Pov Lua:
Dancei com ele, corpo levinho, mesma sintonia, só deixava ele comandar os passos. Se um dia alguém falou que a música é uma cura para a tristeza, esse alguém acertou em cheio, realmente a música alivia determinada angústia.
Lua: Onde você aprendeu a dançar?_sentei no sofá.
Kaio: Forró da oitenta e sete tá ligado?_deitou a cabeça no meu colo.
Lua: Forró da terceira idade? Eu não acredito que você pegava as velhinhas por dinheiro?_brinquei e ele me olhou sério.
Kaio: Uma época quando eu morava na rua, tava passando pela avenida e escutei essa mesma música, o pessoal lá tava dançando tá ligado? Maior sintonia, namoral. E eu fiquei fascinado com o negócio, a mão com uma caixa de balinhas do lado, aquele dia eu tinha faturado cinquenta centavos, tava desanimadão pra porra, não era o suficiente para comprar nem um grão de arroz, e eu fiquei assistindo o povo lá dançando. Achei parada interessante aquilo ali, tava na cara que o povo tava se divertindo, aquele dia eu virei fã da música._sorriu fraco.
Lua: A música me ajudava a distrair a mente, na época do meu sofrimento, de onde eu morava era meia hora até a faculdade e às vezes eu não tinha dinheiro para um Uber, eu ia andando escutando música, e era um momento que eu esquecia de todos os meus problemas.
Kaio: Pô Lua, não esconde nada de mim não parça, é mó ruim ver você triste, parada ruim mermo, e nem sei o motivo de você estar assim._fez um cafuné no meu cabelo.
Lua: Relaxa, é TPM!_menti, rindo.
Kaio: Então tem dias que eu tô de tpm, fico todo neurótico igual tu!_brincou.
Lua: É besta mesmo!_sorri negando com a cabeça.
Deitei no colo dele e ele ficou fazendo cafuné até eu dormir, às vezes nós só precisamos disso, um bom cafuné.
...
Acordei e estava eu e o Kaio no sofá, o Kaio estava dormindo profundamente, fiquei até com dó de acordar ele para ele ir pro quarto. Levantei, fui no banheiro e voltei para fazer o café.
Pov Portuga:
Quarta-feira tem jogaço do flamengo e pá, mó farra no Maracanã, ultimamente tô andando igual prefeito em época de eleição, só promete e não cumpre. Lembrei que prometi levar a Lua em um jogo do flamengo, arriscado eu sair por aí, o povo sabe quem eu sou, apesar da ficha limpa eles sabem dos meus crimes, mesmo não constando nada lá.
Pedi um dos vapores para comprar três ingressos, pra mim, pra ela e para o Kaio. Mandei uma mensagem para ela avisando para passar aqui quando desocupasse.
Tava no escritório, não tinha nada para fazer, então eu fiquei fazendo vários nadas, com essa minhas ficadas com a Lua, eu acabei bloqueando umas minas no meu celular, por questões de paz mermo, não tava afim de perreco.
Eu estava mexendo no celular até ver a figura de uma mulher na porta, olhei sério, era a puta da Bárbara, Bárbara é uma mina aqui do morro, que dá para todos os patente alta e não nega fogo, tem corpinho maneiro, fiquei com ela algumas vezes no sigilo, boazinha de cama, mas não chega aos pés da Lua, até os gemidos são diferentes pô, comparar pra quê?
Bárbara: Oi benzinho!_passou a unha na mesa fazendo um barulho irritante.
Não sei se era eu que estava estressado com a presença dela ali, ou se eu estava eu estava chato, não sei, mas tô sem moral com puta.
Portuga: Cólfoi?_perguntei grosso e ela me olhou sem entender.
Bárbara: Calma gracinha, está estressado demais, não acha? Você precisa relaxar!_ficou atrás de mim e começou a fazer massagem.
Portuga: Namoral, vaza pô! Tô afim de nada não, rala daqui!_falei desviando dela.
Bárbara: Não estou entendendo Portuga, porque está me tratando assim?
Portuga: Você me estressa Bárbara, para de caô pô, se valoriza, se quiser sentar pra macho procura outro!_continuei a mexer no celular.
Ignorei na esperança que ela saísse dali, tu saiu? Porquê ela não. Ela ficou lá me olhando com os braços cruzados.
Bárbara: Virou gay foi?_sorriu cínica.
Portuga: Porque? Só porque eu não quero te comer significa que eu sou gay? Se manca parceira, sabe receber um fora não? Num tô afim e pronto, não é aqui que você vai conseguir!
Bárbara: Cheiro de mulher na jogada, tá de coleira Portuga?
Portuga: E se? Tu não tem nada a ver com a minha vida não parceira, se orienta, sou obrigado a te comer não, se preserva filhona!
Bárbara: Quem foi a desgraçada que te botou coleira?_me olhou séria.
Portuga: Foi Noé, não é da sua conta. E mesmo se eu tivesse de coleira, pode ter certeza que ela vale mais a pena que você!_pisquei para ela, que saiu dali nervosa.
Gente burra é caso complicado, podia ter recebido o fora e ido embora, mas não, ficou me atormentando e escutou até o que não queria.
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POR AMOR
FanfictionSe eu errar que seja por muito, por amar demais, por me entregar demais, por ter tentado ser feliz demais. - Clarice Lispector 12/01/2022