Estava acompanhando a pesagem do gado na fazenda de Minas, depois do que aconteceu na casa da Lauana aquele dia, eu dei um tempo do mundo, me isolei, antes de desligar de vez o meu celular e joga-lo no fundo de uma das gavetas do meu criado-mudo, eu liguei pra minha mãe e avisei que tava bem.
Eu tava quebrada, mais uma vez. Como isso foi acontecer? Como ela não lembrava de mim? Ver a confusão nos seus olhos ao me olhar, sua feição de estranheza, mas o que terminou de me quebrar foi sua pergunta, "Eu deveria? Porque eu não faço a mínima ideia de quem você é." Eu senti o chão abrir e me engolir de uma vez, precisava dá um tempo ao meu coração, a minha cabeça e nada melhor que trabalho, aproveitei que a fazenda estava com problemas e voei pra cá.
Desde que cheguei aqui na semana passada, eu estava acompanhando tudo, vacinação, pesagem, a produção e nutrição do gado. Bruno, o administrador da fazenda e meu amigo, me explicava tudo e me apresentou alguns membros da equipe que foram contratados a pouco tempo.
Quando cheguei, me reuni com o Bruno, queria saber logo o que estava acontecendo e porque os números que saiam daqui estavam baixos, ele disse que estava investigando e que quendo ligou pro João pra deixá-lo a par do que estava acontecendo, suspeitava de que o roubo estava acontecendo nos pastos, ou seja, estavam roubando gado.
Ao final da reunião, tínhamos decidido contar e pesar todo o gado, a fazenda era dividida em cinco pastos, nós já estávamos no terceiro.Eu estava escorada no curral observando tudo, um dos homens que estavam colocando os animais na balança chamou a minha atenção, não gostei dele, ele tratava os bois com violência e eu não estava gostando disso.
- Bruno, quem é aquele cara? - apontei para o mesmo, que nesse momento dava investidas violentas com um bastão, em um boi que mostrava resistência em entrar na balança, já estava demais.
- Ei amigo, devagar, não é porque estão indo pro abate que precisam ser maltratados antes, manere nas investidas. - ele me olhou com desgosto, mas fez o que eu pedi.
- Esse aí é o Júlio, ele já trabalhava aqui quando eu cheguei, ficou revoltado quando soube que outra pessoa assumiria o comando da fazenda, ele se achava o mais indicado, ele é bom, conhece bem a fazenda, toda a rotina com os bichos, mas não entende nada de números ou administração.
- Não gosto da forma que ele trata os bichos Bruno, e já vi ele sendo grosso com outros peões sem motivo aparente, sinto cheiro de problemas, vem daquele cara. - falei e fiz um gesto com o queixo mostrando o barbudo.
- Tudo bem, eu e o julyer ficaremos de olho. - conferi as horas no meu relógio, já tava quase na hora do almoço.
- Tudo bem pessoal, esses são os últimos da manhã, vamos almoçar e voltamos a tarde, acredito que dá pra gente concluir o pasto 3 hoje ainda. -falei alto chamando a atenção de todos, já estava virando para o Bruno de novo quando escutei uma voz falar com certo veneno.
- Olha só pessoal, a madame tá achando que entende do pesado. - e logo depois ouvi sua risada, os outros apenas observavam, mas logo continuaram com o trabalho.
- Algum problema? - perguntei me aproximando um pouco mais dele que coçou a barba mal feita, o sorrisinho irônico me irritando cada momento mais.
- Nenhum, mas você chegou aqui agora e já tá achando que entende de tudo, não viaja madame, se a gente parar agora so vamos terminar amanhã, a peãozada precisa descansar, ao contrário da madame, o pesado aqui é todo dia, eles podem ficar muito zangados se tiverem que passar a noite aqui contando gado, enquanto a patricinha tá dormindo. - ele se aproximou mais, o sorriso irônico nunca deixando seu rosto.
- Vão ficar bravos e vão fazer o que? - perguntei ficando frente a frente com ele, a pose intimidadora diminuindo quando eu me mostrei maior que ele, dessa vez o sorriso irônico foi meu. - Eu vou deixar algo bem claro aqui, eu mando nisso tudo, e se eu disser que vamos passar a noite contando boi ou que vamos continuar só amanhã é exatamente isso que vocês irão fazer, afinal, eu não pago um salário mais que gordo pra todos vocês, com direito a benéficos atoa, então se eu digo que vamos almoçar agora, vocês sobem na porra do cavalo e vão, e se alguém não estiver satisfeito, pode acertar suas contas com o Bruno, e mais uma coisa, enquanto eu estiver aqui, eu dou as ordens, então se eu falar que tem que pesar tudo de novo, você pergunta quando começa, entendeu? - eu falava baixo, a mandíbula quase trava de tanta raiva que eu estava sentindo, odiava que me tratassem como um rostinho bonito com dinheiro no bolso. - Vamos almoçar, a tarde a gente volta e eu vou ajudar vocês. - falei alto pra todos ouvirem, Júlio me olhava com tanta raiva, mas não falou mais nada, apenas virou e foi embora.
- Bruno, eu quero olhos voltados para aquele homem, não percam um passo dele.Estávamos à alguns quilômetros quando um helicóptero passou por nós e seguiu em direção a fazenda, acho que o João chegou, estimulei o Tupã pra ir mais rápido, acho que minha coroa tinha vindo junto com ele e eu tava com saudade.
O helicóptero já estava alçando vôo quando me aproximei, desci do Tupã e entreguei suas redeas a um funcionário da fazenda. - Leva ele pra tomar uma água, pode tirar a cela tá, eu vou usar a caminhonete mais tarde. Vai lá garoto. - passei a mão por seus pelos e ele bateu com seu casco no chão. - Larga de ser marrento menino.
Já ia entrando direto quando algo me chamou a atenção, havia uma pessoa parada na ponta da varanda olhando o lago. Só me faltava essa, não acredito que o João trouxe mulher pra cá. Fui me aproximando aos poucos enquanto arrumava o boné em minha cabeça, um cheiro doce e embriagante me atingiu em cheio, que cheiro gostoso, os cabelos presos em um coque charmoso.
- Olá, eu posso ajudar? - assim que a pessoa virou eu senti as minhas pernas falharem e o seu sorriso doce fez meu coração disparar.
- Oi Marília!
- Maraísa.
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O nosso amor venceu
FanfictionE quando eu sinto seu toque A minha pele se arrepia e toma um choque Minha boca, sua boca, sem sussurrar E uma lágrima escorrendo no meu olhar Dá pra ver, que eu amo você!