Capítulo 48

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Aviso de conteúdo sensível: ansiedade.

Ana Schmidt

Minha noite de jogos e cerveja foi completamente substituída por uma sessão intensiva de terapia com o Bucky.

E eu trocaria todas as possíveis distrações que essa cidade tem a oferecer se isso resultasse num avanço, o mínimo que fosse, na melhora de Bucky. Então, sentada ao seu lado na cama, eu acariciava sua mão enquanto ele falava sobre seu passado.

No início, eram situações isoladas, como uma noite dançando na companhia de uma jovem moça, ou um dia de treinamento na base militar. Depois, suas descrições foram ficando mais detalhadas, como se aquelas coisas tivessem acontecido há dias, não há anos.

Eu ouvia atentamente, tentando não interromper e o deixando falar qualquer coisa, pois aquilo era importante. Só o fato dele falar, era importante.

Me surpreendi de tantas formas ao vê-lo tão sincero e vulnerável, que tive que ser forte para não chorar a cada frase.

Eu foquei totalmente nele, esquecendo até mesmo de Loki, que se retirou do quarto antes de Bucky começar a falar. Nós ficamos o que pareceram horas ali, as vezes apenas ouvindo nossas respirações, as vezes com ele murmurando tão baixo que eu tive que me inclinar para ouvir.

E quando escureceu, nós nos encontramos, curiosamente, deitados no chão do quarto, nossos ombros se tocando e de mãos dadas.

Eu estava ali para ele, estava ali para ouvi-lo, apoiá-lo, entende-lo e decifrá-lo.

O soldado precisava de alguém para ser sua muleta, até que conseguisse voltar a andar com as próprias pernas.

Esse alguém sou eu.

Ao mesmo tempo que queria entrar na mente dele, como Loki havia feito, sei que isso seria errado. Não, Bucky não quis me contar e eu respeitaria sua decisão, apesar de estar muito tentada a pedir ao Loki que me mostrasse.

Bucky tinha falado por horas, desabafado, derramado algumas lágrimas e por fim, relaxou o corpo ao meu lado no chão, ouvi sua respiração ser regularizada e então percebi que havia dormido.

Olhei para ele, que estava tão sereno, tão diferente do que vi mais cedo, tão diferente de todas as vezes que tinha o visto.

Eu fiquei ali velando seu sono por tanto tempo, que eu mesma adormeci, o tendo como a última coisa que vi.

.

Despertei de um sono sem sonhos, sentindo meu corpo dolorido. Uma luz forte banhava meu rosto, o que me fez querer levantar a mão para cobrir os olhos, mas não consegui, pois ela estava presa.

Dedos de metal estavam entrelaçados aos meus de carne, segurando um aperto firme, mas não doloroso. Olhei para o lado e vi Bucky dormindo, sereno como na noite anterior.

Sorri com a visão e voltei a fechar os olhos, pois a luz do sol ainda nos iluminava.

Pouco tempo depois, o soldado começou a se mexer. Assim que deu conta da nossa proximidade, que não ia além de mãos dadas e laterais do corpo se tocando, ele levantou de supetão, indo para o outro lado do quarto.

Quando me levantei, ele estava imprensado contra a parede, parecia ter vergonha. Eu sorri para ele, com cautela ao me aproximar, a última coisa que precisava era dele tendo outra crise.

— Bom dia. –Falei com a voz arranhando de sono.- Dormiu bem?

Ele sacudiu a cabeça, olhando para o chão, para a cama, o guarda roupas e, por fim, para mim.

Two Passions, One LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora