Two Passions, One Love

Capítulo 75

Ana Schmidt

— Qual graça vocês vêem nisso? -Loki perguntou esfregando os olhos.

Ele nunca entenderia o motivo de Bucky e eu acordarmos cedo só para correr. Claro que não, Loki não precisava fazer exercícios para se manter em forma, porque ele é um deus, Bucky e eu meros mortais. Digo, eu sou uma mortal comum, pois duvido muito que Bucky precise de exercícios frequentes para manter o tanquinho dele.

— Por que não vem com a gente? -James perguntou, enquanto amarrava o cadarço.

— Nunca. -E se jogou na cama de novo.

Olhei para o soldado, que apenas deu de ombros e se levantou em seguida, devidamente arrumado no seu conjunto de moletom, mas dessa vez sem luvas. Eu usava roupas de ginástica, legging e regata, mas joguei um casaco leve por cima porque estava frio. Nós saímos em silêncio, apagando a luz para que Loki pudesse voltar a dormir.

— Ele nunca faz exercícios. -Bucky comentou quando estávamos no elevador.

— Ele não precisa.

A resposta parece ter bastado por enquanto.

Mal tinha clareado e estávamos lá, na calçada, nos alongando. Era legal manter essa rotina com Bucky, pois nesses momentos, nós nos conectávamos bem, tinha paz, reflexão e também um pouco de admiração. Desde que nos conhecemos foi assim, então manter essa parte era essencial para minha mente entender que tudo estava acontecendo como devia acontecer.

Loki, Bucky e eu temos conexão, isso é nítido em momentos que estamos os três juntos, seja vendo um filme, jantando, dormindo, fazendo outras coisas. Mas, as relações individuais também existem, assim como Loki e eu temos longas conversas, Bucky e ele passam o dia juntos fazendo sei lá o que, eu e Bucky também compartilhamos desses momentos a sós. E era bom, tão bom que eu acordava animada de manhã, mesmo que num dia frio como esse.

— Acho que até semana que vem começa a nevar. -Comentei, olhando para o céu fechado.

— Eu espero que sim. -Ele respondeu, esticando as costas. - Faz anos que não vejo a neve.

Eu sorri fraco pelo comentário, justamente por saber os motivos por trás daquilo. Mas não deixei ele notar meu constrangimento, pois desviei o olhar e continuei me alongando.

— Será que Steve aparece hoje? -Perguntei de repente.

Seria hoje a apresentação sobre bom comportamento e educação, Steve havia prometido tentar ir. Eu não cobraria nada dele, nem poderia, afinal, ele é um vingador e eu apenas eu. Mas ainda tinha esperanças, principalmente porque foi Bucky que pediu a ele.

— Acho que sim. -O soldado respondeu. - Pronta?

Ele indicou a calçada que geralmente corríamos e começou a caminhar por ela, lhe segui até um ponto e depois começamos a correr. Bucky sempre era mais rápido, só que ele tentava ser paciente e não ultrapassar muito a velocidade, apenas para não me perder de vista.

Após duas voltas no quarteirão, eu me encontrava ofegante, sentada nas escadas da entrada do prédio, esperando Bucky terminar a terceira. Não forçava muito, porque teria que começar um dia cheio de trabalho, coordenar um evento de gincanas e caso Steve não aparecesse, eu teria que me virar nos trinta para dar essa maldita palestra.

Com o sangue esfriando, acabei sentindo frio e abracei meu corpo. A brisa gelada de novembro me lembrava Dia de Ação de Graças, que lembrava família, que lembrava que fazia praticamente um ano que não falava com nenhum deles.

Fui tirada de meus pensamentos com Bucky terminando sua corrida e parando na minha frente, ofegante e também um pouco suado.

— Preciso cortar o cabelo. -Ele disse, jogando as mechas para trás.