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Oi😍

Como eu pedi, Jeiza e eu saímos bem cedo e antes de seguimos para o nosso destino, paramos para tomar café.

- Ontem eu recebi uma ligação do Brasil. - ela falou enquanto tomava mais um pouco do seu café. - O delegado adjunto que ficou responsável pelo caso do seu irmão enquanto eu estiver fora me disse que encontrou algumas pistas de onde ele pode estar.

- Isso é bom, quero que aquele miserável pague por tudo o que fez.

- Você conseguiu lembrar de tudo o que aconteceu? Como conseguiu fugir?

- Alguns dias depois que eu cheguei naquele lugar miserável eu tentei fugir, mas já fazia alguns dias que eu não comia nada, estava fraca, eles me deram uma bela surra e ficaram mais atentos. - as imagens bombardearam a minha cabeça. - Então eu passei dias observando toda a movimentação, eles me soltavam para comer, para eu ir ao banheiro, mas sempre tinha alguém com uma arma apontada na minha direção. Um mês depois e eu já estava pronta para tentar de novo, só tinha que ficar esperta esperando um vacilo que veio logo. Eu estava estranhando o sumiço de Guilherme, fazia dias que eu não o via, então nesse dia ele apareceu, não parecia estar no seu juízo normal, não sei se ele tava bêbado, se tava drogado, se só era a consciência pesando, não importava, ele entrou no quarto onde eu estava amarrada para levar a minha comida, me desamarrou enquanto falava um monte de besteiras e apontava a arma para mim, falava que ia me matar, que eu tomei o lugar dele, que tinha arruinado os planos dele, eu estava sentada no chão comendo e ouvindo tudo calada, ele se aproximou de mim com a arma em mãos, esperei que ele se aproximasse bem e acertei o rosto dele com o prato, ele caiu sentado, eu fui para cima dele que ainda estava atordoado e toda a raiva que eu sentia foi descontada na surra que eu dei naquele desgraçado, quando os capangas dele chegaram para ajudá-lo já era meio tarde, ele estava desmaiado e eu com a arma em mãos, eu lembro de ter atirado em dois mas não para matar, eu não contava que haviam mais dois, eu atirei em um e acabei tomando uma porrada do outro, a minha arma caiu longe, eu consegui fazer com que ele soltasse a dele também, alguns minutos depois de socos e chutes, nós dois já estavamos cansados demais, eu não sei nem de onde eu estava tirando tanta força, eu corri para pegar a minha arma e ele fez o mesmo, só que para o azar dele eu cheguei primeiro, eu só lembro que atirei e o vi cair, eu ouvi o barulho de tiro e quando olhei para a porta, um dos que eu tinha atirado estava lá, eu tinha acertado ele na perna, eu não esperei muito só apertei mais a arma na minha mão e sai correndo, depois disso a única coisa que eu lembro é de acordar na fazenda de Ana e Pedro. - era horrível lembrar de tudo aquilo, eu acho que matei alguém mas não consigo sentir culpa. - Eu acho que matei alguém Jeiza.

- Foi por defesa Marília, não pode colocar na sua cabeça uma culpa que não é sua.

- Eu não me sinto culpada, naquele momento eu sabia que era eu ou ele, era a minha vida ou a dele, só que eu não posso deixar de sentir algo pesar quando lembro que posso ter tirado a vida de alguém, mesmo que fosse alguém ruim.

- Eu entendo. - a delegada colocou a mão em meu ombro. - Quando eu virei major, nós tivemos uma grande operação em uma favela, nós já estávamos na metade do morro quando eu me deparei com um dos traficantes, nós dois trocamos tiros por alguns minutos e em dado momento ele precisou trocar de arma, não dava tempo para recarregar eu tinha um fuzil em mãos, eu saí de onde estava e nós dois ficamos frente a frente, antes dele engatilhar a arma uma das minhas balas acertou ele bem no peito, eu não senti no momento, continuei a missão, tomamos o controle do morro e quando o "sangue esfriou" eu me senti diferente. - ela parou um pouco, seu olhar distante. - Não era culpa, o cara era um traficante miserável mas alguma coisa mudou apartir daquele dia, depois de um tempo eu me acostumei com esse sentimento, ele foi o primeiro mas não foi o último.

O nosso amor venceuOnde histórias criam vida. Descubra agora