Ana Schmidt
O sábado chegou mais rápido do que o normal, me fazendo lembrar do convite completamente impulsivo que fiz a nossa vizinha durante a semana. Não que eu ache errado demonstrar ciúmes, só não era do meu feitio o fazer.
Dei conta que ultrapassei todos os limites do que considero saudável em relação a esse sentimento assim que me vi no mercado, fazendo compras para o jantar, ao lado de James, enquanto Loki parecia ter cravado os pés no corredor de vinhos.
— Estou muito arrependida de ter chamado eles. –Falei para Bucky, que selecionava tomates numa maestria de quem passou a vida toda fazendo isso.
— Foi legal ver você ciumenta. –Ele disse despreocupado, enquanto amarrava o saquinho com a fruta.
Analisei sua postura relaxada, tão tranquilo e sereno que não tive coragem de contradizer o que falou, assumindo que realmente agi no impulso, tomada pelo ciúme. Ciúmes esses que eu não tinha direito algum de sentir, porque, afinal, Bucky e eu não temos nada.
Nem Loki e eu temos algo concreto.
Nos amamos? Muito, isso é inegável. Sentimos atração um pelo outro, companheirismo, parceria, amizade e todas as coisas que um casal deveria encontrar. Agora firmar isso como um relacionamento sério, de verdade, acho que só estragaria.
Implicaria em muitas outras coisas, como eu ter que me privar de certos momentos com Bucky, que não passaram de mãos dadas e alguns carinhos mais íntimos que antes, desde a noite que dormimos juntos, ou de eu me ver presa em um possível namoro que no futuro não poderia dar certo.
E nem acho que Loki queira mesmo pontuar o que temos, porque ele parece bem à vontade com o nível que nossa relação chegou. Agimos como um casal, já nos apresentamos como casal para outras pessoas, dormimos juntos, vivemos juntos.
Isso deve ser o bastante para que ele (e eu também) tenha senso de não fazer algo que possa magoar um ao outro. Por isso, em sua presença, eu limitava certos pensamentos e olhares direcionados a Bucky, bem diferente de Loki, que o observava descaradamente.
Em particular, apesar de implicar com isso, eu acho a coisa mais atraente do mundo ver esses dois assim, se analisando vez ou outra, me incluindo na conversa silenciosa entre as encaradas, e, é claro, me divertindo ao ver a cara de Bucky toda vez que Loki, a seu modo, flerta discretamente com ele.
O soldado, quando estamos sozinhos como agora, me trata como se eu realmente fizesse um casal com ele, sendo o completo oposto do asgardiano no corredor ao lado. E sei que sou egoísta por gostar e ansiar por esses momentos, mas se meu egoísmo for o necessário para ver Bucky tão tranquilo assim, eu continuaria sendo egoísta pro resto da vida.
— O que tem em mente para o jantar? –Perguntei, o seguindo até o corredor onde Loki estava.
— Um risoto. –Ele respondeu, após parar ao lado do príncipe.- Achou?
— Sim, creio que esse sirva. –Loki colocou uma garrafa de vinho branco no carrinho.
— Então os dois trabalham em dupla, agora? –Perguntei, o vendo me dar uma piscadela.
Bucky só voltou a empurrar o carrinho, enquanto eu e Loki o seguíamos atrás, de braços dados.
— Desde quando você entende de vinhos, alteza? –Perguntei baixinho.
— Não entendo, mas eu sei ler. –Deu de ombros.- Acredito que as regras para um bom vinho sejam as mesmas em todo planeta.
— Devem ser.
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Two Passions, One Love
FanfictionQuando Ana recebe a tarefa de ser a terapeuta particular do deus da mentira, pensa que essa seria a missão mais difícil da sua vida. Quando ela se vê completamente apaixonada por ele e disposta a abrir mão de sua carreira perfeita por quebrar todos...