Capítulo 10

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Ana Schmidt


Bebemos mais 4 cervejas cada, até decidirmos em conjunto que estava na hora de ir embora. Eu tinha uma certa resistência para álcool, não como Steve tinha, mas posso dizer que não estava bêbada. Mesmo assim, ele insistiu antes de eu entrar em meu carro.

— Tem certeza que não quer um táxi? –Perguntou, apoiado na janela de meu carro, onde eu já estava acomodada no banco do motorista.

— Eu moro perto daqui. –Liguei o veículo.

— Ok, qualquer coisa me liga.

— Certo. –Sorri para ele.- Obrigada, Capitão. De verdade.

Ele sorriu e concordou com a cabeça.

Mas acho que não compreendeu de fato pelo que agradecia ele. Não era somente pela preocupação com minha pessoa, mas por ter me proporcionado algumas horas sem que pudesse pensar em Loki.

Dei partida, logo sendo engolida por minha própria melancolia. Dói pensar que não veria Loki mais. Eu realmente esperava, no mínimo, um abraço de despedida, ao menos um olhar compreensivo, mas nem isso ele me deu.

Pela primeira vez, permiti que algumas lágrimas caíssem. Sei que em parte era culpa das cervejas, mas depois vi que eu realmente sofria.

Ele era um babaca, sem responsabilidade afetiva alguma. Sabia dos meus sentimentos e desejos, mas não se importou com isso. Teria doído menos se ele só dissesse que não me queria. Vê-lo ir embora, sem nem se despedir era como uma faca cravada no peito.

Sequei as lágrimas quando estacionei na garagem do prédio, tentando acalmar a respiração. Era pouco mais de 10h da noite, então não tinha muito movimento, mesmo assim não queria que ninguém me visse nesse estado. Olhei para o banco de trás e vi os presentes que comprei pra Loki, pensando em como iria queimá-los mais tarde. Saí do carro com os livros e a sacolinha da joalheria na mão, tentando equilibrar tudo e ainda controlar minhas emoções.

Quando entrei no elevador, escutei uma voz distante, pedindo para que eu segurasse a porta. Fiz essa gentileza e vi que era um dos meus vizinhos de corredor. Um rapaz alto, um pouco magro, pele negra e olhos amendoados, era muito bonito e quando sorria, podia ver o brilho que seus dentes tinham.

— Quanto tempo, Ana! –Ele falou animado.

— Isaque. –Sorri pra ele, mesmo estando a ponto de chorar.

— Não sabia que estava namorando, você é sempre muito reservada. –Soltou, apertando o botão para a porta fechar.

— Como? –Perguntei assustada.

— Seu namorado, topei com ele mais cedo. –Falou tranquilo.

— Eu não tenho namorado.

Ele me lançou um olhar assustado.

— Então quem era aquele homem que vi entrando em seu apartamento? –Perguntou, a voz tremendo.

Engoli em seco. Aquilo estava muito esquisito.

— Isaque, pode segurar isso pra mim? –Perguntei, já lhe entregando os livros e a sacolinha.

Toquei minha arma, que estava na cintura, assim que a porta do elevador abriu, em nosso andar.

Pensei em mil possibilidades, mas a mais plausível seria a própria S.H.I.E.L.D. invadindo meu apartamento enquanto eu bebia e batia papo com Steve. Com certeza descobriram nosso plano para ajudar Bucky e em alguns minutos eu seria presa. Andei receosa até a porta, já com a pistola na mão, mantendo ela abaixada.

Two Passions, One LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora