capítulo 16

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Pov Portuga:

Ela estava tensa, era perceptível na sua respiração e no seu olhar distante, eu sabia que essa pergunta pode ter sido idiota, mas porra, não consegui conter a curiosidade.

Lua: Eu tinha doze anos, estava voltando da escola, bem, a minha mãe estava no shopping com as amigas, e em casa estava eu e o Marcelo em casa, ele estava no quarto dele deitado vendo vídeo pornográfico no celular._deu uma pausa para respirar.

Portuga: Ér...

Lua: Como de costume, eu cheguei e fui para o meu quarto, sentei na cadeirinha minha que ficava no canto e fui fazer a minha tarefa de escola, era sobre fração a atividade, lembro até hoje_riu fraco

Lua: Terminei minhas atividades, e fui para a sala, o meu quarto ficava ao lado da Sandra, a minha mãe, e bom, para eu ir para a sala passava na frente do quarto, a porta do quarto estava entreaberta, era impossível não ver a cena, o cara estava se masturbando na cama, corri dali indo para a cozinha, fiquei bebendo água e fiz o meu máximo para ficar quieta para o otário não perceber a minha presença. Minutos depois ele chegou na cozinha, ficou falando coisas nojentas, sobre o meu corpo e sobre a minha intimidade.

Lua: Eu falava com ele para se afastar, mas ele se aproximava mais e mais, ela me agarrou, eu ficava me debatendo, mas ele era mais forte que eu, ele fez o que fez comigo, falou várias coisas nojentas, eu não conseguia sair daquela situação. Aquele dia foi o pior dia da minha vida, e eu não consegui me defender e nem fazer nada.

Portuga: Nossa parça, eu sinto muito, sua mãe sabia disso?

Lua: Falei, ela me espancou e falou que eu merecia aquilo, ela falou que fui eu que provoquei aquele merda, eu passei noites chorando, porque eu não tinha feito nada, e nunca havia dado motivos para aquilo, eu juro que eu não fiz nada._limpou às lágrimas.

Portuga: Eu sei que você não fez nada, eu confio em você, mas caralho, desculpa, mas você tem uma família horrível.

Lua: Eles não são a minha família, a minha família é eu, meus livros e o meu violão._riu

Portuga: Olha se você quiser, a gente pode ir lá agora mesmo e meter bala na cabeça dos dois e sair por aí como se nada tivesse acontecido._dei idéia.

Lua: Relaxa, não será necessário, deles eu quero distância, tô falando aqui de mim, mas você não vai me falar sobre você não?_sentou ao meu lado na borda da piscina.

Que rabão, olhei rápido, e ri com aquilo, ela não me olhava, fica encarando apenas a piscina, eu não sabia o que dizer, seria injusto eu deixar a mina falar dos b.o dela e não falar dos meus.

Pov Lua:

Sobre esse assunto ninguém sabia, apenas eu, eu me sentia um lixo por ter passado por isso. Contei para o Portuga, porquê eu realmente senti confiança nele.

Portuga: Eu tinha uns quatorze anos na época, o morro estava em invasão, meu pai saiu como todas as vezes quando acontecia, beijou a minha mãe, me abraçou e abraçou a Karina, ele falou para que a gente ficasse bem e que amava a gente, ela não fazia isso, até então. Bom, uma hora depois os tiros passaram, meu pai não chegava por nada, a minha mãe estava preparando o almoço e a Karina brincando com a boneca dela, sem que minha mãe percebesse eu saí para a rua, para encontrar meu pai._respirou fundo.

Portuga: Tinha uns caras bloqueando a passagem dele, eles discutiam alto, meu pai só pedia para que eles só afastassem, um dos caras disparou dois tiros na cabeça do meu pai, ele sem vida, eu não pude fazer nada, os caras não perceberam a minha presença naquele lugar, ambos saíram correndo da cena, eu corri até o meu pai, coloquei a cabeça dele sobre o meu colo  eu tinha uma grande esperança que ele ainda estava vivo, eu só sabia chorar, estava todo sujo de sangue, desde então desenvolvi depressão e ansiedade, meu tio o irmão do meu pai tomou conta do morro, até eu completar dezessete anos, meu envolvi com o mundo do crime, não era o que eu queria, mas era a minha obrigação, eu só faço o que faço hoje para honrar o meu pai, comecei a beber e usei drogas, principalmente a maconha, toda vez que usava, passava o replay novamente de tudo que aconteceu naquele dia, eu ficava violento, eu meu incorporava, hoje não uso nada relacionado, apenas bebo._falou como se não fosse nada demais.

Lua: Eu não sei a sua dor, mas seu pai deve estar muito orgulhoso de você, você administra o morro com responsabilidade, ele deve estar muito feliz._tentei confortar o mesmo.

Portuga: Meu sonho era ser um policial, eu achava um máximo aqueles homens fardados e autoritários, era uma criança, ingênua._riu.

Lua: Só acho impressionante o dono da boca não usar drogas, eu entendo o motivo, mas caraca, jamais imaginaria isso._ri

Portuga: Você não é a primeira a ficar impressionada, tem gente que até dúvida._riu.

todos nós calamos, só escutava o barulho do vento nas palmeiras da casa do Portuga, tava constrangedor aquilo ali.

dois dias depois...

Foi como eu havia falado, tudo voltou ao normal, o Portuga rígido como sempre, bipolaridade do cão.

Já repassei o assalto umas seis vezes, e certifiquei se realmente iria dar certo, tudo indica que sim, e eu realmente espero que dê, não me imagino atrás das grades.

Pelo bem da minha ansiedade, iremos assaltar nessa madrugada, consegui tudo que precisava, o Ld me indicou os melhores vapores do morro para me ajudar, e o Sorriso me mostrou as melhores armas para utilizar.

Andei observando a planta do banco, e descobri uma possível saída no terraço, um pouco arriscado sair por lá, usarei como plano B.

Fiz o meu trabalho e fui treinar minha mira, preciso estar totalmente preparada para qualquer situação, os meninos trouxeram uma cerveja, para eu relaxar, tenho que admitir, estou tensa demais.

Voltei para casa, tomei um banho de água gelada, olhei novamente o meu plano, que dê tudo certo.

POR AMOROnde histórias criam vida. Descubra agora