capítulo 27

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Pov Lua 📍

Eu sabia que se eu tentasse dormir iria ser falho, levantei da cama e tomei um belo banho para despertar, vesti uma roupa confortável e fui estudar um pouco da matéria que foi passada na aula.

Minha mente estava cansada, eu não estava prestando atenção no livro, já voltei atrás umas seis vezes, mas toda vez acabo me perdendo, algo que me dá nos nervos é não conseguir focar naquilo que eu quero por coisa boba.

Estava com estômago vazio, a probabilidade de eu permanecer no quarto por teimosia e não sair para comer e desmaiar aqui dentro é enorme, para evitar trabalho para os outros vou comer, é o melhor a se fazer.

Estava muito cedo, não tinha ninguém acordado, também quem levanta cedo em pleno domingo, nem era para eu estar acordada agora, talvez se eu não tivesse sonhado eu estaria em um sono profundo até agora.

Quando eu tiver tempo eu vou pesquisar para que serve o sonho, tenho vinte e dois anos de vida e nunca descobri o fundamento do sonho, não é necessário, pode ser que seja um pouco, mas bem pouquíssimo.

Peguei uma goiaba que estava na fruteira e voltei para o quarto, tava entediada, não sabia o quão ruim era ficar sozinho sem nada para fazer, sem poder nem me concentrar direito.

O motivo da minha desconcentração foi o beijo da noite passada, o negócio foi tão coincidência que eu sonhei com o beijo justamente com ele e depois aconteceu, eu espero de coração que quando eu for casar não aconteça a mesma merda, estou traumatizada real.

É tão engraçado a forma que minha vida decide dar uma reviravolta assim sem mais nem menos, não recebi notícias da minha mãe, provavelmente está perto de entrar em uma overdose de drogas e bebidas, ou não. Tomara que esteja bem, ela fez tudo que fez comigo, mas ainda assim continua sendo a minha mãe, e eu não quero carregar esse sentimento de ódio por ela.

Eu sei que vai ter muitos que vão me julgar, mas vão entender que eu guardo mágoas sim, mas não ao ponto de criar um sentimento de ódio. E um defeito que acaba se tornando qualidade, é que eu sou muito orgulhosa, e sou a base do oito ou oitenta, para voltar atrás de uma opinião decisiva minha tem que ser algo que eu gosto extremamente.

Peguei meu livro e fui para a área externa, por um momento eu até pensei em ir na varanda de cima mas preferi não arriscar.

O livro ficou apenas de enfeite, eu não conseguia me concentrar na leitura, estava realmente complicado, fiquei jogando um joguinho de baralho que eu deixei instalado no celular, o propósito era só passar o tempo.

Karina: Você por aqui? Está acordada à essa hora porque garota, domingo parça, geralmente o pessoal acorda tarde._apareceu na porta da cozinha, se aproximando de onde eu estava.

Lua: Perdi o sono, faz umas duas horas que eu estou acordada, você acha que não está cedo demais para estar acordada não?

Karina: iii ala, logo eu que nem dormi essa noite._deu um sorriso safado, que me fez entender tudo.

Lua: Mulher, e eu achando que vocês tinham ido para um bar.

Karina: Essa foi a desculpa, por sorte o Portuga não quis ir, e bom só estou chegando agora.

Lua: Ele gosta muito de você, não decepciona ele, tenho ele como um irmão para mim.

Karina: Eu também gosto muito dele, ele me faz um bem tão grande, eu acho que eu estou apaixonada por ele._falou com os olhos brilhando.

Lua: Já dizia o meu velho amigo Rodrigo Faro, isso vai dar namoro!

Karina: Ou talvez não, ele me falou que era para termos calma, um passo de cada vez, às vezes acho que sou apenas um passatempo.

Lua: Ele não me fala muito de vocês, até porque eu descobri e bom, o olhar dele revela muita coisa, ainda mais quando olha para você, depois você repara todas as vezes ele tenta disfarçar.

Karina: Vamos para a praia hoje?_mudou o assunto.

Lua: Claro, se o seu irmão deixar óbvio, preciso de permissão para sair.

Karina: Sua inocência me cansa às vezes, o assalto que você fez, aquele dinheiro que você passou para o meu irmão, foi praticamente comprando a sua liberdade, óbvio que tem que saber como lidar com o Pedro, mas você não precisa de permissão, o caralho que você vai deixar um homem mandar em você.

Lua: Não é bem isso, desde que se trate de um homem que me ameaça e pode me matar a qualquer instante sem medo e nem piedade, eu obedeço sim, a minha vida é ruim mas não significa que eu quero morrer, desde que eu faça esse trabalho eu mesma.

Karina: Vira essa boca, só fala coisa com coisa, eu ein, vai lá quero sair daqui as dez horas da manhã.

Lua: Tá bom._assenti, a mesma saiu e eu voltei a minha atenção para o celular.

Fiquei naquela por um tempo bom, já estava cansada de ficar jogando, não havia nada para fazer, fiquei lá sentada olhando para o tempo. Não gosto de ficar refletindo sobre a minha vida, sou muito paranóia, agora eu estou aqui pensando, daqui a pouco eu estou toda depressiva trancada no quarto chorando por absolutamente tudo.

Um dia eu acostumo com os meus problemas, enquanto isso a gente permanece nessa mesmice.

Portuga: Cólfoi da Karina está acordada esse horário?_apareceu na porta da cozinha.

Lua: Ela levantou para ir no banheiro, e veio aqui na cozinha para tomar água, só que já voltou para o quarto._menti.

Portuga: Hum, estranho._falou e saiu.

Vou fazer igual o Portuga, fingir que nada rolou, que ele é apenas mais um, e fingir normalidade. Pela primeira vez vou agir da mesma forma que ele, sei nem o porquê da minha preocupação, foi só um beijo, nada demais.

Fui para o quarto arrumar a bolsa que levaria para praia, não faço idéia do que levar, sempre fui à praia de madrugada, quando eu tinha crise de ansiedade, mas não levava biquíni nem nada, só respirava a brisa e escutava as ondas, nada que um tutorial no YouTube não resolva esse problema.

Coloquei protetor solar, toalha, uma roupa reserva, peça íntima, sabonete, uma saída de praia, carteira com cartão e documentos, eu não tinha muita coisa de praia, até porquê eu não ia nessa intenção de curtir o momento, mergulhar, eu ia para refrescar a mente e acalmar.

Com isso do roubo é óbvio que eu não passei o dinheiro completo para o Portuga, eu peguei uma certa quantia para mim, até porque quem ficou acordada noites em claros com crises de ansiedade, com medo de tudo dar errado foi eu, uma quantia considerável, não chega nem perto do quantidade que passei para ele.

O mundo é dos espertos, e se eu ficar nessa de deixar tudo me dominar, às coisas seriam piores do que já são. Parei pra refletir isso quando estava no tédio, e realmente faz bastante sentido.

Isso não se chama reflexão, pode até ser, mas está envolvido também a parte de cansar de ser trouxa, e reagir.

POR AMOROnde histórias criam vida. Descubra agora