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Eu estava no meu quarto terminando de me arrumar pra almoçar com Lauana, coloquei uma calça preta colada, uma blusa verde musgo, calcei um tênis e peguei um boné, ambos branco, peguei a carteira, o celular, as chaves do carro  e fui procurar dona ...

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Eu estava no meu quarto terminando de me arrumar pra almoçar com Lauana, coloquei uma calça preta colada, uma blusa verde musgo, calcei um tênis e peguei um boné, ambos branco, peguei a carteira, o celular, as chaves do carro  e fui procurar dona Ruth, pra avisar que tô de saída. A encontrei na sala de TV.
— Vai sair meu amor? Você nem almoçou ainda.
— Já vou cuidar disso mãe, tô saindo pra almoçar com a Lau, ela chegou hoje de viajem e eu tenho que falar com ela sobre a volta das meninas.
— Filha, cê tem certeza que quer comprar essa briga de novo?  Aquele homem é perigoso Marília. -Ela fala preocupada.
— Mãe, eu sei que a senhora tá preocupada, e eu entendo isso, de verdade, mas não existe mais a possibilidade de acontecer o que aconteceu a anos atrás. - Falei segurando suas mãos e olhando no fundo dos seus olhos.
— Ele ameaçou você Marília, ameaçou a mim, ao João e não esqueça da surra que você levou. - como eu poderia esquecer de algo que deixou tantas marcas.
— Não vai acontecer de novo, confia em mim. Eu não quero confusão, mas eu preciso de respostas e quem sabe ter a minha garota de volta, se pra isso eu precisar iniciar uma guerra com ele, pode ter certeza de que eu vou sair vitoriosa. Não se preocupa mãe, eu vou me cuidar e vou cuidar de vocês dois, eu prometo. - seguro seu rosto e beijo sua testa. — Te amo tá, agora eu vou nessa ou a Lauana vai arrancar meu fígado pela demora.
Assim que entrei no carro recebi uma mensagem de Lauana, ela já estava no Kabanas.

Pense num trânsito miserável, cheguei no restaurante com meia hora de atraso, Lauana vai me matar. Assim que entrei, a avistei sentada em uma mesa mais reservada, a perna balançando embaixo da mesma demonstrava toda a sua impaciência, que saudade que eu tava dessa criatura.
— Oi, me perdoa pelo atraso, o trânsito dessa cidade é um caos. - falei enquanto deixava um beijo em seus cabelos.
— Pensei que tinha me esquecido poxa, tô verde de fome. - ela fala enquanto levanta pra me abraçar. — Que saudade Mah.
— Eu também tava morrendo de saudade, vamo logo pedir alguma coisa que eu também tô morrendo de fome. -fizemos os pedidos enquanto nos atualizavamos, Lau tinha passado um mês sem pôr os pés em Goiânia, sua agenda tava lotada e a minha não tava muito diferente.
— Mas então, quais as novidades?
— Maiara e Maraísa estão voltando. - eu escolhi o momento errado pra soltar a informação, Lau tava bebendo o suco e eu acho que ele desceu pelo lugar errado já que ela começou a tossir e procurar por ar.
— Meu Deus Lau, levanta os braços, toma, bebe um pouco de água. - Lau bebe a água e respira fundo, ela tava toda vermelha tadinha.
— Como você me solta uma dessas assim caramba? Mas repete, porque eu acho que não entendi muito bem.
— É isso que você ouviu, Maiara e Maraísa chegam ao Brasil no sábado.
— Tenha até medo de perguntar, mas vou perguntar mesmo assim, como que cê ficou sabendo disso?
— Lembra do Ricardo?
— O cara que cê contratou pra tentar encontrar as duas?
— Esse mesmo. Então, na época só foi possível encontra-las porque nós colocamos um informante na casa do César. - nesse momento, Lau olhou pra mim com os olhos arregalados.
— Você colocou um informante na casa do César Pereira?
—Eu precisava encontrar a Maraísa, foi nescessário. Cada passo estava sendo vigiado e graças a isso, quase deu certo. Já fazia um tempo desde a última vez que eu recebi informações, até o Ricardo me ligar e avisar sobre a volta das duas.
— Mas você sabe porque dessa volta repentina? -ela pergunta enquanto termina de comer, eu já havia terminado e tava só no suco.
— César está doente, câncer. Almira insistiu para que ele autorizasse a volta das filhas ao Brasil, com ele doente e o filho mais novo sendo um completo inútil, alguém vai ter que assumir os negócios.
— Não pensei que veria a Maiara de novo depois de tanto tempo. Na verdade, não sei se quero voltar a vê-la.
— Como assim? Você não a ama mais?
— Você nunca parou pra pensar que em todos esses anos, o esforço só partiu do nosso lado? Foram anos sem um único sinal de vida Marília, uma mensagem, um email, eu aceitaria até um sinal de fumaça, nunca veio nada, silêncio total. - sua voz denunciava toda a mágoa que sentia com aquela história, e eu a compreendia, mas acreditava que havia um motivo plausível por trás desse silêncio.
— Pelo que Ricardo me falou, tem uma mulher com elas desde que foram embora, Bertha se não me engano, ela cuidava das duas, recebia ordens diretas do César, cada passo era vigiado. Lau, eu sei que é difícil pra você, acredite é pra mim também, mas eu preciso saber, preciso entender o porquê da falta de contato, nos primeiros anos tudo bem, elas eram menores de idade e eram submissas as vontades do pai, mas eu preciso saber o que aconteceu depois, eu mereço respostas e você também. - Lau escutava tudo de cabeça baixa, eu sabia que ela tava digerindo tudo e ponderando as minhas palavras.
— Levando tudo o que você falou em consideração, o que vamos fazer? Não sabemos como estão as suas vidas agora, se seguiram em frente, se ainda sentem algo. -seus olhos estavam marejados, o medo e a insegurança batendo forte. — Dez anos é muito tempo Mah, tempo suficiente pra terem conhecido outras pessoas, pra terem esquecido a gente e deixado as duas trouxas aqui esperando atoa. - nesse momento as lágrimas já caiam por seu rosto.
— Ei meu amor, eu sei o que cê tá sentindo por que eu tô sentindo igual, mas nós precisamos ter fé na promessa que fizemos anos trás, nós cumprimos a nossa parte, estamos aqui, esperando, e se tudo o que você falou for verdade, não vai ter muito o que fazer, mas nós precisamos de respostas. - eu segurava uma de suas mãos e secava seu rosto.
— O que a gente vai fazer então? - Lauana e eu sempre fomos muito parceiras, em tudo, se era pra fazer merda a gente fazia junto, se houvesse alguma situação complicada a gente enfrentava junto, ela é a irmã que eu não tive, Henrique também é um grande parceiro pra gente, mas ele chegou bem depois, eu e Lau já tínhamos passado por mals bocados e já tínhamos boas histórias pra contar.
— Eu não sei. Uma coisa é certa, eu não vou ter como me aproximar, César já deve ter passado as ordens para os seguranças não me deixar chegar perto, e se ele descobriu sobre você e a Mai, você também não vai poder encostar, no mais, ou arriscamos um contato ou esperamos por elas.
— Eu não acho que seja prudente da nossa parte tentar um primeiro contato, não temos um número de telefone, email, nada, e usar o seu contato pode ser perigoso demais, se o César descobre que foi vigiado por anos, e pior ainda, vigiado por você, eu não quero nem imaginar o que ele pode fazer, aquele homem é capaz de qualquer coisa.
— Você tá certa, mas o que a gente faz agora? Espera. Eu já tô cansada de esperar Lauana, a minha paciência pra isso tudo já tá esgotando, por mim eu invadia aquela casa e rastava as duas comigo. - Lauana olhou pra mim com um semblante assustado, ela sabe que eu tenho coragem pra isso e muito mais.
— Você não brinca com isso Mendonça, tia Ruth teria um infarto tadinha, fora que se você saísse de lá viva eu mataria você por fazer uma merda dessas. Cê sabe a hora que elas chegam?
— Não, o Ricardo ficou de me mandar, elas estão vindo em um avião particular, eles vão mandar uma equipe de segurança pra buscá-las no aeroporto e já tem até uma recepção marcada.
— Bom, então nesse caso só nos resta esperar, vai ser mais fácil pensar em algo ou agir com as duas já aqui, eu vou ao banheiro e enquanto isso, você vai pagando a conta, eu preciso dar uma passada na gravadora e você vai me levar já que eu vim de Uber.
— Você é uma folgada Lauana Prado.
— E você me ama. -ela fala enquanto deixa um beijo na minha bochecha.
— Fazer o que né, a gente não escolhe essas coisas não. -ela sai rindo em direção ao banheiro.

Lau tá certa, qualquer movimento errado pode ser perigoso, César é um homem inescrupuloso e não mede esforço pra conseguir o que quer, só que eu não estou disposta a esperar muito mais, eu preciso de respostas pra todas as dúvidas que estão rondando a minha cabeça, e eu vou tê-las, nem que pra isso eu precise invadir a casa daquele cretino com uma arma apontada pra cabeça dele.

O nosso amor venceuOnde histórias criam vida. Descubra agora