Capítulo 52

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Ana Schmidt

— Qual dos dois rapazes sabe trocar pneu? -Perguntei entrando pela porta da garagem.

Loki estava sentado no sofá vendo tv, enquanto Bucky preparava um lanche para si na cozinha. Consegui a atenção de ambos ao perguntar alto.

No caminho de volta do mercado, acabei tendo um imprevisto e o pneu do carro furou. Por sorte, estava próxima de casa e consegui andar até a residência para pedir ajuda.

— Eu dispenso. -Loki falou e se ajeitou confortavelmente no sofá.

— Claro que dispensa. -Eu revirei os olhos e fui até Bucky, que mordia seu sanduíche enquanto me assistia caminhar até ele.- Você sabe trocar pneu, soldado?

Bucky negou com a cabeça, sem parafrasear qualquer coisa.

— Ótimo, então terei que me virar sozinha. -Resmunguei indo até a geladeira.

— Eu tento. -Bucky falou, após terminar seu sanduíche.

Me virei para ele, que esfregava as mãos para se livrar das migalhas de pão. O soldado deu de ombros com minha cara de surpresa e subiu para o quarto, provavelmente para vestir algo que cobrisse seu braço de metal.

Voltei para a sala com meu copo de água gelada e me sentei ao lado de Loki, que estava entediado ao passar os canais da televisão.

Depois de quase três meses, até o deus da mentira parecia estar farto de não ter atividades para ocupar seu tempo.

Por isso fui ao mercado essa manhã, suspendendo o treino matinal com Bucky. Comprei petiscos e bebida, na intenção de fazer aquele dia que devia ser especial para mim, um dia legal.

Fazer vinte e nove anos não devia assustar tanto quanto fazer trinta, mas a cada instante eu pensava mais nisso. Não o fato de envelhecer, mas sim de envelhecer e Loki não.

Ao menos, não no mesmo ritmo.

Escondi dos dois rapazes que era meu aniversário, tentando não pensar nisso para que Loki não descobrisse, dando uma desculpa que estava cansada de treinar e que hoje iríamos nos divertir.

Loki, com sua imparcialidade de sempre, apenas deu de ombros quando sai e fui ao mercado. Já Bucky, sendo o rapaz gentil que estava mostrando ser, acabou se oferecendo para me ajudar, mas eu recusei.

Até pensei em comprar um bolo, mas ali ninguém consumia açúcar, então peguei uma pizza de microondas, talvez mais tarde, quando eu estivesse dominada pelo álcool, revelava que estava completando mais um ano de vida.

Bucky desceu as escadas e foi em direção a porta, eu me levantei num pulo e o acompanhei.

O caminho até o carro foi silencioso. Bucky parecia feliz em sair um pouco de casa, fez bem a ele pegar um pouco de sol. Seu cabelo estava maior, algumas mechas ameaçavam cair na testa.

Sem muito esforço, ele conseguiu trocar o pneu, me dando um vislumbre de sua força e masculinidade. O observei sem pudor algum, pois estava longe de Loki e não precisava enterrar os pensamentos insanos que eu costumava ter na presença do soldado.

Ele terminou e bateu as mãos na bermuda, espantando uma falsa poeira que havia nelas. As luvas cobriam seus dedos, me fazendo questionar como ele não estava suando nesse exato momento.

— Que foi? -Ele perguntou, apoiando o quadril no carro.

— Oi?

— Fiz alguma coisa?

Pisquei forte, percebendo o quão frequente esses momentos eram, quando eu me perdia olhando para ele, avaliando cada centímetro do seu corpo.

— Não, desculpe. -Desviei os olhos e dei a volta no carro, entrando no lado do motorista.

Two Passions, One LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora