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Quando abriu os olhos, Maraísa se encontrava mais uma vez no quarto de Marília, era segunda vez que estava no quarto da loira e ainda achava precisava de uma cor. Sentou na cama, sua cabeça ainda doía um pouco.
— Irmã, cê tá bem? - Maiara a olhava preocupada.
— Só com um pouco de dor de cabeça. Onde está a Marília? - precisava vê-la, queria entender o que viu.
— Saiu daqui agora a pouco. Foi tomar um banho e conversar com a Ruth. Você lembrou de algo não foi?  - Maiara agora se encontrava ao lado da morena.
— Eu não entendi muito bem, não sei se foi uma lembrança, um sonho, um déjà vu. - a morena suspirou.
— O que exatamente você viu metade?
— Quando você e Lau saíram, eu estava chorando e.....
— Ou, pera aí, cê tava chorando? Porque irmã?
— Quando eu vi você e a Marília ali, você toda carinhosa com ela, falando das promessas que fizemos quando éramos amigas, dos planos, aquilo me deixou frustrada de certa maneira e me senti impotente, eu queria poder lembrar de tudo Mai, queria poder lembrar dos momentos em que nós quatro estávamos reunidas, fazendo planos, conversando, ou só em silêncio, queria saber as palavras certas pra usar em momentos como aqueles, quando uma de nós precisa de apoio. Eu tô odiando tudo isso Maiara, tô me sentindo uma inútil. - a morena tinha voltado a chorar.
— Ei irmã, vem aqui. - puxou a menor para o seus braços. — Não chora, ei, Maraísa. - abraçou a morena mais forte.
Quando a sentiu mais calma, voltou a falar. — Eu sei que tudo isso de não lembrar é difícil pra você, mas olha, o que importa é estarmos aqui de novo, perto de quem a gente ama e que também ama a gente, vai ser uma questão de tempo até você lembrar, e se não lembrar, vamos criar novas memórias. - nesse momento a morena sorriu.
— Marília me disse a mesma coisa, tínhamos um laço muito forte não é?
— Sim, nós tínhamos, e ainda temos, acho que até mais fortes do que antes. Mas me diz, o que você viu?
— Então, eu estava chorando, a Marília me falou umas coisas e eu não aguentei, abracei ela com toda a força que eu tinha, eu acho que foi uma mistura de tudo, a forma como eu me encaixei naquele abraço, como eu me senti segura, enfim. Quando eu fechei os olhos, era como se eu tivesse vendo um filme, duas pessoas se abraçavam na minha frente, era um abraço tão sofrido, parecia que não queriam se separar mais, as duas choravam, mas o choro da mais baixa era mais intenso, quando eu me aproximei um pouco mais, consegui reconhecer uma das pessoas, era a Marília, bem mais jovem e com alguns machucados no rosto, mas era a Marília, a outra pessoa eu não consegui ver, o rosto dela estava enterrado no peito da Marília, mas ela parecia tão frágil Mai, parecia que quebraria a qualquer momento, tinha tanto sentimento naquele abraço. - a morena suspirou. — O que foi isso Mai? Uma lembrança, um sonho? Eu não tô entendendo mais nada.
— E você realmente não conseguiu ver o rosto da outra pessoa? - talvez toda aquela situação estivesse mais perto de acabar do que imaginava, sabia que seria bom para a irmã se conectar com Marília de novo, mas não imaginava que seria tão rápido.
— Não. Eu só vi os cabelos, negros e longos, a pele branquinha, e ela era bem mais baixa que a Marília.- a moça se encontrava com os olhos perdidos, imaginava quem seria a pessoa que Marília segurava com tanto sentimento.
— E isso não te lembra ninguém?  - Maraísa olhou para a irmã sem entender onde ela queria chegar. — Cabelos longos e pretos, pele branquinha, baixinha. - a morena ainda não entendia. — Era você metade, a pessoa que a Marília estava abraçando era você. - os olhos de Maraísa quase saltaram de seu rosto, sua cabeça latejava.
— O que está dizendo Maiara? Como assim era eu? - fechou os olhos e massageou suas têmporas.
— Não foi uma imagem aleatória Maraísa. Foi o dia em que fomos embora, foi um dia bem difícil. - Maiara suspirou, lembrava bem daquele dia, ver a dor nos olhos de sua irmã e de sua amiga, junto com a que tinha visto no rosto de Lauana, foram as piores coisas que viu na vida, não queria passar por aquilo nunca mais.
— Aquele abraço parecia bem mais do que um abraço de amigos Maiara, tinham tantos sentimentos ali que mesmo que eu estivesse " sonhando" eu pude sentir.
— Vocês eram muito grudadas irmã, foi difícil pra vocês.
— Me conta o que aconteceu Maiara, por que a Marília estava com o rosto machucado? - já estava ficando cansada de tantos enigmas em sua vida.
— Maraísa não, você vai desmaiar de novo e...
— Não importa Maiara, eu quero saber do meu passado, eu preciso saber Mai, é a minha vida poxa. - a ruiva suspirou, não tinha como escapar daquela situação.
— Alguns dias antes, eu e a Lau tínhamos saído para um passeio, a Lau me pediu em namoro no dia. - as lembranças vinham a cabeça da ruiva. — Você estava com a Marília, vocês sempre gostaram de música e aproveitaram pra compôr no dia. César já havia dado vários avisos de que não queria você com a Marília, na verdade ele não queria que eu e você andássemos com as meninas, mas sempre encucou mais com a Marília, nunca soube o porquê. Enfim, ele soube que vocês estavam juntas, e foi até a casa da Marília disposto a te arrastar de lá pelos cabelos, assim foi, quando ele chegou lá, ele e Marília começaram a discutir e você interviu, eu não sei muitos detalhes, você estava bem nervosa quando me contou tudo, e eu ainda não perguntei a Marília.
— E depois?  - a morena estava curiosa.
— Ele mandou um dos homens tirar você de lá a força, você disse que a última coisa que viu foi um dos seguranças jogando a Marília no chão. No mesmo dia eu falei com a Lau, ela me disse que... - a ruiva travou.
— Que o que Maiara? - a ruiva tentava encontrar as palavras. — Responde Mai.
— Bateram nela, pelo que a Lau me contou, Ruth chegou em casa e a encontrou jogada no chão da sala, tinha machucados por todo o corpo e sangue pra todo lado.
— Você tá querendo dizer que....
— Sim irmã, nosso pai ordenou que o segurança que ficou com ele desce uma surra na Marília. Ruth ficou apavorada, ela, junto com o João levaram a Marília para o hospital, foram alguns dias de cama, até ela ir ver você, antes de sermos mandadas pra fora do país. Nós estávamos proibidas de sair de casa, todos os seguranças já tinham sido alertados de que ela não poderia se aproximar. Eu, ela e a Lau, com uma pequena ajuda da nossa mãe, conseguimos uma brecha pra que vocês se encontrassem, teria que ser rápido. Lau explicou o que deveria ser feito e eu e a mamãe fizemos. A mãe disse que tinha visto alguém na parte de trás da casa, que parecia estar armado e eu dei uma pane no sistema de segurança, com todas as atenções voltadas a isso, foi fácil levar você eté lá fora, eu e a Lau já tínhamos nos despedido, só faltava vocês duas. - a morena chorava copiosamente, não acreditava que seu pai tinha sido capaz de algo como aquilo. Ainda tinha muita coisa que precisava saber, mas por enquanto só queria encontrar a loira, precisava falar com ela. Levantou da cama em um rompante assustando Maiara.
— Onde cê vai irmã?
— Marília, preciso falar com ela. - saiu do quarto em busca da mais alta, com
Maiara em seu encalço, tinha medo que a irmã desmaiasse de novo, tinha contado muita coisa pra ela de uma só vez.

O nosso amor venceuOnde histórias criam vida. Descubra agora