Capítulo 64

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Aviso de conteúdo sensível: bipolaridade e ansiedade.

Loki Laufeyson

Observava Ana preparar nossos tradicionais chococcinos, enquanto Bucky fazia o café da manhã. Me sentia culpado por não ajudá-los nessas tarefas.

Não o suficiente para me dispor a fazer qualquer coisa.

Ana estava diferente, bem diferente. Estava brilhando, reluzindo, parecia uma estrela. Se eu me esforçasse um pouco para olhar através dela, conseguia ver sua aura num tom rosa claro, que significava, no meu entendimento, ternura,  pureza, compaixão, sensibilidade e tudo de bom que essa mulher tem.

Nunca a tinha visto assim, tão... ela. Eu a conheci sendo durona, forte, inflexível, mas ao mesmo tempo ela era sensível, vulnerável e agora se mostrava ainda mais altruísta que nunca.

James apoiou a mão na cintura dela, enquanto se esticava para pegar um prato na prateleira de cima. Ele adora fazer isso, tocar nela em toda oportunidade. Ana sorriu para ele, que respondeu com um breve beijo em sua têmpora.

Inconscientemente, acabei sorrindo também.

Mas logo tratei de disfarçar. Ao contrário do que eu mesmo imaginei que aconteceria, sendo o grande egoísta que sou, não senti ciúmes dos dois. Não quando ela parecia tão bem, saudável, feliz, estável, com excessão do surto na última semana, quando ela achou que estava grávida, mas isso a gente releva.

Ana tinha algo diferente, alguma coisa que eu ainda não consegui descobrir o que é. Mas é bom, é lindo, é esplêndido.

Vê-la assim aquecia meu coração, me dava paz, me fazia amolecer. O que era assustador, porque esse não sou eu, rendido assim a uma relação tão complexa quanto a que temos. Rendido aos desejos de uma mulher que me ama, que me ama como sou.

Olhei para o soldado, mexendo alguma coisa no fogão, enquanto Ana espiava por cima do ombro dele, provavelmente falou alguma coisa engraçada em seu ouvido, porque ele riu. Se antes eu não entendia o motivo da Ana ter criado tanto afeto por ele, agora eu estava começando a entender.

Ela se aproximou e me entregou um chococcino, sentou ao meu lado e apoiou o cotovelo na bancada, sorrindo feliz e até um pouco apaixonada, quando olhou para mim. Volto a dizer, como ela estava diferente, como ela tinha crescido, evoluído, renascido, como uma... fênix.

— Um beijo por um pensamento seu? -Ela perguntou, me fazendo piscar assustado. - Está silencioso desde que acordou.

Engraçado, para alguém que sempre tem respostas na ponta da língua, eu realmente não sabia o que falar. Mas não resisti ao impulso de lhe dar um selinho rápido nos lábios, que foi correspondido da mesma forma.

— Não estou pensando em nada específico. -Disse a ela.

Ana não pareceu satisfeita, pois apertou os lábios num biquinho, mas assentiu e voltou a tomar seu café. Eu amo tanto isso nela, o fato de não insistir, não forçar nada. Pode ser que seja herança dos anos que foi terapeuta, mas prefiro acreditar que ela simplesmente é assim, que essa é só mais uma das suas incríveis e geniosas características.

Estava tudo calmo, quieto, silencioso se não fosse pelo som dos talheres. Ana trocava olhares comigo, parecia preocupada, mas isso não abalou aquela aura radiante que ela transmitia.

Sei que boa parte disso é consequência de ter inserido Bucky na nossa relação, o que só reforça a ideia que martelava lá no fundo da minha cabeça, aquela sensação de que eu talvez não fosse capaz de fazê-la brilhar assim, pelo menos não sozinho.

Two Passions, One LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora