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Marília tinha levantado primeiro que todo mundo, iria levar Tupã para se exercitar um pouco, devido a chuva dos últimos dias ele tinha ficado confinado junto com os outros. Vestia uma blusa social branca, com as mangas dobradas até os cotovelos, alguns botões abertos, a calça preta colada, quase se fundia com suas pernas, nos pés, um par de botas também pretas, que iam até os joelhos. Voltaria antes que Luis chegasse.

Todas as mulheres já se encontravam na mesa para o café, só faltava a loira que ainda não tinha voltado. Ruth e Gi estavam caladas, voltariam para Goiânia no mesmo helicóptero que traria Luis, as malas já se encontravam perto da porta, o coração de Ruth estava apertado, tinha medo do que poderia acontecer com a filha, mas Marília era cabeça dura demais para ouvi-la, tinha medo que César tentasse fazer algo ruim com ela de novo.

Maraísa observava a mãe de Marília, sabia que a senhora estava apreensiva, não havia tocado na comida, levou sua mão a de Ruth que descansava na mesa e deu um aperto reconfortante, o senhora a olhou surpresa, mas lhe sorriu fraco em forma de agradecimento.

— Bom dia para as mulheres mais lindas da minha vida. - Marília entrou na sala sorrindo, deixou um beijo nos cabelos de cada uma, inclusive das gêmeas e sentou entre as duas mulheres da sua vida, sua mãe e sua morena. — Como dormiram?
— Eu não sei você irmã, mas eu e a Mai dormimos como anjos. - deixou um selinho carinhoso na ruiva que sorriu para ela. O clima de romance havia se instalado ali.
— Eita que a noite aí foi boa até demais né!? - soltou um sorrisinho sujestivo.
— Deixa de ser cretina Marília. - Lauana jogou um dos guardanapos na loira, que gargalhou alto.
— Eu não falei nada, você que pensou errado aí. E você mãe, como dormiu?  - tentava quebrar o gelo com Ruth, mas a mulher era difícil.
— Não dormi muito, mas estou bem. Sabe a que horas o helicóptero chega?  - seria difícil.
— Deve estar chegando mãe. - suspirou, não queria aquele clima entre elas, sentiu sua mão ser segurada pela morena, a olhou, recebeu um sorriso fraco e um ' vai ficar tudo bem' aos sussurros. — Lau, seu acessor já ligou para você?
— Sim, já fui informada sobre a premiação. Você vai?
— Nós vamos, fomos indicadas lembra? Seria muita falta de educação e de gratidão com os nossos fãs se não fossemos. Se você não tiver nenhum compromisso antes, podemos ir um ou dois dias antes pra São Paulo.
— Tá perfeito. Eu só não sei se vou voltar pra cá com você, acho que tenho show já no final desse mês.
— A premiação é na semana que vem, assim que terminar, vou emendar para Goiânia, tenho alguns assuntos pra resolver lá e depois volto pra cá. - ouviu os sons de um helicóptero se aproximando e levantou. — Luis chegou. - virou as costas para sair e Ruth notou o adereço em suas costas, mais uma vez, pediu a Deus para colocar juízo na cabeça de sua filha.

No lado de fora da casa, Marília e Luis trocavam uma abraço rápido.

— Enfim você chegou.
— Onde está o Jorge? Pensei que aquele miserável estaria aqui para me receber. - falou brincalhão.
— Jorge já começou os trabalhos. Ele vai treinar um pessoal. O plano inicial é vocês ficarem por aqui até às coisas se resolverem, por isso era importante que vocês deixassem tudo encaminhado em Goiânia. - foram interrompidos pelo piloto da aeronave.
— Dona Marília, eu já posso ir ou tem alguém pra voltar comigo?
— Tem sim Felipe, minha mãe e tia Gi voltam com você. Elas devem estar se despedindo das meninas. - o rapaz assentiu e voltou ao helicóptero. Marília e Luis continuaram a conversar.

Enquanto isso, na sala da casa, Lauana de despedia de Gi, enquanto Maraísa se aproximou de Ruth.
— Olha dona Ruth, eu sei que nos conhecemos a pouquíssimo tempo, mas pode confiar em mim, vou fazer o que puder pra ajudar por aqui e prometo que ligo pra senhora caso algo saia de controle. - mesmo depois de tudo o que aconteceu, Maraísa ainda carregava uma doçura no olhar, Ruth sentia certa compaixão pela morena. Sempre gostou de Maraísa, mas tinha medo do que o pai da mesma poderia fazer com Marília.
— Posso confiar em você filha? - perguntou segurando a mão da morena.
— Claro que pode dona Ruth, estou aqui para ajudar.
— Cuida da minha filha pra mim. Estou indo com o coração na mão, algo me diz que nada de bom vai sair disso tudo, eu não deveria estar pedindo isso a você, nem chegou direito e já estou lhe dando trabalho, mas eu sinto que posso confiar em você. - algumas lágrimas desciam do rosto da mais velha. Maraísa a abraçou.
— Não se preocupe dona Ruth, vou fazer o que estiver ao meu alcance pra ajudar por aqui e pra cuidar da sua filha eu prometo, eu sei que não vai adiantar muito eu falar para a senhora se acalmar, mas fique sossegada, e pode contar comigo para o que precisar. Eu vou pegar o seu número com a Marília e vamos nos falar todos os dias, tá bom. - da porta, Marília via aquela cena sem entender, mas não podia negar que sentiu seu coração aquecer. Pigarreou chamando a atenção de todo mundo.
— Vamos, Felipe está esperando por vocês. - encarou a morena e depois sua mãe. Dona Ruth estava chorando. Se aproximou aos poucos e abraçou forte. — Vai ficar tudo bem mãe, eu prometo. Semana que vem eu vou estar em Goiânia pra ver você, tá bom?  - Ruth apenas assentiu, fez o sinal da cruz na filha a abençoando e Marília beijou sua mão. — Eu amo você dona Ruth, não esqueça.
— Também amo você, mesmo sendo essa cabeça dura que você é. - Marília apenas sorriu fraco. Segurou a mão de Ruth e a puxou, mas a mulher parou um pouco e ofereceu sua outra mão a morena, que sem graça aceitou. Marília parou na porta pegando a mala da mãe com a outra mão e foram andando assim. Deu mais um abraço em Ruth e depois em Gi, viu quando sua mãe abraçou mais uma vez Maraísa e sussurrou algo pra ela. Ajudou as duas a entrar no helicóptero e assim elas se foram.

O nosso amor venceuOnde histórias criam vida. Descubra agora