Pov Lua:
Peguei uma arma que achei no escritório do Portuga, eu estava tão nervosa que os dezenove graus que fazia na madrugada não fazia nenhum efeito em mim, eu não sentia frio, não sei se isso é preocupante.
Estava saindo de casa quando meu celular tocou novamente, número privado, certamente o indivíduo que sequestrou as crianças. Respirei fundo antes de atender aquela ligação, é angustiante, é um sentimento ruim. Eu sabia o quão complicado seria ao me envolver com o crime, e foi uma das primeiras coisas que eu pensei quando descobri a gravidez. Colocar a vida da minha filha em risco.
Portuga: Atende e põe no viva voz._me olhou, eu assenti, e todos ficaram calados quando atendi a ligação.
Ligação
***: Sabia que você estaria acordada a essa hora, estou te avisando que a nossa filha está bem e que o bastardo tá vivo, por enquanto.
Gabi: Eu já te falei que eu não sou a sua filha._gritou do outro lado da linha e uma imensidão de paz transbordou em meu coração.
Lua: Vamos resolver isso logo, haja como um adulto e faça o certo, não estou entendendo esse receio em resolver seja qual for o problema comigo._falei firme.
***: Você não sabe exatamente quem eu sou, embora eu não tenha te feito nada, eu sei que você não iria querer papo comigo, foi necessário ter a nossa filha em minhas mãos. Como uma ótima mãe você vai vir atrás dela, não vai?
Fiquei em silêncio, ele sabe da resposta e possivelmente tudo faz parte do plano.
***: Eu precinto que você esteja do lado do Portuga, e dos demais traficantes, é o seguinte, vou te passar a minha localização por e-mail assim que o sol nascer, e eu quero você aqui, sozinha, caso contrário eu serei obrigado a matar o bastardo.
Ligação
Ódio, ódio é o que me resume. Cara, são crianças, elas não tem culpa de nada que está acontecendo. Só de ter escutado a voz da Gabi já fiquei um pouco mais tranquila, o ideal era os dois aqui brincando como devem fazer.
São quase quatro da manhã, faltam duas horas praticamente para o sol nascer. A Gabi acordada a essa hora, será se eles estão se alimentando, covardia seria fazer eles pagarem por algo que eles não tem nada a ver.
Matar o Anthony, o rapazinho é um amor de pessoa, como pode tanta crueldade. Eu juro que quem quer que seja, vai pagar um alto preço por ter feito isso, essa pessoa não sabe com quem está mexendo.
Portuga: Então é o seguinte, vamos esperar o imbecil mandar o e-mail. Dependendo da localização, a Lua vai e nós procuramos um jeito de ir junto de uma forma que ninguém perceba..._contou o plano.
Se a pessoa tem o meu e-mail, obviamente essa pessoa já foi muito próxima de mim. Todo esse tempo eu achava que era o Vinícius primo do Pedro, mas não parece muito ser ele, a voz rouca, não é estranha pra mim.
Sorriso: Quem você acha que pode ser Lua?_me olhou.
Lua: Por um momento eu achei que era o Vinícius primo do Pedro, mas não parece tanto assim, sei lá, só sei que não é estranho a voz, a forma de falar._sentei no sofá ao lado do Kaio.
Kaio: Vai dar certo, o ideal era sabermos ou ter uma idéia de quem é, mas vamos conseguir e logo logo nossos meninos vão estar aqui._me abraçou.
Portuga: "Eu já te falei que eu não sou sua filha "_imitou a voz irritada da Gabi.
Portuga: Essa é a minha filha, a marrentinha, bate mó medo futuramente, quando essa menina tiver de tpm, caralho, gosto nem de pensar._fechou os olhos coçando a cabeça.
Lua: Ela é a sua filha, é o mínimo que pode se esperar dela. Já tentei tirar a marra daquela garota mas me parece que é algo dela, que ninguém consegue tirar. Eu realmente espero que ela mude futuramente!_sorri fraca.
...
Todos reunidos na sala, meu pai não parava quieto, não só ele como também o Portuga. Do meu lado o Kaio me abraçava, era o único que estava mais tranquilo, pelo menos parecia estar.
O Sol estava começando a nascer, chegava notificações no meu celular mas nenhuma era de e-mail. É engraçado, eu não costumo receber mensagem às cinco e quarenta da manhã, e justamente hoje o pessoal decide mandar, isso acaba com a minha ansiedade.
Portuga: De qualquer forma vai ser o seguinte, dependendo do lugar marcado, vai eu e os meninos em um carro, e você no outro, sozinha. O ideal é ficarmos um pouco distante, e no momento de distração aproximamos e pegamos o otário.
Falou pra mim e eu apenas concordei, admiro por ele estar conseguindo planejar algo. Eu não tenho cabeça para elaborar absolutamente nada.
Tempos depois chegou o tão esperado e-mail, o endereço era estranho, mas logo em seguida me enviaram a localização em tempo real, ajudaria ainda mais.
Ld: O negócio realmente parece passar pela estrada da fazendinha!_me olhou impressionado.
Geralmente eu iria ficar convencida, e orgulhosa de mim, mas eu não estava no clima para me gabar e nem nada do tipo.
Por mais essencial que fosse eu não poderia ir armada, acredito que eles não sejam burros ao ponto de não me revistar antes mesmo de autorizarem a minha entrada no local. Pelo menos é o que acontece em filmes e séries, de qualquer modo eu já tenho uma certa noção do que fazer.
O suco de maracujá por incrível que pareça, me deixou mais calma, e isso não é costume de acontecer. Suco de maracujá não me acalmava e nem me dava sono, incrível.
O carro dos meninos estão carregados de armas, sabemos que querendo ou não será necessário utilizar os mesmos. Serão três carros, sendo o meu e mais dois, onde os meninos se dividiram. Eu seguia o gps, e logo atrás os meninos vinham. Passamos pela possível fazendinha e no app pedia para seguir direto e virar a esquerda, assim fiz.
Avistei uma casa no final da estrada, certamente o local marcado, fiz um sinal com o farol para que os meninos ficassem por lá e continuei dirigindo, estacionando o carro frente a casa.
A estrada era de barro, quando estacionei uma imensidão de poeira tomou conta. Isso é bom, pois é uma maneira perfeita de não perceberem que os meninos estão logo atrás.
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POR AMOR
FanfictionSe eu errar que seja por muito, por amar demais, por me entregar demais, por ter tentado ser feliz demais. - Clarice Lispector 12/01/2022