Ana Schmidit
Durante o trajeto, permiti que a ansiedade me consumisse pela primeira vez em 12 dias. Certamente, eu já tinha os sentimentos organizados, sobre o que sentia de fato por Loki. Não, não era amor. Nem podia ser, levando em consideração que nem passamos tanto tempo juntos.
Mas ele despertava algo em meu coração, algo que não sentia há muito tempo. Ia além da relação carnal que presumi ser, no início. E, ficar longe esses dias, só confirmou que eu sentia sua falta. A simples falta de sua presença no quarto me deixava triste. Eu sentia sua ausência no espaço físico e também no peito.
Eu considerei mesmo estar amando aquele ser completamente desprezível. Até ousei proferir as palavras "eu te amo" algumas vezes, sozinha em minha própria companhia. Mas não, não fez sentido pra mim.
Conclui que era sim, desejo carnal. Mas que também era... paixão. Uma paixão platônica, como se ele fosse um astro de cinema pelo qual eu era apaixonada, que podia invadir meus sonhos as vezes e me fazer suspirar ao ver sua barriga de tanquinho.
Eu já estava conformada que não o teria, e, sinceramente, acho que essa era mesmo a melhor solução para resolver nossas pendências. Afinal, ele já havia se mostrado imaturo o bastante para querer ter um relacionamento, seja ele qual for.
Então, enquanto entrava em meu apartamento, não me preocupei em arrumar as caixas de cereal espalhadas sobre a bancada, nem as almofadas caídas no tapete da sala, muito menos em tirar a louça da lava-louças. Porque, obviamente, Loki não iria para meu apartamento.
E, me julgue, mas realmente considerei essa ideia. Nos primeiros dias, é claro. Fantasiei que quando ele fosse solto, seria humilde o suficiente para vir até mim, admitir que também estava apaixonado e me pediria ajuda. Mas, não. Óbvio que não. Amadureci essa ideia até perceber o quão tola ela era. Lógico que Loki não pediria minha ajuda, ele nem era capaz de me agradecer quando eu levava mimos até seu quarto. Incluindo comidas diferente e seus infinitos livros.
Loki não pisaria em meu apartamento, agora sei disso. Ele não pediria ajuda nem se estivesse à beira da morte.
Ou talvez pediria, afinal, como já ouvi diversas vezes, ele era um sobrevivente.
E foi por conta desses pensamentos que atendi o telefone sem nem olhar quem era.
"Ana? É a Clare" A voz abafada disse do outro lado da linha.
Murmurei um xingamento inaudível e disse oi para ela.
Eu e Clare havíamos trocado algumas mensagens desde o dia em que almoçamos, mas nunca mais nos vimos desde então. Não por falta de tentativa da loira, pois ela se mostrava bem disposta a vir no meu apartamento a qualquer hora do dia.
Mas eu não a respondia com a mesma empolgação, estava mergulhada demais no caso de Bucky e ainda tinha que arranjar tempo para me organizar perante a situação que Loki e eu nos encontrávamos. Se é que podíamos usar nossos nomes juntos em uma mesma frase.
No geral, eu apenas lhe respondia com alguns emoticons e lhe desejava bom dia, boa tarde e boa noite. Mas teve um dia que estava entediada e acabei me envolvendo demais na conversa e, desde então, ela me chamava pra sair toda noite. E eu sempre negando.
"Oi, Clare. Como vai?" Respondi, tentando não parecer desinteressada.
"Ótima! Estou pensando se não quer almoçar comigo hoje, podemos ir no restaurante aqui em frente a livraria."
Caminhei até a cozinha com o celular no ouvido, abrindo a geladeira enquanto pensava em sua proposta. Olhei e vi que meus mantimentos haviam acabado, então, juntei o útil ao agradável e lhe respondi.
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Two Passions, One Love
FanfictionQuando Ana recebe a tarefa de ser a terapeuta particular do deus da mentira, pensa que essa seria a missão mais difícil da sua vida. Quando ela se vê completamente apaixonada por ele e disposta a abrir mão de sua carreira perfeita por quebrar todos...