Capítulo 66

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Aviso: conteúdo sensível, agressão, violência, ferimentos, dor e choque (não o elétrico, mas sim estado de choque).

Ana Schmidt

Meu pai que me levou para o primeiro stand de tiro, quando ainda morava no Maine, acho que eu devia ter por volta de dezesseis anos. Lembro de ter ficado com as palmas das mãos machucadas, porque precisava segurar com firmeza a pistola e minhas unhas estavam grandes. Mas foi divertido, apesar do barulho ter me assustado de início, foi um programa legal.

Depois disso, passei a frequentar quase semanalmente o stand com meu pai e depois, quando fiz dezoito e fui para Nova Iorque, não toquei em uma arma até precisar, digo, até me formar e ir morar sozinha. Só que nunca, de fato, precisei atirar, não para me defender.

Não até me envolver nessa confusão toda.

Assustador pensar que em menos de um ano, eu tinha assumido o maior caso da minha vida, que era o de Loki, virado amiga do Capitão América, entrado nessa missão maluca para salvar seu melhor amigo, me apaixonado pelo próprio deus da mentira, me apaixonado pelo Bucky, me mudado para o Arizona, pintado meu cabelo de ruivo, assumido um relacionamento a três e ainda assim, nesse tempo todo, não tinha tirado minhas cutículas.

Sério, se eu conseguir sair viva depois dessa, vou me enfiar num spa e passar, pelo menos, uma semana fazendo tratamentos de beleza.

Pensei nisso porque minhas mãos foram as primeiras coisas que vi assim que abri os olhos. Estava jogada num canto daquela mesma sala e tiros estouravam meus ouvidos. Por isso lembrei daquele dia, quando fui para o stand com meu pai. Engraçado, mesmo trabalhando em uma instituição de segurança, nunca tinha ouvido uma arma disparar sem os abafadores, pelo menos não de tão perto. E digo, o barulho é alto, bem alto.

Minhas algemas estavam abertas, então as tirei e tentei me levantar. Mas logo uma dor no estômago apontou, me fazendo encolher.

— Ela está viva? -Ouvi uma voz conhecida gritar.

— Está, mas não por muito tempo. -Outra respondeu.

Pressionei o ferimento na barriga, para estancar o sangue, mas sem força, não consegui por muito tempo.

"Ana, fica acordada." Loki falou na minha mente.

"Seu plano envolvia eu levar um tiro?" Perguntei com ironia.

Ele não respondeu.

Me encolhi mais ainda contra a parede gelada e forcei meus olhos a ficarem abertos. Era a mesma sala de antes, mas agora as máquinas onde Bucky estava sentado, estavam reviradas e ele trocava tiros com os guardas.

— Pega ela, tira ela daqui. -Ele gritou para alguém próximo.

Só então percebi, que posicionado na frente de Bucky, um escudo azul e vermelho estava erguido, protegendo os dois dos tiros.

"Seu plano também envolvia trazer o Capitão América?" Voltei a perguntar para Loki.

Ele não respondeu.

Vi Steve tentar avançar contra os guardas, mas era meio difícil. Nem quis saber como ele entrou aqui, mas aposto que não estava sozinho.

— Tira ela, eu me viro! -Bucky falou.

— Eu tô bem! -Falei para eles.

"Você não está bem." Loki resmungou na minha cabeça.

Tentei me levantar, mas acabei escorregando e cai no chão.

Two Passions, One LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora