Capítulo 50

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Ana Schmidt

Com o passar dos dias, todos nós caímos numa rotina agradável. Minha mente estava começando a entender que aquela era minha nova realidade, então foi bastante surpreendente quando não consegui dormir numa noite.

Já estávamos há mais de dois meses residindo no Arizona, o verão batia na porta e eu só conseguia pensar no quão quente aquele estado podia ser nessa estação do ano.

Com o verão, também se aproximava meu aniversário, mas essa é uma coisa que eu preferi guardar, pois a cada dia o peso de envelhecer cai sobre mim.

Em relação ao Loki, nós agimos como um casal recém casado. Eu não poderia estar mais apaixonada. Discutíamos sobre algumas coisas, mas nada que fugisse do normal. Era uma relação tão boa que eu poderia viver isso pro resto da vida.

É raro achar uma conexão assim e as vezes me pergunto se sou abençoada ou amaldiçoada por ter encontrado justo em Loki tudo aquilo que nem sabia que procurava.

Estabelecer família nunca foi algo que almejei. Casar e ter filhos não estava no meu plano de vida perfeito.

Me apaixonar pelo deus da mentira também não.

Sentir atração pelo Bucky, muito menos.

Mas, veja só, isso realmente aconteceu!

Em meio a esses pensamento, eu resolvi levantar da cama. Loki dormia como sempre, esparramado ao meu lado, de bruços, sem muito contato físico. Estava nu, somente o lençol cobrindo sua bunda, os cabelos caindo no travesseiro, escondendo o rosto. Essa visão, combinada com a luz suave da lua cheia me fez sorrir.

Eu sempre sorria quando olhava para ele nesses momentos.

Mas já era madrugada, vi pelo meu celular na mesa de cabeceira. Catei o aparelho e peguei um robe de cetim preto, para cobrir minha nudez. Desci a passos silenciosos até a cozinha, primeiro na intenção de beber água e me refrescar, mas assim que abri a geladeira, vi umas caixas de cervejas. As mesmas que comprei há um tempo, no mesmo dia que Loki e eu jogamos xadrez, no dia do surto de Bucky, no dia que dormimos lado a lado.

Peguei a caixa e a coloquei na bancada, tirando uma cerveja e a abrindo.

Bucky tinha evoluído bastante, ao seu modo. Continuava recluso, aparecendo somente para os treinos e refeições. Mas eu percebi sua sútil mudança, pois ele passou a ler alguns dos livros que Loki deixava espalhados pela casa.

Loki nunca fora exatamente bagunceiro, ele só não tinha paciência para colocar as coisas onde pegava, mas isso não era um problema, pois com apenas um gesto, ele fazia voltar pro lugar.

Mas eu percebi uma estranha aproximação entre os dois homens. Nada descarado como no dia da garagem, mas ainda assim, uma aproximação.

Começou alguns dias após a crise do soldado, quando Loki veio me questionar sobre um livro seu.

— Eu deixei ele naquela mesa. -Ele apontou para a mesa de centro na sala.- E sumiu, midgardiana.

— Querido, talvez esteja nessa sua bolsinha da Hermione. -Respondi.

Eu estava tirando poeira do móvel da televisão.

— Como?

— Esse lugar que você esconde as coisas, eu passei a chamar de bolsinha da Hermione.

— Você está... -Começou.- Não importa, meu livro estava aqui.

Ouvimos passos no segundo andar e depois Bucky apareceu na escada.

Two Passions, One LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora