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Pov. Maiara

Cá estou eu, dentro de um avião voltando para o Brasil, Mara está dormindo ao meu lado, ela andava um pouco cansada, não dorme direito e quando dorme, acorda assustada, não tá comendo direito, tô começando a me preocupar, minha metade passou por muita coisa nesses últimos anos e ainda vem sofrendo com as consequências.

Dez anos sem pisar no Brasil. Me pergunto se as coisas mudaram muito? Eu deixei muitas coisas pra trás, mas a mais importante foi Lauana, foram poucos meses, mais foram os melhores meses da minha vida. Nós nos conhecemos através da Marília, elas já eram amigas quando Marília e Maraísa se conheceram. O amor das duas resultou no nosso, a saudade me sufoca a anos, a nossa partida brusca doeu em mim tanto quanto doeu em Maraísa, mas a metade sempre foi mais emotiva, Maraísa sempre sentia com mais intensidade, sempre colocava o coração a frente de tudo, já eu sou mais racional, mais fechada. Queria saber como a Lau está, se seguiu em frente, se já casou ou realizou seus sonhos. Eu lembro que ela e Marília tinham os mesmo sonho, se tornarem grandes cantoras, eu e Mara também tínhamos vontade de seguir na música, mas é claro que o grande Cesar Pereira não ia permitir isso, eu cursei direito e Maraísa administração.

Como será que a Lau lidou com o que aconteceu? Eu lembro que ela e Marília eram quase como irmãs. Assim que chegar em Goiânia vou entrar em contato com a Nai, ela vai me ajudar a descobrir tudo o que eu preciso pra encontrar Lauana, dessa vez as coisas serão diferentes, César não tem mais nenhum controle sobre a minha vida, estou voltando disposta a lutar pelo que eu quero e enfrentar o que for nescessário.
- Mai! - saio dos meus devaneios com Maraísa me chamando.
- Oi princesinha, como você dormiu? -pergunto acariciando seu rosto.
- Não muito bem, eu não consigo entender o porquê desse sonho Mai, e eu não aguento mais sonhar com isso todas as noites. -ela fala e eu vejo seus olhinhos marejados.
-Vem aqui meu amor -puxo ela pra um abraço, ela deita a cabeça em meu ombro e eu beijo a sua testa. - Vai ficar tudo bem, eu estou aqui com você, conversa comigo. - ouço seu fungar baixo, é sempre assim, ela acorda assustada, eu a abraço e ela chora até dormir, eu nunca soube com o que ela sonhava.
- É sempre a mesma coisa Mai, eu tô tão cansada.
- Sobre o que são esses sonhos metade? Você nunca me falou deles. -ela suspira e faz carinho na minha mão.
- Eu estou em um lugar muito bonito, eu acho que um jardim, eu estou andando entre alguma rosas, e do nada ouço uma voz forte cantando baixinho e o som de um violão sendo tocado.
- não pode ser. -Eu vou me aproximando da árvore de onde vem o som, tem uma pessoa, uma mulher sentada, ela está de cabeça baixa e com um boné, quando paro a sua frente, o violão para e ela sussurra baixinho "Você voltou pra mim", a única coisa que eu vejo depois disso é o seu sorriso, tudo ao redor começa a escurecer e eu ouço gritos e uma voz falando que vai me esperar. - não acredito que depois de todos esses anos, depois de tudo o que aconteceu, não.
- Você não vê o rosto metade? - pergunto interessada.
- Não, só o sorriso e algumas mexas de um cabelo loiro e longo. -ela fala levanta o rosto pra me encarar. - O sorriso não sai da minha cabeça Mai, ele é tão lindo. -o amor que Maraísa sentia por Marília ainda está presente em seu ser, isso é inegável, mesmo depois de tudo, ele ainda dava resquícios de sua existência.

Mas porque ela ainda sonha com Marília? Já passou tanto tempo e ainda teve o... Deixa pra lá. Eu preciso conversar com a Lauana e é isso que eu vou fazer, o mais rápido possível.
- Será que já tá perto? Eu tô morrendo de saudade dos nossos pais.
- Não sei metade, mas tomara que sim, eu tô morrendo de saudade da nossa mãe. - Mara olha pra mim de forma enigmática.
- Não entendo essa sua revolta com o nosso pai, ele é um homem tão bom.
- Você fala isso porque não o conhece, e ele não é "Nosso" pai, ele é seu pai, e se você soubesse de metade do que eu sei, esse amor todo que você diz sentir por ele sumiria na hora.
- Então me fala Maiara, o que torna o nosso pai tão terrível assim aos seus olhos, tudo que ele fez e faz é só pensando no nosso bem Mai. - ela fala inconformada com o meu desprezo por César, ah Maraísa, se você soubesse.
- Não vamos falar disso metade, eu tô cansada, você tá cansada a gente vai brigar e eu não quero isso, agora vem aqui. - puxo ela pra deitar a cabeça em meu ombro novamente. - Dorme meu amor, descansa mais um pouco, eu vou fazer o mesmo, estaremos chegando ao Brasil em algumas horas. -Deixo um beijo em seus cabelos e a acomodo melhor, um dia você vai saber de tudo Maraísa e nesse dia vai ser um prazer ver o desprezo por César estampado no seu rosto.

O nosso amor venceuOnde histórias criam vida. Descubra agora