Two Passions, One Love

Capítulo 77

Aviso: conteúdo sensível, menção a violência doméstica (nada muito explícito, mas que pode causar gatilho).

Ana Schmidt

— Qual é a da foto? -Maya apontou para o porta retrato na minha mesa enquanto se jogava na poltrona.

Olhei para a moldura e sorri involuntariamente, era uma foto que consegui recuperar da época no Arizona, Loki, Bucky e eu sentados à mesa, Loki sorria abertamente, Bucky só olhava para a câmera e eu me mantinha firme, tentando não rir da cara fechada do soldado. Trouxe essa foto pra cá no dia seguinte que Thor visitou nosso apartamento, isso há uma semana.

Acontece que esse foi o primeiro dia de Maya de volta à escola desde a palestra de Steve, então ela estava meio perdida. Mas não menos irritante, porque mal me deu boa tarde, só perguntou da foto. Ela era inteligente e observadora, porque só isso tinha mudado na minha sala e ela conseguiu reparar.

— São minha família. -Virei o porta retrato para ela. - Olhe, são uns gatos, não é?

— Achei que você tivesse uma irmã. -Ela pegou a moldura para ver melhor.

— Família não é só de sangue. -Comentei.

Maya analisou a foto de cima a baixo, depois suspirou e me devolveu.

— São mesmo uns gatos. -Deu de ombros. - Eles são o que seus?

— Família. -Repeti, ajeitando o objeto no seu lugar original. - Por que não me fala o motivo de ter faltado praticamente uma semana inteira?

A postura relaxada da morena simplesmente sumiu, ela ficou rígida, se endireitou não poltrona e desviou o olhar.

— Vamos, Maya. -Pedi a ela. - Você não estava doente, porque não recebemos nenhum atestado.

— Eu tive problemas. -Ela murmurou. - Que não são da sua conta.

— São sim, seus problemas pagam meu salário. -Disse e repousei na cadeira.

Minha fala trouxe um ar divertido a sala, pois Maya acabou soltando um sorriso de lado, mas que tratou de disfarçar. Ela gosta de joguinhos, eu sou ótima nisso, então decidi que essa seria a melhor estratégia.

— Me fale o motivo que eu digo o que eles são de fato. -Apontei para o porta retrato. - O que me diz?

— É meio óbvio que eles são algum tipo de amigos, talvez primos? -Ela tentou me manipular, jogando verde.

Não, Maya, tudo menos isso.

— O motivo de ter faltado? -Voltei a pedir.

Ela bufou e cruzou os braços.

— Problemas. -Disse simples. - Na minha casa, muitos problemas.

— Isso tem a ver com seus quatro irmãos?

— Não, não mesmo. -Respondeu numa risada irônica. - Você não entenderia.

— Experimenta. -Falei em tom de desafio.

Ela respirou fundo e se inclinou sobre a mesa, apoiando as mãos na madeira e me olhando fixamente nos olhos. Eu mantive a postura relaxada, porque estava longe de me sentir intimidada por essa encarada nada ameaçadora dela.

— Minha mãe. -Falou séria. - Tem problemas com o namorado, quando eles brigam, tudo fica esquisito.

— Esquisito como?