela está mais tranquila e agarradinha em mim.
...
Meu sono foi rápido, assustei e ela ainda dormia, sua cabeça apoiada no meu ombro, e sua mão sobre o meu peito, quando isso aconteceu eu não sei, mas tá maneirinho o momento mesmo sabendo a situação que acontece lá fora.
Vi ela mexendo a cabeça de um lado para o outro e abrindo os olhos lentamente.
Portuga: Tá mais tranquila?_falei baixo e ela assentiu.
Lua: Você está aqui a quanto tempo?_respondeu rouca.
Portuga: Desde quando você dormiu, fiquei com dó de te deixar sozinha aqui, acabei dormindo junto. Vem, vamo lá pra você comer alguma coisa, os caras já deve ter descobrido a localização._falei e ela se levantou da rede e eu levantei logo em seguida.
Por mais que esteja bom o momento, eu infelizmente não posso curtir tanto assim, os menor tão lá sozinho, não sei como tão, se estão se alimentando, se estão judiando. Se tiver um arranhãozinho neles, o cara que fez isso vai sofrer as piores das consequências.
Mané se mete com bandido sabendo das consequências, é louco mesmo pra desafiar a morte, tamo ciente que quem fez isso não vai sair vivo, mexeu com meus filhos porra, um caralho que eu vou deixar o cara sair livrezinho dessa.
...
Ld: Ae, consegui mais ou menos!_me chamou.
Portuga: Vai ajudar muito?_olhei pra ele que assentiu.
Sorriso: Jogamos no GPS e deu a um lugar, só que aí que fica ainda mais difícil, não sabemos onde fica e certamente não é aqui dentro do Rio de Janeiro.
Portuga: Porra, aí fode com a minha vida. Não dá nem pra basear onde fica mais ou menos?
Ld: Tô tentando aqui, negócio tá difícil, ao mesmo tempo que indica um lugar fora do Rio, já aponta para um próximo daqui._olhava para a tela do computador.
Lua: Posso dar uma olhada no mapa que a localização liberou? Às vezes eu consigo encontrar alguma coisa._entrou no escritório.
Seu rosto ainda estava vermelho e inchado de tanto chorar, mas ela ainda continuava linda, deslumbrante, uma loira gostosa paizão.
O Ld cedeu espaço para ela na frente do computador e ela mexia no negócio como se tivesse bastante experiência daquilo, não é novidade, essa mina sempre foi muito inteligente.
Lua: André? Sabe aquele lugar que a gente passou quando eu assaltei o banco? Naquela estrada abandonada?_olhou para ele.
Sorriso: A estrada da fazendinha? Sei pô, porque?
Lua: Não sei ao certo, mas me parece que lá próximo tinha uma casa no meio do mato, possivelmente abandonada, não tinha?
Sorriso: Não sei, faz tanto tempo que não uso aquela estrada, mas podemos ir lá ver se quiser. Deve ter modificado um pouco, estavam fazendo uma construção lá perto deve ter mudado muita coisa.
Ld: É só falar, não estamos assaltando mais e não usamos aquela estrada, mas por via das dúvidas vamos lá ver._falou rápido e o Sorriso mandou o dedo do meio para ele.
Portuga: Vamos lá então, pega uma blusa de frio, são três da manhã, por aquele canto faz frio demais._peguei minhas chaves em cima da mesa.
Lua: Sei lá, é porque na vez do assalto eu lembro que o endereço da fazendinha não era identificado no mapa, resumindo, pode ser que esteja registrado como fora do Rio de Janeiro, não lembro das coordenadas, mas podemos ver se as informações se assemelham._levantou ajeitando a roupa.
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POR AMOR
FanfictionSe eu errar que seja por muito, por amar demais, por me entregar demais, por ter tentado ser feliz demais. - Clarice Lispector 12/01/2022