Capítulo 39

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Aviso de conteúdo sensível: MUITA FOFURA E AMOR (com um pouquinho de linguagem sexual, mas, como sempre, nada muito explícito)


Ana Schmidt


Estava pronta para me afastar dele, pois... Pois não sei se posso suportar ser o lado mais forte do cabo de guerra agora, sempre o puxando em minha direção.

Não depois de perceber o quão imaturo ele era, admitindo também que eu não era lá tão madura quanto um relacionamento com o deus da trapaça exigia que eu fosse.

Ao mesmo tempo que era fácil amá-lo, pois cada movimento de seu corpo e cada olhar que ele me lançava em nossos momentos íntimos, como no quarto ou na varanda do chalé, tinha paixão. Tinha amor. Também era difícil amá-lo, pois ele não estava bem mentalmente quando o conheci, digo até que fui um dos pilares para conseguir ficar estável e ter uma conversa civilizada com Bucky, por exemplo. Era difícil amá-lo quando ele mesmo não se amava e isso eu já tinha percebido há muito tempo.

Loki está sempre, sempre, no meu pensamento. Não por prazer, como eu sou um prazer para mim própria, mas como parte de mim mesma. E pode não ser saudável nossa relação no momento, pois agora sei o quanto estávamos despreparados para viver um amor tão intenso como aquele que cultivamos.

Só que eu queria. Queria viver aquilo e aprender junto com ele a lhe amar.

Então ele tomou fôlego pela terceira vez consecutiva e finalmente soltou a voz:

— Nunca lhe confessei abertamente o meu amor, mas, se é verdade quando dizem que os olhos falam, até o mais tolo dos homens teria percebido o quanto eu estou perdidamente, completamente, loucamente...apaixonado por você. –Disse de uma só vez, como se pudesse se arrepender caso não falasse rápido, foi sem pausas e sem desviar os olhos, antes azuis e agora negros devido às pupilas mais dilatadas que nunca.

Acho que, nas questões do coração, não dá para prever como uma pessoa vai se comportar e agora afirmo, esse foi o melhor comportamento que ele já teve. Naquele instante, eu percebi o quanto fui idiota por, em um momento, considerar que ele não tinha se afeiçoado, ao menos um pouco, por mim. Ele era imprevisível, surpreendente e me fez amolecer com poucas palavras, essas que eram tão carregadas de sentimento, que eu dispensava qualquer "eu te amo" que viesse a seguir, pois aquilo bastava. Ele bastava para mim.

Não ousei tentar responder, pois o que saiu da sua boca não foi só uma declaração, foi poesia e sei o quanto era difícil para ele dizer palavras tão gentis, quando a vida mesmo não fora gentil com ele.

— Ana, eu sinto muito ter lhe desapontado nesse nível, não achei que pudesse ser possível te magoar ao ponto de você ferir a si mesma. –Ele ergueu minha mão machucada e conjurou uma faixa nela, fazendo então um curativo.- Escute o que vou te dizer, pois pode ser a única vez que vai ouvir.

Respirei fundo ao mesmo tempo que ele pegava fôlego para falar:

— Passei todas as vidas, antes dessa, procurando por você. –Acariciou minha bochecha.- Não alguém como você, mas exclusivamente você, que não cobra de mim ser diferente, que não me trata com desprezo pelas sombras do meu passado. E eu me amaldiçoo completamente por não ter lhe dado tudo aquilo que você merece desde o dia em que nos conhecemos, pois naquela tarde em que você entrou na minha cela, eu tive certeza que a sua alma e a minha estavam destinadas a ficarem juntas para sempre. Só que eu não estava preparado, talvez nunca esteja realmente, talvez você nunca me tenha por completo, pois preciso me encontrar para ser tudo aquilo que você espera que eu seja.

Two Passions, One LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora