Capítulo 45

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Loki Laufeyson


É uma benção e um fardo ser agraciado com o dom da telepatia.

Não que eu odiasse ler a mente das pessoas, eu adorava. Mas quando você invade a cabeça de alguém que está minimamente confuso, sua própria mente entra em colapso.

Isso tem acontecido quando leio os pensamentos de Ana.

Ela nunca me proibiu de fazer isso e sei o quanto essa ligação que criamos era algo pela qual tinha muito zelo, mas ainda assim, eu tentava fazer o mínimo possível nos últimos dias. Me limitava a responder seus chamados e a fazer comentários quando julgava necessário.

Ver Ana desenvolvendo sentimentos pelo soldado, me deixava, como posso dizer, ansioso?

Eu não a culpo por isso, acompanhei o desenvolvimento da relação deles desde o começo e sei que ela nunca faria nada que pudesse me magoar, não depois que nos declaramos um para o outro.

Mas sei que ela o observa diferente agora, arrisco dizer que até correspondia a alguns olhares tendenciosos que o soldado lhe direcionava. De uma forma completamente involuntária, era nítido.

Não julgo nenhum dos dois por isso, ambos são pessoas atraentes e que tem química juntos.

Só que a minha com Ana superava.

Superava tanto, que é ao meu lado que ela dorme todas as noites.

Me prendi a esse fato, enterrando fundo a sensação de insegurança que os dois juntos me passavam e resolvi me dedicar ao nosso relacionamento.

— Poderia me acostumar com isso.

A voz de Ana me tirou do transe.

Estava deitado, esperando ela sair do banho para assistirmos um filme.

Era isso que fazíamos.

Ficar em casa o dia inteiro, sem absolutamente nada de interessante acontecer.

— Com o quê? –Perguntei, vendo ela se jogar na cama ao meu lado.

— Roupas limpas sem precisar lavar.

Sorri minimamente, vendo o quanto um simples feitiço poderia deixa-la tão feliz. Realmente, humanos se contentam com muito pouco.

— Em Asgard, as pessoas também usam magia para serviços domésticos?

— Não, temos empregados para isso. –Informei, a puxando para perto.

O toque nunca foi algo que eu apreciei, não vendo necessidade de estar sempre encostando em alguém. Ao contrário de meu irmão, que em toda oportunidade, abraça, beija, aperta.

Sou grato por Ana não se importar com isso.

O problema é que desde que percebi essa... evolução, dos sentimentos dela sobre o soldado, utilizava qualquer desculpa para tocá-la.

E ela não se importava, diria até que gostava. Isso é uma das coisas que eu mais amo nela, o fato dela saber reconhecer a maneira que demonstro o amor.

Como já deixei claro tantas vezes, estou longe de ser alguém carinhoso, ou romântico, ou qualquer coisa que mulheres costumam admirar em um homem. Não que fosse um brutamontes, esse cargo deixo para Thor, mas eu realmente não me importo com certas demonstrações de afeto.

Ou não me importava.

Ana sempre fora um porto seguro para mim, mesmo quando ainda estávamos confinados na SHIELD, só que agora, cada vez me deixava mais confuso.

Two Passions, One LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora