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- Que porra aconteceu aqui? - Lauana foi a primeira a se manifestar, estava indignada com a atitude de Marília.
- Eu não entendi nada. Metade, você estava com ela, aconteceu algo?
- Eu não sei Mai, quando eu cheguei lá fora, o clima tava um pouco pesado, mas eu não sei de nada que possa ter acontecido pra Marília agir assim.
- Aquela garota me deve uma explicação e ela vai me dar é agora. - Ruth já estava levantando quando Lauana a chamou.
- Espera tia, deixe que eu vá, a senhora já passou nervoso essa semana e não vai ser bom passar de novo. Eu vou e se não conseguir mudar a cabeça daquela teimosa, a senhora entra com seu chinelo, eu já volto.

Lauana saiu em busca da amiga, procurou por quase toda a casa a encontrando no escritório, não bateu na porta, estava bolada demais pra isso.
- Que merda foi aquela? Por que quer mandar a gente embora? - Marília estava escorada no batente da janela, o copo de whisky quase vazio na mão.
- É nescessário Lauana, vocês precisam ir.
- Como assim precisamos ir Marília? O que aconteceu que te fez mudar tão rápido sua opinião sobre a nossa estadia aqui? Eu quero a verdade. - Lauana estava agora ao lado da amiga. Marília respirou fundo, sabia que seria complicado.
- Lau, você entende que você, junto com as mulheres que estão lá fora e o João, são as coisas mais importantes que eu tenho na minha vida, não é? - a loira não virou, continuou com o olhar perdido.
- O que tá acontecendo Mah? Conversa comigo.
- As coisas aqui vão ficar complicadas Lauana. Bruno e Júlio estão revoltados com as decisões que tomei, não foram ameaças diretas, mas falaram coisas que me deixaram alerta. Pelo que Júlio disse, roubos assim são comuns por aqui, mas muitas das vezes eles não levam só o gado. Não quero vocês aqui correndo risco, não confio em quase ninguém aqui, tem pessoas que trabalham pra mim, que também estão envolvidas nisso tudo, eu vi o olhar que o Júlio deu mais cedo pra Maraísa, era predatório, sujo. - um arrepio subiu todo o corpo de Marília ao lembrar da cena.
- Acha que podem tentar algo contra uma de nós? - Lauana começava a entender a situação, Marília sempre teve um instinto protetor muito forte com as pessoas que ama. - Não vou falar pelas outras, apenas por mim, não vou deixar você sozinha, somos irmãs poxa, devia confiar em mim, contar comigo para tudo, somos parceiras Marília.
- Você não entende não é? Não vou conseguir me concentrar em nada se vocês estiverem aqui Lau, Júlio e Bruno não são os meus únicos problemas. Tem mais coisas acontecendo aqui e eu preciso descobrir o que é, mas eu não vou conseguir fazer isso se vocês estiverem aqui correndo risco. - Marília agora olhava para Lauana, os olhos quase implorando pra que a amiga fizesse o que pediu. - Júlio é o tipo que é capaz de qualquer coisa para conseguir o que quer, sem ligar para as consequências, não vou saber lidar, se uma dessas consequências for alguma de vocês. Amanhã vou dar instruções a alguns poucos para que andem armados e para que fiquem atentos a qualquer movimentação estanha nas redondezas.
- Não vou sair daqui, não é uma escolha sua. Quanto as outras, você vai ter problemas, sua mãe está muito bolada com você no momento, você vai ter que arrumar boas desculpas se as quiser longe daqui. - Marília suspirou, não poderia contar para a mãe e a tia como estavam as coisas, sua mãe não arredaria o pé se soubesse e nem a deixaria se envolver em tudo. Que merda, porque tinha que ser tão complicado.
- Você deveria ir e levá-las com você, Jorge está aqui e o Luis já está a caminho, Beto e Matheus também estão comigo, eu vou ficar bem, mas não tenho como manter os olhos aqui o tempo todo, vou precisar acompanhar tudo de perto.
- Eu deveria bater em você, isso sim. Você, Jorge e Luis juntos só se metem em encrenca, acha que eu esqueci da última, você quase saiu presa Marília, agora mesmo que não vou sair daqui, e depois de saber de tudo, duvido muito que as meninas também queiram ir.
- Você é muito teimosa sabia. O que eu vou fazer então? Não quero assustar mais a minha mãe e nem a tia Gi, mas não as quero aqui no meio de tudo isso e não quero as gêmeas correndo risco também.
- Porquê não conversa com elas e deixa elas decidirem? Elas querem estar aqui Marília, querem ajudar você com tudo isso. O que vai falar pra sua mãe? Ela vai querer explicações.
- Nada. Vou ligar para o João, pedir a ele para arrumar alguma desculpa e que precisa dela por lá, não vou explicar nada pra ela e... - antes que terminasse de falar, ouviu batidas na porta.
- Entra.
- Marília, temos problemas.
- Qual a bola da vez Beto? - o homem parecia tenso.
- Um dos peões chegou assustado agora a pouco, disse que tem um recado para você no lado sul da cerca.
- Como assim Beto? Que recado?
- Ele apenas disse que você precisava ver.
- Vamos lá então. - antes de sair do escritório, pegou as chaves e abriu uma das gavetas da mesa, tirou de lá uma arma preta e brilhosa, colocando na parte de trás da calça.
- Eu vou com vocês.
- Não Lau, eu preciso que você fique, se perguntarem algo, você fala que aconteceu um problema no pasto com o gado ou qualquer coisa do tipo, eu volto logo. Beto, onde está o Jorge?
- Não pedi sua permissão Marília, estou apenas informando. - o olhar que Lauana deu a Marília já a informava que não desistiria da ideia, apenas suspirou e assentiu contrariada.
- Jorge está lá fora nos esperando, você quer o cavalo? - quando chegaram a sala, todos os olhares se voltaram para eles.
- Vamos na caminhonete. - antes que pudesse passar direto, ouviu a voz de sua mãe a chamando.
- Marília, precisamos conversar...
- Agora não mãe. - não deu chances pra Ruth retrucar e saiu. - Beto, quero homens armados e de confiança ao redor da casa, não vou deixá-las sozinhas.- o homem assentiu e saiu em busca de alguns homens que já conhecia a anos e que eram de sua inteira confiança.
- Vai colocar homens armados aqui?
- Não vou deixá-las desprotegidas e como eu disse, não confio em todos aqui.
- Pronto Marília, esses são alguns dos que consegui por agora, os rapazes são de confiança.
- Não deixem ninguém estranho se aproximar da casa e não permitam que as pessoas que estão lá dentro se afastem muito, vocês só recebem ordens minhas ou do Beto, estamos entendidos?
- Sim senhora.
- Podem ir. - Beto e Lauana estavam ao seu lado e só ouviam a tudo em silêncio. - Vamos.

O nosso amor venceuOnde histórias criam vida. Descubra agora