Capítulo 46

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Ana Schmidt


A cada dia eu me sentia mais e mais entediada. Ocupava a mente lendo, treinando, escrevendo, vendo séries... mas, a ansiedade me dizia que aquilo não era suficiente.

Gastava o excesso de energia acumulada com Loki e depois com Bucky nos treinos, mas ainda não era o suficiente. O fato de estarmos fugindo, não deixava minha mente descasar e, apesar de eu gostar de dormir até mais tarde, me sentia inútil.

Bucky não levava os treinos comigo a sério, sempre desviando dos meus golpes e me tratando como se eu fosse café com leite. O que eu realmente era, estava longe de ser uma agente de campo e nunca teria chances contra um super soldado.

Mesmo assim, ele pegava leve demais.

Ora, tenho treinamento tático, apesar de preferir os consultórios. Fiz muitas aulas de Krav Magá e acredito que ninguém conseguiria me assaltar com facilidade, ainda mais pelo fato de eu andar sempre armada.

Nós não fazíamos as corridas como no chalé, primeiro porque aqui no Arizona, nós temos vizinhos. Segundo porque é muito quente e já amanhece fazendo um sol desgraçado.

Então, sobrava alongamentos, exercícios funcionais e depois finalizamos com uma breve luta, essas que geralmente terminavam comigo chateada por ele não querer lutar.

Eu entendo perfeitamente seus motivos e, no meu íntimo, sei que a razão de eu me irritar com Bucky ia além da sua preocupação em me machucar.

A verdade é que eu estava tão confusa em relação ao soldado. Não o amo como Loki, essa é a única certeza que tenho.

Mas tenho uma ligação com o Bucky que foi forjada na base da confiança, amizade, empatia e carinho. Bem diferente do que aconteceu com o deus da trapaça, pois desde o início nos provocamos, implicamos, discutimos e no fim, nos apaixonamos.

Eles eram opostos, mas ao mesmo tempo tão parecidos.

Ambos com traumas e arrependimentos, ambos se culpando por algo que não tinham culpa.

Loki gostava de falar, ele amava que o ouvissem, não à toa que também é conhecido como o deus das histórias. Já Bucky era reservado, limitado com as palavras e tímido.

Pensava sobre isso enquanto dirigia até o mercado. Não que estivesse faltando algo em casa, mas sim porque queria trocar de ambiente um pouco. Se estivesse em meu apartamento numa situação como essa, compraria queijos e teríamos uma tarde de frios agradável.

Mas como estava calor, comprei algumas caixas de cerveja para Bucky e eu, e o vinho mais caro que encontrei para Loki, mesmo sabendo que ele acharia defeitos com a justificativa que os de Asgard são melhores.

Estava selecionando alguns petiscos quando escutei a voz de Alissa:

— Nós realmente só nos encontramos assim. –Ela falou próxima.

Segurava uma cestinha com alguns itens de higiene.

— Temos que começar a contar. –Respondi sorrindo.

— Está sozinha dessa vez, aconteceu algo?

Franzi as sobrancelhas confusa, mas logo lembrei que aqui é uma cidade do interior e Alissa ser do vale, não anulava o fato que todos aqui são intrometidos.

— É, não quiseram sair de casa hoje. –Falei descontraída, pois a verdade é que sai tão rápido sem nem lhes dar a chance de me acompanhar.

— E o que está achando da cidade? Pensei que te veria domingo na praça.

Two Passions, One LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora