Capítulo 58

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Ana Schmidt


Se você tem que sair de casa todos os dias, ao menos para trabalhar, automaticamente se cria a necessidade de conviver com outras pessoas. Então, essa necessidade aumenta conforme seu ciclo social cresce. E é até difícil acreditar que alguém se considera sozinho, sendo que está sempre em baladas, em confraternizações do trabalho, cercada de colegas de profissão, antigos colegas de faculdade e até mesmo nos parceiros que as noitadas numa boate te davam.

Mas aquela solidão, a que te inunda assim que a porta do apartamento é fechada e você é tomado por um vazio, já tão conhecido por você, esse tipo de solidão, ninguém vê.

Mas também, quem veria?

Se o significado de estar sozinho é justamente esse?

O problema é que quando se é assim por tanto tempo, a monotonia que sua vida toma, numa rotina exaustiva de estudo e trabalho durante a semana, baladas e sexo sem compromisso nas noites de sábado e um domingo sofrendo pela ressaca, acaba te engolindo e você nem vê.

Tudo piora quando você passa a gostar disso, primeiro porque só conheceu esse tipo de felicidade. Segundo porque, de fato, se seu foco no momento não é constituir família (na verdade, meu foco nunca foi esse), ter esses pequenos vislumbres de um romance que durava apenas um final de semana era o ponto alto do seu mês.

Eu achava que seria assim pra sempre e estava completamente satisfeita se esse fosse o caso.

Quem disse que só dá pra viver um romance se ele for igual nos livros, filmes, séries e novelas que tratam o assunto?

Mesmo assim, nunca descartei a possibilidade de me apaixonar. Ah, não mesmo. Eu já até namorei, relacionamentos curtos, que na sua grande maioria não prosseguiam só por falta daquilo.

Amor.

Química, tesão e paixão, essas coisas não faltavam nos amantes que colecionei até meus vinte e oito anos.

Agora amor...

O bom de se sentir autossuficiente é que a busca por uma paixão, por um possível marido ou esposa, com quem eu pudesse casar e ter meus filhos, nunca foi prioridade.

E não é agora.

Passar pela experiência desse romance com Loki tem sido uma descoberta nova a cada dia, tanto em relação a ele, quanto em relação a mim mesma.

Por mais que as vezes eu não me reconheça, principalmente quando tomo atitudes que antes de conhece-lo eu não tomaria, acho válido e justo dizer que, pelo menos uma vez na vida, eu estava me entregando de corpo, coração e alma para outra pessoa.

Corrigindo, para outras pessoas.

A promessa de um futuro não existia, mesmo Loki já tendo dito que quer me levar para Asgard. E não interpretei isso como uma afirmação de compromisso, mas sim como algo tão íntimo como quando seus amigos de infância tem tanta liberdade a ponto de abrir a geladeira de sua casa sem pedir permissão e nem mesmo se constrangerem por isso.

É uma sensação de familiaridade.

E cogitar perder o que temos, me machuca.

Só não machuca tanto quanto a possibilidade de que algum de nós, nisso eu incluo Loki Bucky e eu, saímos feridos daqui.

Não me arrependo de ter cedido àquela atração que sinto desde que conheci o soldado, mas me arrependo como tudo aconteceu. Sem conversar antes, sem esclarecer nada, nós três tão inundados de desejo que ninguém pensou nas consequências de nos render a ele.

Two Passions, One LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora