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Faz três dias que eu e Maraísa chegamos ao Brasil, hoje eu ia na casa da Naiara, ela concordou em me ajudar a procurar a Lauana, disse que tem uma amiga que é delegada e que vai falar com ela pra ajudar.

Eu tava terminando de me arrumar pra descer pro almoço quando a Mara entra no quarto.
- Metade, o que você vai fazer hoje a tarde? -ela pergunta cheia de manha e deitando na minha cama, tá querendo alguma coisa.
- O que você quer hein? Quando cê fala assim é porque tá querendo algo. - falo enquanto deixo um beijo em sua bochecha, ela olha pra mim indignada.
- Credo Maiara, falando assim parece que eu sou uma pessoa interesseira. - ela fala sentando e me puxando pra sentar também. - Mas você tem razão metade.
- Não falei.
- É que eu não aguento mais ficar presa em casa Maiara, quero dar uma volta na cidade, ver gente, aquela recepção só tinha velho e aquele bobão lá que tava dando encima de mim. -ela fala suspirando e se jogando na minha cama de novo enquanto eu rio de sua reação exagerada.
- Ah metade, não foi tão ruim assim vai, o cara lá até que serviu pra algumas risadas.
- Claro, ele é um idiota e tava se achando, eu hein, espero não ver de novo.
- Como que era mesmo o nome dele? - pergunto ainda rindo dela.
- Daniel, Diego, Danilo, eu não sei, não lembro e não me preocupei em gravar, mas me diz aí, vai fazer o que?
- Bom, eu preciso ir na casa da Naiara mais tarde, ela ficou de me ajudar em algo, cê num tá afim de ir comigo não? A gente sai logo depois do almoço, da uma passadinha rápida na casa dela e depois a gente vê o que faz.
- Pode ser, mas o que cê vai fazer lá mesmo? E quem é Naiara? - ela pergunta curiosa.
- Bom, a Nai é uma amiga minha da época do colégio, eu consegui entrar em contato com ela ontem e marquei da gente se ver hoje, ela vai me ajudar a encontrar uma pessoa.
- Quem? Eu achava que... - antes que ela pudesse terminar sua pergunta, ouvimos batidas na porta do meu quarto e minha mãe coloca a cabeça pra dentro.
- Vim chamar vocês pra almoçar, vamos? Eu cozinhei hoje e tá do jeitinho que vocês gostam. -ela fala sorrindo, que saudade que eu tava da minha mãe, ela sim merecia todo o amor, cuidado e respeito do mundo, coisas que o César nunca soube o que era, sempre a tratou tão friamente, a opinião dela nunca foi respeitada nessa casa. Ela casou com meu "pai" muito cedo, foi praticamente obrigada. Minha mãe é uma guerreira, passou e ainda passa por poucas e boas nas mãos daquele canalha, mas nunca perdeu o olhar amoroso e cuidadoso, nem o jeitinho sonhador, na época em que eu e Mara nós envolvemos com as meninas ela nos deu a maior força, nos acobertava da forma que podia.

- Maiara, filha você tá ouvindo o que eu tô falando? - eu levantei, peguei em suas mãos e olhei no fundo dos seus olhos.
- Eu amo você mãe! Nada no mundo me fez mais falta do que você, seus cuidados com a gente, seu amor, eu não sei muito sobre como foram esses anos pra você, mas eu garanto mãe, eu estou aqui agora e eu vou cuidar de você. - abracei ela tão forte quanto consegui, e a ouvi fungar, Mara também se juntou ao abraço.
- Nós vamos cuidar Mai, eu estou aqui também. A senhora é um exemplo mãe, o nosso maior exemplo e eu te amo. - minha mãe chorava rios tadinha.
- ô meus amores, vocês são a melhor coisa que já aconteceu na minha vida, minhas duas meninas, como eu senti saudade de vocês, todos esses anos eu quis ir ver vocês, quis estar com vocês, mas o César nunca permitiu, mas agora eu tenho vocês de volta e eu tô tão feliz com isso. - ela fala chorando e apertando a gente no abraço.
- Já passou mãe, a gente tá aqui agora e não vai mais a lugar nenhum. - Maraísa fala enquanto acaricia o rosto de Almira.
- Dona Almira, a mesa já está arrumada para o almoço. - ouvimos a voz de Cássia, ela estava na porta do quarto olhando a gente.
- Vamo descer? Tem uma comidinha deliciosa esperando pela gente. - falei pegando a mão da Mara de um lado e da minha mãe do outro.

Assim que chegamos a mesa, notei a presença desagradável de César, como sempre, sentado na ponta da mesa, como se fosse o dono do mundo.
- Que cena linda, as mulheres da minha vida reunidas de novo. -ele fala com um sorriso falso.
- Não graças a você.
- Maiara. - Maraísa me repreende. - Oi pai, que bom que o senhor veio almoçar com a gente. - ela beija a bochecha dele e senta ao seu lado. Reviro os olhos pra cena, vai aproveitando seu cretino, isso não vai durar pra sempre.
- Mas então me digam, como esta sendo essa volta pra casa? - eles engatam em uma conversa que eu não faço a mínima questão de entrar ou até mesmo de ouvir, eu realmente não quero muito contato com César.
- Metade, eu vou subir pra me arrumar tá, não demora. - falei enquanto levantava da mesa.
- Vocês vão sair? Onde vão? - César pegunta de cara fechada.
- A gente vai na casa de uma amiga da Mai pai, Naiara se não me engano.
- Eu não devo satisfações a você César, agora se me der licença, eu preciso me arrumar. - falei já dando as costas pra eles.
- Marcos vai levar vocês então ele pode... - ouvi aquilo e virei pra ele, nem deixei ele terminar de falar.
- Eu não quero o seu cão de guarda no meu pé. Vamos deixar as coisas claras de uma vez por todas papai. - falei com ironia e me aproximando de onde ele estava. - As coisas mudaram, eu não sou mais a menina que você mandou embora do país por causa dos SEUS caprichos, eu não te devo mais obediência, eu não te devo mais satisfação e pra falar a verdade eu nem quero contato com você. - minha mãe e Maraísa olhavam a cena estáticas. - Não pense você que a sua doença muda algo César, eu odeio você e tudo o que você nos fez passar, não me venha pagar de pai cuidadoso porque isso você não é. - eu falava baixo e o olhava nos olhos.
- Maiara...
- Eu vou deixar um único aviso a você, - falei apontando o dedo em seu rosto. - Não me teste, não teste a minha paciência e não banque a vítima pra cima de mim,e mantenha os seus capangas bem longe ou eu acabo com toda essa palhaçada de uma vez por todas, com licença. - falei e subi pro meu quarto, tinha que me arrumar rápido pra sair. Assim que passei pela porta do meu quarto, Maraísa passou atrás como um foguete.
- Maiara, o que foi aquilo lá embaixo? Porque falou daquele jeito com o nosso pai? Ele tá doente Maiara...
- Não me interessa Maraísa, eu cansei de ter a minha vida controlada por ele, eu não sou uma marionete.
- Mai para com isso, ele só quer cuidar da gente, ele me disse que também sentiu a nossa falta e...
- Chega Maraísa! Ele não é esse homem maravilhoso que você acha, você não o conhece, não sabe as coisas que ele fez. - falei já sem paciência pra essa defesa desmedida da minha irmã para com o César.
- Então me fala Maiara, diz pra mim o que ele fez ou faz que te fez odiar tanto o nosso pai, porque não entendo, a única coisa que eu vejo é você o atacando gratuitamente como fez lá embaixo agora a pouco.
- Gratuitamente? Você não sabe de nada, agora se me der licença eu preciso tomar um banho pra sair. - falo indo em direção ao meu closet.
- Não. É sempre a mesma coisa, quando chega a parte de me explicar algo você foge, muda de assunto, não olha nos meus olhos, eu quero saber Maiara, se ele fez algo tão ruim assim pra você o odiar dessa forma, eu tenho o direito de saber.
- Você quer saber a verdade? Eu tô cansada Maraísa, tô cansada de ter as rédeas da minha vida nas mãos daquele homem, sempre foi assim, aulas obrigadas, regras sem cabimento, não podia fazer isso porque as pessoas podiam pensar errado do grande César, não podia fazer aquilo, por causa da imagem do César, nós vivíamos aprisionadas em um mundo que era do César, ele tirou os nossos sonhos, tirou a gente da nossa mãe e mal deixava a gente falar com ela, nós só tinhamos dezesseis anos, Maraísa, e ainda teve... - me calo assim que percebo o que vou falar.
- Teve o que? Me responde Maiara, teve o que?
- Nada metade, mas eu não voltei pro Brasil pra viver um função do César e já tô deixando isso bem claro. Vai tomar banho pra gente sair logo, a Naiara já deve estar a nossa espera. - falo passando por ela e indo pro banheiro.
- Tá vendo, é sempre assim, você nunca me conta a história toda Maiara, me fala metade, diz pra mim o que aconteceu que te deixou assim. Isso dói em você, eu sei, eu sinto Mai. - suspiro e vou até ela que já estava com os olhos marejados, seguro seu rosto e beijo sua testa.
- Não chora meu amor, eu prometo que um dia você vai entender tudo tá, eu amo você Maraísa, você e a nossa mãe são as pessoas mais importantes da minha vida e eu sempre vou cuidar de vocês, confia em mim. Agora eu realmente preciso ir, você ainda vai comigo?
- Vou sim, eu vou me arrumar, mas eu ainda quero saber de toda a história Maiara, não pensa que eu vou esquecer e você é a minha metade, é claro que eu confio em você. -ela beija o meu rosto e sai do quarto.

O nosso amor venceuOnde histórias criam vida. Descubra agora