Pov Portuga:
Chegamos em São Paulo, vamos ficar por aqui durante três dias mais ou menos, geralmente ficamos uma semana. Fomos para o hotel que havíamos reservados, o ruim de ser um traficante é que o risco de andar em um transporte público como avião e ônibus é enorme, por isso viemos de carro próprio, até porque ainda não tive a oportunidade de desembolsar um jatinho particular, quem sabe futuramente.
Avisei para a Lua que nós havia chegado e dormi, falar pra tu, dirigi cansa. Na verdade não cansa o que cansa é os farol batendo no seu rosto o tempo todo.
...
A reunião do PCC aconteceu, só traficante patente alta, os caras combinou de virmos para uma boate, mesmo eu não achando isso uma ótima ideia eu aceitei, só ia beber mermo e ficar curtindo com os caras, sem pegação nem nada, afinal o bambolê tá no dedo.
Vim uma vez na boate aqui de São Paulo, prefiro mil vezes a do Rio, o povo já me conhece, me tratam como rei.
Fui até o barman e peguei uma dose generosa de whisky só para animar, tocava uma música eletrônica, os playboyzinhos tudo no front dançando, umas meninas me olhavam com desejo, infelizmente estou acostumado com isso, que culpa eu tenho se sou tão irresistível, porém elas teriam que resistir, o pai é casado.
Preto: Aí Portuga, bora?_balançou um saquinho de cocaína e eu sorri negando.
Peguei meu celular para responder uma mensagem que a Lua havia mandado e minha atenção foi desviada quando uma moça com todo respeito mas bem bonita me chamou.
***: Festa chata né?_falou e eu assenti com a cabeça colocando o meu copo com whisky na mesa, e voltando a minha atenção para o celular.
***: Diz aí, você é de onde? Nunca te vi aqui!_se aproximou ainda mais e eu me afastei.
Portuga: Rio de Janeiro!_falei curto.
***: Ah sim, sou de São Paulo, solteiro?_me olhou safada.
Portuga: Casado!_apontei para a minha aliança.
Pô, a mina era bonita mas não chegava aos pés da Lua, isso é fato. A mina ainda continuava me olhando, negócio tava me incomodando já. Dei um gole bom no meu whisky e senti uma parada estranha, pode ser também por conta da bala que eu estava na boca.
***: Qual o seu nome?
Portuga: Victor Oliveira, casado, tenho sete filhos e dois cachorros, minha mulher não gostaria nada de ver você aqui perto de mim nesse assanhamento, então para o seu bem eu sairia daqui!_falei impaciente.
***: Calma gatinho, me chamo Samantha, e não estou vendo a sua mulher aqui._se aproximou ainda mais.
De tanto eu tentar sair fora dela eu já estava grudado na parede, não tinha saída, acho que se eu tivesse falado que eu era gay resolvia as coisas. Olhei para os lados procurando alguém para me tirar dessa mas não achei, merda.
Portuga: Olha Samantha, sou contra homem bater em mulher, então se possível, me deixe em paz, tô na minha, minha mulher está no Rio, e independente se ela está ou não aqui, eu devo fidelidade e respeito, igual a você, você não precisa ver ela aqui para me respeitar!_falei na grosseria e em nenhum momento ela mostrou medo, porra.
Meu dedo chegou coçar para pegar a arma e enfiar um tiro na testa dessa mina, pô já sou traficante, dar um tiro nessa menina aqui vai deixar a minha ficha suja aqui em São Paulo, tem câmera aqui nos quatro cantos.
Samantha: Eita, calma, podemos conversar numa boa!_sorriu forçada.
Virei o meu rosto olhando a pista e o reflexo da luz bateu fortemente no meu rosto, fiquei tonto, sensação que eu sentia quando usava cocaína ou maconha.
Balancei a cabeça tentando sair do transe mas parecia que piorava ainda mais, porra. Tudo rodava, tava doidão.
Enxerguei o copo de whisky e do lado uma garrafa de água, minha visão estava turva, mas eu conseguia enxergar. A mulher do meu lado me entregou a garrafa d'água e eu com muito custo virei ela na boca.
No último gole minha garganta secou, droga, me drogaram, eu tinha um restinho de consciência ainda, olhei para a menina e enxerguei a Lua, ela veio aqui me acompanhar, a Lua veio me acompanhar.
Lua: Oi amor!_sorriu.
Portuga: Vida!_sorri e lasquei um beijão mermo.
Pô cara, tava com mó saudades de beijar ela, gosto de ficar longe dela não. Senti mais outro reflexo de luz no meu rosto mas nem preocupei, o foco era beijar a minha mina.
Cabeça tava rodando a mil, minha visão turva, vi a menina rindo pra mim, dei mais um gole na bebida que eu vi na minha frente, e comecei a dançar.
...
Levantei com a cabeça doendo pra caralho, porra, anotaram a placa do caminhão que passou em cima de mim? Levantei e passei a mão no rosto tentando captar onde eu estava. Olhei para o lado, a Lua não estava, porra foi um sonho, eu ainda tô em São Paulo, droga.
Tomei um gole de água e um remédio que eu havia comprado no Rio, peguei meu celular jogado no chão, não tinha mensagem nenhuma, eram duas da tarde, nem um bom dia apareceu.
Mandei mensagem para a Lua, ela não estava online por incrível que pareça, talvez esteja de plantão.
Ligação
Sorriso: Pô cara, tá vivo?
Portuga: caraca parceiro, como que eu vim parar aqui?
Sorriso: lembra de nada não cuzão? Mané, você embebedou feio! Tava na pista dançando feito louco, os seguranças chamaram a gente para te levar embora, deu um piti pra não vim, mas pai deu um sossega em tu, porra viado, tu bêbado é insuportável!_riu
Portuga: não acredito que o meu sogro teve que cuidar de mim, merda!_sorri.
Sorriso: pai falou a mesma coisa, lembra de nada não caralho? Pô, tu se drogou ou só bebeu?
Portuga: Namoral, não estou lembrando de absolutamente nada véi, só sei que droga eu não usei, bebi três copos de whisky, só._ passei a mão na cabeça.
Sorriso: Tava fora do normal, certeza que você tava sem consciência do que estava fazendo, sua pupila tava dilatada parceiro, certeza que não se drogou?
Portuga: Cólfoi pô, cê sabe que tem praticamente dois anos que eu parei definitivamente com essas coisas, vou mentir pra quê? Parou de cuzagem.
Sorriso: tanto faz, daqui a pouco tô brotando aí pra nós ir pra reunião!
Ligação
só faltava essa agora, certo que eu lembro de pouquíssimas coisas que aconteceu, mas tô na certeza que eu não usei nada, sinceramente vou parar com os whiskys e focar somente na cerveja, o bagulho tá ficando feio, será se o meu fígado já não tá aguentando mais? Porra, gosto nem de pensar num bagulho desses.
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POR AMOR
FanfictionSe eu errar que seja por muito, por amar demais, por me entregar demais, por ter tentado ser feliz demais. - Clarice Lispector 12/01/2022