Aviso: conteúdo sensível, ansiedade e MUITA FOFURA.
Ana Schmidt
— Faremos algo diferente hoje, Maya. -Falei para a adolescente, que me encarava com cara de poucos amigos. - Vou te contar uma coisa sobre mim, você me diz se acha que é verdade ou não. Depois você me conta uma coisa sobre você e eu digo se é verdade ou não.
Vi a confusão estampar a face da garota, mas algo em seus olhos mudou. Acredito que nunca tinha participado de dinâmicas alternativas, mas eu estava mesmo disposta a ajudar ela.
— Como vou saber se você está mentindo ou não? -Perguntou em tom de desafio.
Sorri para ela, pois vi que estava entrando no jogo. Acabei relaxando no encosto da cadeira e descruzando os braços, isso daria a ela a sensação de liberdade.
— Bom, você não vai saber, terá que confiar em mim. -Aumentei o sorriso. - E eu também não vou saber se você está sendo sincera, então estamos quites.
Ela descruzou os braços, o que me fez ter certeza que estava mesmo entrando na brincadeira.
— Então comece. -Deu de ombros. - Duvido que sua vida seja tão interessante, não tem nada que possa me surpreender.
Quase gargalhei.
Ah, Maya, se você soubesse...
— Vou começar com algo simples. -Suspirei enquanto imaginava o que poderia dizer. - Por baixo dessa camisa social, eu tenho os braços fechados de tatuagem.
Ela arregalou os olhos.
— Isso é claramente mentira! -Acusou.
— Por que acha isso? -Perguntei curiosa, porque sua reação foi muito espontânea.
— Porque você não parece ser tão legal a ponto de se encher de tatuagens. -Deu de ombros. - Nunca vi nenhum psicólogo com tatuagens!
Aquilo, particularmente, me ofendeu. Mas optei por rir e aproveitei a brecha, para perguntar:
— Então você conhece muitos psicólogos?
Maya arregalou os olhos de novo, me fazendo sorrir convencida.
— Isso não é justo, você me manipulou.
Foi a minha vez de dar de ombros.
— Sua vez, mocinha.
Ela bufou irritada e cruzou os braços.
— Eu tenho quatro irmãos. -Maya disse, virando a cabeça para me encarar.
Essa era uma verdade que eu já sabia. E ela sabia que eu sabia, estava na sua ficha, então usou de propósito. Mas não me deixei abalar, fingi surpresa.
— Acho que é verdade.
— Sim, é sim. -Respondeu longe. - Sua vez.
— Eu tenho uma irmã. -Falei, vendo ela virar lentamente para me encarar. - Uma irmã mais nova. -Completei.
Maya me olhou de cima a baixo, de sobrancelhas franzidas, mas por fim, suspirou e disse:
— Acho que é verdade.
— Está correto, sua vez.
Parando de me encarar, Maya bufou. Ela sempre bufava, o que me lembra alguém. Esse pensamento me fez sorrir, mas logo escondi e abaixei a cabeça. Maya demorou mais que alguns poucos segundos antes de respirar fundo e dizer:
— Eu sou lésbica. -Falou sorrindo.
Não disfarcei o espanto, o que só aumentou seu sorriso. Mas ela não era lésbica, não. Confiei fielmente no meu gaydar para afirmar isso:
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Two Passions, One Love
FanfictionQuando Ana recebe a tarefa de ser a terapeuta particular do deus da mentira, pensa que essa seria a missão mais difícil da sua vida. Quando ela se vê completamente apaixonada por ele e disposta a abrir mão de sua carreira perfeita por quebrar todos...