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Marília não dormiu aquela noite, apenas puxou a poltrona a colocando perto da cama, estava cochilando quando ouviu a morena grunir, um som agoniado, levantou em um salto e sentou na cama, ouviu seu nome sair dos lábios de maraísa em um sussurro.
- Ei, acorda. Eu estou aqui. - passou seus dedos pelos fios morenos.
- Marília, Marília não....
- Ei amor, abre os olhos, eu estou aqui. - a morena sentou rapidamente na cama, estava assustada, seus olhos amedrontados. - Estou aqui. - Maraísa se jogou nos braços de Marília, seus soluços vieram fortes. Suas mãos agarravam a blusa de Marília com tanta força.
- Eles, eles.... - os soluços não deixavam as palavras saírem.
- Shiiii, tá tudo bem amor, eu peguei você, peguei você, te trouxe de volta, olha, está no meu quarto. - a morena se recusava a tirar seu rosto do ombro de Marília.
- Foi horrível Marília, eu tive tanto medo. - o choro intensificou, Marília sentiu sua camisa molhar.
- Eu sei, eu sei, mas você já está em casa, está segura amor, não chora. Me perdoa por ter deixado isso acontecer, eu te juro que não vai acontecer de novo, nunca mais. - suas mãos acariciavam as costas da morena que aos poucos foi se acalmando, se sentia segura de novo. Como eu um estalo, lembrou do que Marília falou, " Eu te trouxe de volta" separou da loira, seus olhos procuravam algum machucado, suas mãos passaram pelos ombros, costas, peito e por fim o rosto. Estava bem. Trouxe o rosto de Marília para mais perto encostando suas testas.
- Quem eram aquelas pessoas? Eles fizeram algo a você? Você poderia ter se machucado Marília. - não tinha se afastado.
- Não importa quem eles eram, eu estou bem e faria o que fosse preciso pra ter você de volta e segura. - a mão da loira subiu e se apossou da nuca se Maraisa, seu polegar acariciou o maxilar da morena.

Afastou um pouco de Maraisa para poder ver melhor seu rosto. Amava tanto aquela mulher, não conseguia imaginar o que faria se por acaso aqueles homens conseguissem concluir o plano de Bruno. - Amo você, amo demais. - Maraisa a olhava estarrecida, não sabia ainda o que responder. - Não precisa me responder nada, eu apenas queria que soubesse. - deixou um beijo na testa da morena. - Toma um banho, eu vou preparar algo para você comer.
- Não me deixa sozinha, por favor. - abraçou Marília com força.
- Ei, está tudo bem, você está segura agora, eu prometo. Eu voltou rápido, antes de você sair do banho. - Marília sorriu fraco para a morena que assentiu. - Vem. - a ajudou a levantar. - Eu já volto, você já conhece o banheiro, pode pegar o que quiser no closet, fica a vontade tá. - estava virando de costas quando sentiu Maraisa puxar seu braço, virou para receber um beijo rápido.
- Obrigada amor. - cheirou o pescoço da loira que sorriu.
- Não precisa agradecer pequena. - sentia as mãos da morena passeando em suas costas. - Vai lá. - Maraisa deixou mais um selinho na boca da loira e entrou no banheiro.

Marília foi para a cozinha, ia preparar algo leve para elas, também comeria algo, não tinha se dado conta que não tinha jantado nada, quando voltou para o quarto, apenas conversou com as amigas, depois tomou um banho e sentou para zelar pelo sono da morena, queria estar acordada quando ela acordasse, começou a preparar tudo e se perdeu em pensamentos.

As mudanças que estava implantando na fazenda, estavam indo muito bem, Jorge, Luis e Beto eram bons no que faziam, não havia ocorrido roubo por enquanto, era fato que os primeiros roubos foram para chamar a sua atenção, mas porque?

Se aquilo era uma vingança, poderiam encontrar ela facilmente, era famosa afinal, se fosse para mata-la, também seria fácil, estava sempre em cima de um palco, não gostava de andar com seguranças e era uma pessoa acessível.

Ainda tinha os desvios de dinheiro, queria muito descartar seu irmão daquilo, mas quando Maraisa a informou do que estava acontecendo e a pergunta de Ricardo, foi impossível não ficar grilada, mas não queria acreditar nas suas suspeitas, qual é, João era um cara legal, do bem, não faria nada daquilo, ainda mais com a própria irmã, ou faria?
Precisava falar com Ricardo, e rápido.

Semana que vem, iniciariam a transferência do rebanho, mais da metade iria para Goiânia, também mandaria os cavalos, Tupã, Estrela e o filhotinho seriam os primeiros, para tirar o gado, seria simulada uma venda grande, caso algum dos peões perguntasse, quanto aos cavalos, apenas diria que os queria mais perto de si.

No meio de tudo isso, ainda conversaria com César, se ele está pensando que as coisas seriam fáceis para ele, estava muito enganado, iria falar com Ricardo sobre o suposto pretendente que ele estava tentando arrumar para Maraisa, colocaria ele para correr a base de chutes se fosse o caso.

Estava tão perdida em seus pensamentos, que não viu quando a morena entrou na cozinha.
- No que tanto pensa? - seus braços rodearam a loira por trás, afundou o rosto nas costas de Marília, que apenas aproveitou aquele abraço.
- Em tudo que vem acontecendo, no roubo do gado, nos desvios de dinheiro, no que aconteceu ontem, no João Guilherme. - suspirou sentindo Maraisa dar a volta e ficar a sua frente.
- Vai ficar tudo bem Mah, nós vamos descobrir o que tá acontecendo, o que aconteceu hoje me assustou muito, mas eu não vou sair do seu lado, quanto ao seu irmão, pode ser apenas um equívoco, vai ver ele nem sabia de tudo o que acontecia aqui.
- Eu não sei Maraísa, tudo o que você analisou, a minha conversa com o Ricardo, não queria, mas estou sim com uma pulga atrás da orelha. - o olhar da loira era preocupado, Maraísa acariciou seu queixo. - Ainda tem o tal pretendente que o seu pai quer arranjar para você, eu juro por Deus Maraisa, que se esse cara ao menos olhar com segundas intenções para você, eu vou.... - foi interrompida pelos lábios da morena que estava na ponta dos pés. Foi um beijo lento, intenso, cheio de carícias, suas línguas brigavam para ver quem dominaria, Marília ganhou, suas mãos puxaram Maraísa para mais perto, em um movimento rápido, levantou a morena a sentando em cima do balcão. A mente da loira a alertou, estava indo rápido demais, não queria assusta-la, foi diminuindo o ritmo do beijo sentindo uma mordida leve ser deixada em seu lábio inferior. Sorriram uma para a outra, Marília se afastou um pouco para alcançar a comida, só então reparando no que a morena vestia, um short curto de ginástica, e um de seus moletons que a serviam como vestido, os cabelos presos em um coque frouxo, linda.
- Linda demais. - Marília a encarava com intensidade e a morena ficou vermelha com o elogio, a loira sorriu e encheu seu rosto de beijos. - A mulher mais linda que eu já vi.
- Para Marília. - estava envergonhada, Marília riu.
- Come linda, nós precisamos descansar um pouco.
- Vem, senta aqui. - Maraísa bateu ao seu lado no balcão, em um único salto a loira sentou ao seu lado.

Passaram um bom tempo ali, comendo e conversando, Marília fazia o que podia para deixar os problemas fora do relacionamento das duas, sabia que já a tinha envolvido demais em todo esse rolo, quando aceitou sua ajuda com a administração da fazenda, mas queria que tudo entre elas fosse leve.

Ao terminarem, Maraísa lavou o que sujaram e Marília secou e guardou tudo, seguiram em direção aos quartos, não sabia se a morena iria querer dormir com ela de novo, mas rezava que sim.

Pararam na porta do quanto de Maraisa, encararam a porta, Marília colocou as mãos dentro dos bolsos da calça moletom que usava, moveu o pé de forma aleatória.
- Você, quer que eu fique com você? Só até você dormir ou... - Maraisa a olhou prendendo o riso, levou as mãos a cintura e encarou a loira de frente.
- Tá querendo dormir comigo de novo Mendonça? - a loira sorriu sem graça e coçou a nuca.
- Não, é só pro caso de... Tá zoando comigo né? - a morena riu.
- Você fica fofa assim, toda sem jeito. - a expressão da loira mudou, era uma mistura de confusão com incredulidade.
- Eu não acho que a palavra 'fofa' seja adequada para se referir a algo relacionado a mim. - Maraísa deu um passo a frente e apertou as bochechas de Marília, fazendo um biquinho se formar nos lábios da loira.
- Você é sim muito fofa. - deixou um selinho no bico da loira. - E sim, eu aceito dormir com você de novo. - Marília sorriu, abraçou a cintura da menor a levantando um pouco do chão, foi andando devagar assim até chegarem ao seu quarto. Marília fechou a porta atrás delas e a colocou no chão.
- Eu tenho que voltar ao meu quarto, não escovei os dentes.
- Tem uma escova nova lá no banheiro, vai primeiro. - Maraisa assentiu e se dirigiu ao banheiro.

Já estava muito tarde, e provavelmente ele estaria dormindo a essa hora, mas aquela pulguinha atrás de sua orelha a estava incomodado demais. Procurou seu celular pelo quarto e buscou o número desejado, clicou no ícone da conversa e digitou rápido, simples e objetiva.

" Fique de olho no meu irmão."

Seu peito afundou de certa forma, não queria pensar naquela possibilidade, mas tinha que se manter fria e racional, sua vida e a vida de pessoas que ela ama dependiam disso.

O nosso amor venceuOnde histórias criam vida. Descubra agora