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Pov. Marília

Eu estava parada ao lado de Lauana que também me olhava apreensiva.
— Qual o problema gente? Por que vocês estão me olhando assim? - pergunto sem entender nada, que droga tá acontecendo aqui?
— Marília, você tá viva?
— Por que você tá tão surpresa? Não era pra estar? 
— Não eu... -antes que ela pudesse terminar a sua sentença, ouvimos o som de passos vindos do corredor e logo uma voz doce tomou conta do ambiente.
— Desculpa a demora, eu acho que me perdi. - ali na minha frente estava a mulher que eu mais amei e amo na vida, eu a reconheceria em qualquer lugar, os olhos castanhos profundos, os cabelos negros estavam mais longos, seu corpo estava com mais curvas do que eu posso me lembrar no momento, simplesmente a mulher mais linda que eu já vi na minha vida. Eu não esboçava reação, meu corpo não se movia, acho que até o meu coração havia parado naquele momento.
— Maraísa. - minha voz saiu em um sussurro e antes que eu pudesse dar um passo, Lauana segurou meu braço.
— Marília, não. - eu não dei ouvidos e me aproximei alguns passos, ela me olhava diferente, eu não conseguia entender o que se passava ali, era quase como se...
— Olá, eu sou Maraísa, irmã da Maiara, você é? - naquele momento, algo em mim rachou.
— Eu sei que eu mudei muito, mas imaginei que você me reconheceria. - eu falei baixo, minha voz quase não saia. O silêncio na sala era matador.
— Eu deveria? Por que eu realmente não faço a mínima ideia de quem você é.
— Não metade, olha... - eu já não ouvia mais nada, senti minhas pernas vacilarem e me afastei dela, não lembra de mim, ela não lembra quem eu sou.

O ar naquela sala estava ficando rarefeito demais, eu precisava respirar. Virei as costas e sai quase correndo da casa de Lauana, assim que sai porta a fora eu parei e me apoiei nos meus joelhos, não tava conseguindo respirar.
— Marília, Marília espera, ei olha pra mim.
— Não lembra Lau, ela não lembra de mim, nem a Maiara me reconheceu. - eu estava me sentindo sufocada, preciso sair daqui.
— Tem uma explicação Marília, entra, escuta o que a Maiara tem pra falar você precisa...
— Eu preciso sair daqui. - não dei chance pra Lauana falar nada, virei as costas e sai quase correndo, entrei no carro e sai sem rumo, precisava ficar sozinha.

Na sala, Maraísa estava sem entender nada e se fazendo várias perguntas. Porque aquela estranha a olhou daquela forma? Porque ela achava que Maraísa deveria se lembrar dela? E porque estava se sentindo tão estranha em relação a desconhecida? Essas eram algumas das perguntas que rondavam sua cabeça naquele momento.

Maiara ainda estava estarrecida, não entendia o que tinha acontecido ali. Assim que Lauana entrou, tratou logo de fazer a única pergunta que estava em sua cabeça agora.
— Marília está viva?  - Lauana a olhou como se estivesse vendo um E.T na sua frente.
— É claro que está viva Maiara, qual o seu problema? - Lauana estava nervosa e tentando ligar pra alguém desesperadamente. — Que merda Marília, atende essa droga.
— Com licença Lauana, mas, quem era aquela mulher e porque ela me olhou daquela forma? - a pergunta de Maraísa veio inocente e tirou Maiara de seus devaneios, as peças começavam a se encaixar na sua cabeça.
— Aquela é Marília Dias metade, ela é...
— Marília Mendonça, ela é uma amiga minha de muitos anos, me desculpa pela reação dela Maraísa.
— A tal rainha da sofrência, Naiara falou dela pra gente, mas porque ela reagiu daquela forma?
— Porque você lembra alguém que foi muito importante pra ela. - Lauana fala, com o celular na orelha, ainda estava tentando localizar Marília. — Droga!
— Algum problema?
—Eu vou precisar sair, Marília saiu daqui muito abalada e eu nem sei o que ela pode fazer nessas condições. - Lau fala pegando as chaves do carro.
— Maraísa, será que você pode ir na frente, eu preciso falar algo com a Lau?
— Claro irmã, foi um prazer Lauana e eu sinto muito pela sua amiga. - a moça fala sem graça.
— Está tudo bem Maraísa, eu só preciso encontra- lá, ela vai precisar de uma força. - dito isso Maraísa saiu porta a fora.
— Aquela é a mesma Marília que nós conhecemos a anos atrás? É a Marília da minha irmã? - Maiara ainda estava tentando processar o que tinha acabado de acontecer.
— O que você acha Maiara? É claro que é a Marília, ela tá diferente, mas não tanto.
— Não é isso Lauana, as coisas acabaram de ficar pior. - Maiara fala e cai sentada no sofá, não acreditava que seu pai tinha sido tão baixo. — Meu Deus, como ele pode fazer isso? -as lágrimas já saiam com força.
— Do que você tá falando Maiara?
— Do infeliz do César, ele mentiu pra gente Lauana, mentiu da forma mais baixa possível, quase custou a vida da minha irmã. - aquela história tava ficando cada vez mais complicada. — Quatro anos atrás, a Maraísa surtou, quebrou o quarto inteiro e tentou fugir, ela queria vir pro Brasil de qualquer jeito, quando César soube, fez questão de ir pessoalmente até lá, ele disse coisas terríveis pra ela, e por fim disse que Marília Dias tinha sido morta pela polícia em um assalto.
— Como o seu pai pode fazer isso com a própria filha? - Lauana estava indignada com tanta maldade.
— Depois que ele despejou todas aquelas atrocidades, ela surtou mais uma vez, disse que ele era um mentiroso, que a Marília jamais faria aquilo, que ela não era uma pessoa ruim, mas ele mostrou um atestado de óbito, eu nunca vi a minha metade tão destruída. Ela saiu de casa correndo, não deu tempo de alcançar, eu tentei Lau, eu juro, mas não deu. - Maiara já soluçava, tudo foi uma mentira. Lauana sentou ao seu lado e a puxou pra um abraço. — Quando eu dei por mim, ela estava no chão, tinha muito sangue ao redor e ela não se movia, eu pensei que ela estava morta. Quando chegamos ao hospital, avisaram que ela teve uma parada cardíaca, que iriam tentar de tudo, mas que era um caso complicado, depois de horas um médico apareceu com a notícia de que Maraísa tinha entrado em coma, foram meses de sofrimento até ela acordar sem saber quem era, sem lembrar de nada.
— Sinto muito Mai. -Lauana abraçava moça com força, não conseguia imaginar a dor pela qual ela passou.
— Foi muito difícil explicar tudo o que aconteceu, eu estava sozinha, longe da minha mãe e a única pessoa que eu sempre contei pra tudo estava daquele jeito. César apareceu lá com a nossa mãe depois de alguns dias, se mostrou o pai mais preocupado do mundo, aos poucos eu ia explicado tudo pra ela e as coisas foram se normalizando.
— Você não contou da Marília não é? - Lauana estava com os pensamentos longe, tinha que encontrar a amiga, ela precisava saber dessa história.
— Me entende Lau, eu achava que a Marília estava morta, eu vi a minha irmã praticamente definhando, eu não podia contar.
— Eu preciso ir, preciso encontrar a Marília antes que ela faça alguma besteira. - Lauana levanta do sofá e Maiara faz o mesmo.
— Trás ela até mim, me deixa explicar toda a situação pessoalmente, ainda tem coisas que eu preciso entender e saber.
— Você vai contar pra Maraísa?
— Eu não sei Lau, das vezes em que eu tentei contar algo relacionado ao passado, ou que forçou pra lembrar, ela sentiu dores muito fortes e desmaiou, preciso ir com calma. Agora a única coisa que eu vou fazer, é cobrar respostas daquele cretino, foi bom rever você Lau, senti tanto a sua falta. - Lauana puxa a menor pra um abraço apertado.
— Também senti sua falta baixinha, demais. - Lau deixa um beijo nos cabelos de Maiara e a puxa em direção a porta. — Precisamos ir, sua irmã já deve estar impaciente e eu tenho que localizar a Marília.
— Me deixa informada, quando encontrar com ela diz que a gente precisa conversar.
— Tudo bem, me dá seu número, assim que eu encontrar com a Mah te aviso.

Números trocados, Maiara ficou na ponta dos pés e abraçou Lauana com todo o amor que ainda sentia pela mesma, quando estavam se separando, os olhares se cruzaram e o beijo veio, cheio de saudade, o encaixe era perfeito, das bocas, do abraço e dos corações também,  separaram o beijo e uniram as testas, foi impossível conter o sorriso.
— Que saudade que eu tava de você Lau, era um dia pior que o outro sem você do lado. - as mãos de Maiara passeavam no rosto da mais alta.
— Nós ainda temos muito o que conversar, assim que eu encontrar a Marília eu te ligo e a gente da um jeito de se encontrar tá. - Lau deixou um beijo na testa de Maiara e se afastou. — Se cuida e qualquer coisa me liga.
— Você também. - Maiara se aproximou e deixou um selinho na mulher a sua frente. — Agora sim, se cuida. - e saiu com um pequeno sorriso no rosto, seu coração estava enfim voltando a bater no ritmo normal.
Lauana suspirou pesado, seus sentimentos estavam bagunçados, mas ela precisava encontrar Marília agora, isso claro, se a loira quisesse ser encontrada, Marília sempre se isolava quando não estava bem, ela sumia, não dava notícias e nem atendia o telefone, ela e dona Ruth sempre ficavam malucas com isso, entrou no carro e antes de dar a partida encostou a testa no volante e pediu forças a Deus, ia ser complicado.

O nosso amor venceuOnde histórias criam vida. Descubra agora